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Weintraub transforma universidades em bancas de camelô, diz Fernando Brito

O projeto de financiamento privado das universidades federais, anunciado com pompa pelo cidadão que responde pelo Ministério da Educação é uma deformação completa do que são os mecanismos que fazem a supostamente ideal fórmula norte-americana para ampliar a pesquisa e desenvolvimento, diz o editor do Tijolaço

(Foto: Divulgação)
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Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – O projeto de financiamento privado das universidades federais, anunciado com pompa pelo cidadão que responde pelo Ministério da Educação é uma deformação completa do que são os mecanismos que fazem a supostamente ideal fórmula norte-americana para ampliar a pesquisa e desenvolvimento.

Primeiro, é uma mentira grosseira que sejam as empresas quem financiem a maior parte das pesquisas por lá. Longe disso.

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Segundo as estatísticas oficiais do, notem bem, governo Donald Trump, dos US$ 75,3 bilhões investidos em Pesquisa (Research, para eles) e Desenvolvimento nas principais unidades de ensino superior – as que tiveram gastos no setor acima de US$ 1 milhão, que representam 99,8% do gasto – US$ 40,3 bilhões vieram do Governo Federal, US$ 4,25 bi de governos estaduais e municipais e quase US$ 19 bilhões de fundos próprios das instituições (o que inclui mensalidades, taxas, doações recebidas e outras receitas).

Isso dá nada menos que 84% do financiamento de pesquisa e desenvolvimento total no ano fiscal de 2017 – que foi até setembro passado. E já foi mais, porque o pai do amigo do pai “dele” vem cortando estes fundos.

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As empresas participaram com US$ 4,43 bi e instituições sem fins lucrativos com US$ 5,13 bilhões.

Muita gente pensa que é diferente, porque de notícias o que temos são, volta e meia, milionários doando recursos expressivos a uma ou outra instituição universitária. Muito bom, mas isso só faz cócegas.

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Ainda que imaginássemos que os capitalistas industriais brasileiros (sobrou algum?) se convertessem ao padrão americano, isso representaria valores pífios para um país que, de fato, que ser produtor de conhecimento e tecnologia.

A “genial” ideia de aplicar uma “Lei Rouanet” no financiamento universitário fica entre a bobagem e a picaretagem. Explico: os recursos aplicados via Lei Rouanet são deduzidos dos impostos que as empresas têm de pagar aos governos e, portanto, é dinheiro que é, essencialmente, público ou está em vias de ser, caso seja recolhido como imposto.

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Mas, é claro, vai nascer uma camada espetacular de “captadores”, espertos que farão a conexão entre universidade e empresa, por uma boa comissão, é claro, a ser embolsada.

Por último, apostar que a montagem de “startups” possa ser o caminho do desenvolvimento científico e tecnológico é uma bobagem sem tamanho.

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Claro que a formação de novas empresas é importante e a as universidades brasileiras criaram incubadoras de iniciativas inovadoras desde os anos 70 para 80. Mas elas desenvolvem aplicações de conhecimento, não – em geral – conhecimento puro, que sirva de fundamento às aplicações de ponta.

Na estatística dos EUA, dois terços dos recursos federais vai para a pesquisa básica e só um para a aplicada e para o desenvolvimento experimental.

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As ‘startups’ por sua própria natureza, têm uma alta taxa de mortalidade (um quarto delas fecha com menos de um ano e metade fecha com menos de 4, segundo a Fundação Dom Cabral, em pesquisa realizada antes da crise econômica.

Além do mais, uma universidade não é uma banca de camelô, não é lugar para quem vai, como alguns notórios, atrás de “palestras que já renderam “400 k”.

Ela é a afirmação simultânea de indivíduo e povo, de carreira e nação.

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