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Valores da maçonaria são antifascistas, afirma Amir Saleh

Membro da Irmandade Progressista relata história maçônica, critica influência bolsonarista e defende resgate dos princípios originais

Amir Saleh (Foto: Reprodução)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (22/09), o jornalista Breno Altman entrevistou Amir Saleh, membro da Irmandade Progressista sobre a maçonaria.

Segundo ele, os valores da maçonaria são antifascistas e considera surpreendente que haja maçons que possam apoiar de alguma forma um regime e uma ideologia fascistas, como é o caso do governo Bolsonaro: “Não faz sentido”.

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Saleh explicou que predominam na maçonaria valores progressistas e evolucionistas, de modo que, embora haja maçons que apoiem Bolsonaro — como existiram aqueles que apoiaram a ditadura militar —, “é uma contradição”.

“A aglutinação de tendências conservadoras dentro da maçonaria começou durante o Estado Novo, com o movimento anticomunista, mas isso é contraditório aos próprios princípios da maçonaria. Se nós nos definimos como uma sociedade progressista, como ela pode ser conservadora e retrógrada? Como compactuar com o fascismo e o reacionarismo?”, ressaltou.

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Ele identificou como ponto de virada para a predominância de pensamentos conservadores entre os maçons brasileiros o golpe de 1964, devido à presença de militares na maçonaria. Com o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, esses membros voltaram a ganhar voz e se tornaram maioria, de modo que Saleh, junto com outros maçons, decidiram fundar, há cerca um ano, a Irmandade Progressista, “para servir de contraponto”.

A Irmandade não é uma loja, isto é, não é um núcleo de reunião de um grupo de maçons, pois uma loja precisa ter uma instituição jurídica, uma sede física, e o grupo é uma corrente nacional. “Nos organizamos para a produção de ideias que cada um vai levar para suas lojas, suas organizações e seu dia a dia para que elas se disseminem”, explicou.

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‘Maçonaria não é sociedade secreta’

As origens da maçonaria datam da Idade Média, contou Saleh, com sociedades de construtores que erguiam catedrais. Com o fim do feudalismo, essas sociedades foram se transformando, aceitando pessoas de outras profissões e classes sociais, sobretudo a burguesia e a nobreza. No entanto, a maçonaria só se constituiu como instituição na época do iluminismo. O objetivo era que “livres pensadores” se reunissem para o desenvolvimento próprio por meio da aquisição de conhecimentos em filosofia e até esoterismo.

“É importante perceber que uma sociedade que se define dessa forma é ideal para que nela sejam discutidas revoluções e alterações da ordem vigente. Várias lideranças da Revolução Francesa e de movimentos revolucionários no Brasil eram maçons”, apontou.

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Devido a seu desenvolvimento e fortalecimento, a maçonaria teve uma relação complicada com a igreja católica, relembrou Saleh, “não por uma questão religiosa, apesar de alguns maçons terem sido excomungados, até porque a maçonaria não é uma religião, mas porque se mostrou uma organização com capacidade de rivalizar com a igreja em termos de organização de pessoas”.

No Brasil, as lojas maçônicas se fortaleceram quando a corte portuguesa chegou. A primeira loja a ser fundada foi a "Cavaleiros da Luz", na Bahia, em 1777. A loja "O Grande Oriente do Brasil", a maior até hoje, foi fundada em 1822. Apesar de sua larga história, pouco dela é conhecido, já que vários documentos foram perdidos e outros permanecem confidenciais, como reconheceu Saleh. Por causa disso, no imaginário público, a maçonaria é vista como uma sociedade secreta.

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“A maçonaria não é uma sociedade secreta. Os edifícios não são secretos, têm CNPJ, estão registrados na Receita Federal, ninguém se esconde quando vai entrar numa loja. A maçonaria é uma sociedade de pessoas, existe essa ideia de ser uma sociedade secreta porque o que os maçons discutem nas suas reuniões diz respeito aos maçons que ali estão. Para que a gente teria uma sociedade se depois divulgasse tudo ao público?”, discorreu.

Da mesma forma, Saleh afirmou que a maçonaria não é uma sociedade esotérica, por mais que o esoterismo possa estar presente mais ou menos em certas lojas. “Acho que essa crença se dá porque usamos muito símbolos nos nossos ensinamentos e transmissão da nossa filosofia”, disse.

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De acordo com Saleh, para entrar na maçonaria uma pessoa “não precisa ter uma religião, pode ser agnóstico, mas é preciso admitir um princípio criador. Um ateu não só não acredita nisso, como acha absurdo que outras pessoas admitam um princípio criador”.

Também são aceitas pessoas de todas as raças, orientações sexuais e gêneros: “Existem lojas só para membros homens, mistas e só para mulheres. Com relação a pessoas LGBT, não existe homofobia a nível institucional, mas existe homofobia dentro da maçonaria, por parte de membros individuais”.

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