CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Cultura

"Direito a cultura está na Constituição, e o artista é quem faz com que esse direito se materialize", diz Maria Marighella

Nova presidente da Funarte, Maria Marighella diz que a instituição "deve ir cedendo da ideia de ser gestora de equipamentos para ampliar sua capacidade de articulação"

Maria Marighella (Foto: Assessoria/Aju Paraguassu)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Nova presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Maria Marighella falou ao jornal O Globo sobre o que projeta para a instituição, tudo resumido na palavra "refundação".

"Quem não sabe o que procura não reconhece o que acha. Para construir um futuro, é preciso ir ao fundo da violação sofrida pela Funarte e de sua missão institucional, do que significa promover política pública e das questões que geraram injustiças no passado", explicou. Ela é vereadora licenciada de Salvador (Psol-BA) e ex-coordenadora de teatro da Funarte (2015 e 2016). "É preciso recuperar o prestígio institucional e revisitar a memória da Funarte. Que história podemos contar dela? Se o futuro é ancestral, como afirma o pensador Ailton Krenak, não podemos projetá-la para frente sem proteger seu acervo e sua história, sem estabelecer essa memória, e a Funarte fará 50 anos em 2025".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para Maria Marighella, a Funarte precisa assumir um papel mais amplo de articulação. "Sem abrir mão de nada que foi construído até aqui, acho que a Funarte deve ir cedendo da ideia de ser gestora de equipamentos para ampliar sua capacidade de articulação com outros entes em todo o território nacional. Ela deve executar apenas as políticas que só ela é capaz de realizar. (...) Muitas vezes, União, estados e municípios fazem a mesma coisa em termos de fomento, produção e editais, e há ausências muito severas, como uma política de internacionalização das artes e de proteção dos acervos".

Ela também falou sobre o papel dos artistas:  "quando a gestão de Gilberto Gil (2003 a 2008) ampliou o conceito de cultura para sua dimensão antropológica, o que acho um acerto, foi possível dar conta da diversidade e da complexidade do Brasil, mas, ao mesmo tempo, as artes se ressentiram porque não foram formuladas políticas para elas. Isso passa também pela recuperação da autoestima dos artistas e pelo reconhecimento das artes como um campo de trabalho. O direito a cultura está na Constituição, e o artista é o trabalhador que faz com que esse direito se materialize em todo o país".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A nova presidente garantiu cuidado máximo com o acervo da Funarte. "Defendo radicalmente o retorno da Funarte ao [Palácio Gustavo] Capanema. É um marco na memória da instituição, do Centro do Rio e do país. E todos nós sabemos os prejuízos causados aos centros urbanos quando um equipamento cultural importante sai de cena. O Capanema está em reforma, mas tenho notícias de que os recursos para finalizá-la estão garantidos. O país teve perdas incalculáveis com os incêndios no Museu Nacional e na Cinemateca Brasileira; não seremos negligentes com o acervo da Funarte".

Neta do escritor, político e guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), assassinado pela ditadura militar em 1969, a presidente da Funarte ainda falou do filme sobre seu avô, dirigido por Wagner Moura: "o filme atravessou os marcos políticos recentes do país, de 2013 a 2022. À medida que se tornava mais difícil realizá-lo, ele foi se transformando em um documento do entulho autoritário que o Brasil ainda precisa superar. É importante falarmos sobre isso para sabermos o que está em jogo, quais os riscos que enfrentamos quando há retrocesso democrático. No país do 01, 02, 04 é uma alegria ter o sobrenome Marighella. Meu avô foi uma voz contra a brutalidade. É uma honra ser fruto dessa raiz boa do Brasil".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO