Procurador da Lava Jato não se sentia 'confortável' com versão de Moro sobre Zucolotto
Carlos Fernando dos Santos Lima não queria divulgar nota em apoio a Moro, nem endossar totalmente a defesa que o então juiz fazia de seu amigo e advogado, acusado de intermediar negociações paralelas na Lava Jato em troca de pagamentos por meio de caixa dois

247 - O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou a colegas do Ministério Público Federal, em 2017, que não se sentia "confortável" em endossar "totalmente" a defesa que Sérgio Moro fazia do amigo Carlos Zucolotto Junior - o advogado trabalhista estava sendo acusado de intermediar negociações paralelas na Operação Lava Jato em troca de pagamentos por meio de caixa dois. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
Ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, que era investigado na Lava Jato, citou conversas entre ele e Zucolotto. Os diálogos envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que deveria ser paga em um acordo de delação premiada.
Segundo Tacla Duran, o dinheiro do caixa dois serviria para Zucolotto "cuidar" das pessoas que o ajudariam na negociação.
Moro defendeu Zucolotto. "O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me".
Segundo as conversas enviadas ao Supremo, Carlos Fernando mostrou aos colegas mensagem que enviara a Moro sobre uma reportagem da Folha com as acusações contra Zucolotto.
O procurador disse ao juiz que não queria divulgar nota alguma sobre o caso, a não ser que Moro pedisse.
"A princípio não íamos fazer nada, pois uma nota acaba gerando uma segunda onda de notícia. Que a [colunista da Folha] Mônica Bergamo ia publicar, não tinha dúvida. Da maneira como publicou fica claro que não foi adianta na tentativa de investigar os fatos", afirmou.
"Estamos monitorando as repercussões. Se a reportagem reverberar em outros órgãos de imprensa sérios, é o caso de posicionamento. Mas se você quiser que façamos nota, nós faremos hoje mesmo", disse.
Depois ele acrescentou: "Talvez seja o caso de fazermos uma nota, apesar de objetivamente não ser o caso, somente para dar suporte ao Moro".
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