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Retrógrada, bancada ruralista nega aquecimento global

Ganham espaço na agenda da bancada ruralista posições 'negacionistas” dos efeitos da má gestão ambiental sobre o clima, uma visão contestada por cientistas

(Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT)
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Rede Brasil Atual Em meio ao desmatamento recorde na Amazônia, que Jair Bolsonaro (PSL) tenta ofuscar com seus ataques ao respeitado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento das florestas, os ruralistas se articulam em busca de dados que os absolvam de sua participação na alteração climática com a derrubada de florestas. E que ao mesmo tempo isentem o avanço de pastos e da monocultura. Uma espécie de propaganda para encobrir os efeitos nocivos da destruição ambiental sobre o clima.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), as florestas são aliadas no combate ao aquecimento global, absorvendo por ano cerca de 2 bilhões de toneladas de gás carbônico, um dos gases de efeito estufa. Mas quando desmatadas, transformam-se em motores do aquecimento global.

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A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado já autorizou a realização de um seminário para reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros contrários à tese do impacto da ação humana, por meio do desmatamento, mineração e outras atividades agressoras. E por tabela, contra o Acordo de Paris, pacto entre os países para combater o aumento da temperatura do planeta.

Seminário

Proposto pelo agropecuarista e senador Marcio Bittar (MDB-AC), da bancada ruralista, o seminário é desdobramento de uma audiência pública realizada em 28 de maio, que contou com a participação do climatologista Luiz Carlos Molion, professor da Universidade Federal de Alagoas, de Évora (Portugal) e de Western Michigan (Estados Unidos). E o geógrafo Ricardo Felício, da Universidade de São Paulo (USP). Clique aqui para acessar as notas taquigráficas da audiência.

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Molion afirma que a tese do aquecimento global é frágil e que serve mais a interesses geopolíticos e econômicos.  Candidato do PSL paulista à Câmara em 2018, obtendo apenas 11.163 (0,05% dos válidos), Felício diz que o aquecimento é “uma farsa”.

Embora haja pesquisas sérias e respeitadas, segundo Bittar, pode existir manipulação e falsificação de dados e resultados com o intuito de legitimar uma “agenda ideológica desconectada da realidade”. O parlamentar defende um amplo debate sobre o tema e que o Ministério das Relações Exteriores explicite o atual quadro das discussões, no âmbito dos órgãos internacionais competentes.

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Além dos dois nomes presentes à audiência pública, o requerimento do seminário traz ainda os do geólogo japonês Shigenori Maruyama, professor na Universidade Tecnológica de Tokyo e autor do livro Aquecimento Global?; do físico estadunidense Richard Lindzen, professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT), que já admitiu receber dinheiro da indústria do petróleo para dar palestras, e ex-colaborador do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Devem participar também o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, muito próximo dos ruralistas e distante dos direitos dos indígenas, e o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno. O general também acredita que os dados do desmatamento são “manipulados“.

Coalizão

Ainda sem data definida, o seminário que segundo o Senado vai ser realizado neste semestre terá uma forte concorrência: A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vão reunir no mesmo período diversos especialistas no tema.

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“A ideia é discutir, entre outras questões, para onde o país está indo do ponto de vista das mudanças climáticas e quais podem ser as consequências para a nossa sociedade. Mas fazer uma discussão realmente decente com cientistas. O formato do evento da ABC e da SBPC ainda não foi definido, mas será algo como um evento paralelo, para fazer o contraponto”, disse à RBA o físico Paulo Artaxo. Professor do Instituto de Física (IF) da USP e membro permanente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, ele tem se dedicado ao estudo da política ambiental e das mudanças climáticas.

Artaxo integra ainda a Coalizão Ciência e Sociedade. Trata-se de um movimento que une cientistas de todos os setores e de várias partes do país frente aos ataques desferidos pelo governo de Jair Bolsonaro contra a pesquisa, a ciência, a educação e a eles próprios. A estratégia é contrapor posicionamentos, leis e medidas socioambientais sem fundamentação científica que tem sido adotadas de janeiro para cá. Na prática, um observatório.

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Para o cientista, a pressão social é importante para conter retrocessos impostos pelo governo, especialmente na questão ambiental. No entanto, como Bolsonaro se mostra mais sensível aos interesses dos ruralistas do que da sociedade como um todo, é daí que devem vir mudanças de postura.“Quando o agronegócio começar a perceber que está sendo prejudicado pela própria degradação ambiental, e começar a fazer pressão, é que teremos mudança de mentalidade. A pressão do agronegócio será mais bem sucedida”.

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