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Cultura

Juliana Ribeiro: “aos 12 anos, o segurança do shopping me acusou de roubo apenas por eu ser preta”

Cantora e compositora baiana, que está lançando o seu novo CD “Preta Brasileira – Estúdio ao vivo”, participou do programa Um Tom de resistência na TV 247. A segunda convidada foi a empresária carioca Carolina Valverde, criadora do projeto “Alimente a quem tem fome”, que distribui comida a pessoas em situação de rua durante a pandemia. Assista

Juliana Ribeiro (Foto: Divulgação)
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247 - A última edição do programa “Um Tom de resistência”, apresentado por Ricardo Nêggo Tom na TV 247, recebeu duas mulheres importantes para o momento atual e tratou de dois temas significativos e alarmantes para o debate: a população que passa fome em meio à pandemia e a generosidade de alguns brasileiros para amenizar esse problema, num papo com a empresária Carolina Valverde, e racismo e produção cultural com a cantora e compositora baiana Juliana Ribeiro.

O primeiro bloco contou com Carolina Valverde, sócia proprietária do buffet Gêd Eventos, no Rio de Janeiro. Mesmo com a crise no setor, em função da pandemia, ela criou uma ação social para alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade social. “No início da pandemia todos os nossos eventos foram cancelados, e nós ficamos meio sem saber como lidar com esses cancelamentos e sem nenhuma previsão de retorno. Assistindo à televisão, começamos a ver várias matérias sobre gente passando fome. Muita gente nas ruas passando fome, comércio fechado e alguns moradores de rua que tinham esses comércios como fonte de alimentação não teriam mais”, explica Carolina.

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A ação que começou com a distribuição de 25 quentinhas por dia ganhou corpo com a participação de outros voluntários que aderiram à causa. “Diante da situação, pensamos o que poderíamos fazer para ajudar, e decidimos distribuir quentinhas nas ruas. Começamos ‘pequenininho’, eu e meu sócio Eduardo Castro, colocamos no carro 25 quentinhas e saímos para distribuir. Pedimos ajuda a amigos, porque em função dos cancelamentos dos nossos eventos, não tem como manter um projeto como esse financeiramente. Muita gente se juntou a nós com ajuda e doações e, de 25 quentinhas por dia, passou para 50, 100. E, até o dia de hoje, o projeto que começou no dia 27 de março de 2020 já distribuiu mais de 19 mil refeições para as pessoas em situação de rua”, comemora a empresária.

Carolina também criticou a postura de pessoas públicas como o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, Bia Doria, esposa do Governador de São Paulo, João Doria, e da socialite Val Marchiori, que já aconselharam a população a não oferecer comida a quem estivesse em situação de rua. Para ela, “cada um oferece aquilo que tem e esse tipo de gente não tem nada para oferecer. Esse tipo de ação, tanto por parte daquelas duas senhoras, como desse senhor que eu não gosto nem de citar o nome, me causam vergonha. Como alguém que se diz ser humano pode ter uma atitude como essa?”.

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Música e racismo

No segundo bloco, a entrevistada foi Juliana Ribeiro. A artista baiana, que é formada em História, começou falando sobre o seu início de carreira, suas referências musicais e revelou ter se inspirado em Rita Lee ainda quando criança.

“As minhas referências são múltiplas, de verdade. Hoje em dia isso ficou mais claro para mim. Música preta popular do mundo é uma referência. Mas isso não quer dizer que Bach e Beethoven também não sejam. Agora, tem duas mulheres que me ‘calçam’ muito. A primeira referência feminina que eu tive foi a Rita Lee. Eu tinha quatro anos de idade quando eu vi aquela mulher cantando com o cabelo vermelho, eu falava: ‘caramba!’. Eu não sabia que isso era possível. Eu não sabia que uma mulher podia estar na televisão defendendo uma ideia própria. Isso para mim foi impactante. Eu tinha quatro anos de idade e a chamava de minha melhor amiga. Eu tinha altos papos com a Rita Lee pela televisão”, diverte-se Juliana.

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Clementina de Jesus foi a outra mulher que, segundo a cantora, influenciou sua carreira. “Clementina de Jesus é uma figura que ficou no meu coração. Há cinco anos eu faço um tributo a ela aqui na Bahia, junto com outros artistas. Ela se tornou uma referência de algo que a gente fala, mas que ela materializa. Ela é o link entre essa África diaspórica e esse mundo contemporâneo. Ela era genial.” 

Juliana também falou sobre racismo e lembrou uma situação vivida na infância. “Eu passei por várias situações de racismo. Mas quando eu tinha 12 anos, eu fui ao shopping com uma amiga branca e loira. Eu entrei numa loja de departamento, e nessa loja a gente foi ao provador experimentar uma roupa. Quando eu saio da loja, tinha um segurança na porta dizendo que eu tinha roubado o short que estava no meu corpo. Me lembro que segurei muito para não chorar na hora, mas depois eu desabei. Entendo que aquilo tudo foi apenas por eu ser preta”, conta ela.

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