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Quando quem comanda a Justiça Eleitoral passa a mão na cabeça de quem fez caixa 2

"As declarações de Gilmar confundem a mente de quem quer acreditar que o papel da Justiça Eleitoral é punir exemplarmente as ilegalidades que tenham comprometido qualquer eleição", diz reportagem do Jornal GGN; em entrevista à BBC Brasil, o presidente do TSE, "como em outras oportunidades, tentou aliviar o lado de Temer responsabilizando a cabeça da chapa, Dilma Rousseff, por eventuais abusos que venham a ser provados durante o julgamento da ação que visa a cassação da dupla eleita em 2014", aponta ainda o texto

"As declarações de Gilmar confundem a mente de quem quer acreditar que o papel da Justiça Eleitoral é punir exemplarmente as ilegalidades que tenham comprometido qualquer eleição", diz reportagem do Jornal GGN; em entrevista à BBC Brasil, o presidente do TSE, "como em outras oportunidades, tentou aliviar o lado de Temer responsabilizando a cabeça da chapa, Dilma Rousseff, por eventuais abusos que venham a ser provados durante o julgamento da ação que visa a cassação da dupla eleita em 2014", aponta ainda o texto (Foto: Gisele Federicce)
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Jornal GGN - A entrevista de Gilmar Mendes à BBC Brasil, publicada nesta sexta (10), provavelmente fez o leitor se perguntar se o presidente do Tribunal Superior Eleitoral não está se esforçando demais para ajudar a oposição ao PT a se livrar de qualquer responsabilização pessoal por uso de caixa 2 eleitoral.

Ao falar que o caixa 2 não teria outra finalidade a não ser a de mascarar uma doação "ingênua" que um empresário tenha feito à oposição de um governo ao qual está amarrado, desconsiderando eventuais casos de enriquecimento ilícito, Gilmar se comporta como uma mãe sem discernimento diante de uma violência grave praticada pelo filho contra um colega da escola. "Não foi por maldade", diria.

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As declarações de Gilmar confundem a mente de quem quer acreditar que o papel da Justiça Eleitoral é punir exemplarmente as ilegalidades que tenham comprometido qualquer eleição.

Disse o presidente do TSE que é "normal" que Michel Temer tenha pedido R$ 10 milhões à Odebrecht. Mas se pediu caixa 2 ou não, não importan. O que importante é saber se o dinheiro foi "vertido da Petrobras". Porque se foi, disse Gilmar, estaremos diante da prova irrefutável de que o PT - não Temer ou seu partido - "instalou uma clara cleptocracia no Brasil."

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Durante a entrevista, Gilmar, como em outras oportunidades, tentou aliviar o lado de Temer responsabilizando a cabeça da chapa, Dilma Rousseff, por eventuais abusos que venham a ser provados durante o julgamento da ação que visa a cassação da dupla eleita em 2014.

"Esse é um caso que está revestido de uma série de peculiaridades, como já apontei, inclusive uma delas é o fato de a presidente, que é a cabeça de chapa e aparentemente seria a responsável por todos esses abusos e excessos, não está mais aqui, no mundo da vida política. Portanto, isso também vai criar para o tribunal mais um desafio: separa ou não separa (a situação de Dilma da de Temer)? Qual vai ser a responsabilidade do vice?"

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Para Gilmar, Temer só será responsabilizado se aparecerem provas de que ele era "chave para a captação dos recursos" usados na campanha majoritária. Mas quanto ao uso do caixa 2, o presidente do TSE parece convencido de que a culpa é das empresas que "fazem essa opção".

Quando as perguntas são sobre o caixa 2 ter recheado bolsos de tucanos, Gilmar se sai com essa resposta: "Eu acho que nem o mais cândido dos ingênuos acredita que o candidato da oposição [como Aécio Neves] tinha a força atrativa dos candidatos da situação." Ou seja: pode ter tido caixa 2 para o PSDB, mas não importa, porque teriam sido modestos R$ 9 milhões só da Odebrecht, quando a empreiteira pode ter repassado 10 vezes mais ao PT.

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Gilmar ainda seguiu FHC na saga da "separação entre joio e trigo". "Agora o caixa 2 tem que ser desmistificado também. Necessariamente ele não significa um quadro de abuso de poder econômico."

"Por que um candidato de oposição vai pedir recurso no caixa 2? Isso talvez tenha mais lógica para a estratégia de quem doa. (...) Se eu distribuo recursos para a oposição e a situação, eu não quero que a situação, à qual estou vinculado, me cobre por estar apoiando a oposição", explicou Gilmar, desconsiderando que uma vez que os recursos não são registrados em lugar nenhum, nada impede que eles possam parar em contas pessoais e políticos de todos os cacifes, em paraísos fiscais.

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Leia mais: Políticos tentam passar a manta do caixa 2

Gilmar ainda cravou na entrevista que caixa 2 usado exclusivamente em campanha eleitoral é "irregularidade quase, vamos chamar assim, ingênua", pois "haverá coisas mais graves".

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Por "mais grave", ele deve querer dizer, inspirado em Deltan Dallagnol, da Lava Jato, o uso de empresas públicas para desviar recursos para campanhas e perpetuar o PT na presidência da República. "Propinocracia." Coisa que, segundo Gilmar, a oposição capitaneada pelo PSDB não teria qualquer condições de fazer, já que não participava do governo.

O presidente do TSE ainda disse esperar que, no fundo, essa ação que pode custar a cabeça de Temer lance luz sobre a construção da nossa democracia. Pois ele tem convicção de que "o PT e seus aliados levaram talvez ao radicalismo a ideia do centralismo democrático. Talvez graças a isso que se chegou a esse estado, porque é uma corrupção centralizada."

A jornalista da BBC chegou a perguntar se Gilmar não deveria se declarar suspeito para julgar a chapa Dilma-Temer - se não por implicar com o PT, pela amizade com Temer. A resposta foi não.

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