Marina de La Riva lança novo álbum entre Brasil e Cuba

Lucas Reginato _247 - Marina de La Riva chega com fôlego ao lançamento de seu segundo disco, batizado como Idílio. A cantora não fugiu dos rótulos que lhe foram impostos desde 2007, quando estreou como intérprete em seu primeiro álbum solo – pelo contrário, aceitou-os e flutuou na tentativa de explorar e expandir ao máximo as fronteiras impostas pela categorização.

Se a artista ficou conhecida como o elo entre Brasil e Cuba no seu CD de estreia, tal característica se sustenta na continuação de sua carreira. Em algumas faixas canta em português, em outras, espanhol – o idioma não se impõe como barreira, dando às vezes a impressão de que sua escolha foi apenas para manter-se fiel à tradição e às canções originais (nos casos de regravação). Ausência, por exemplo, regravação da poesia de Vinicius de Moraes, na voz de Marina, poderia perfeitamente ser uma canção cubana não fosse a letra lusófona do Poetinha.

A dramaticidade, neste segundo álbum, está aflorada em canções sofridas, que fogem da noção clássica da música latina festeira e caliente. Em alguns momentos, ainda, revela sua origem brasileira. Juracy, regravação ad original de Antônio de Almeida e Cyro de Souza, ou Deixa que Amanheça, de Emilinha Borba, apresentam um pandeiro e sopros do Rio de Janeiro, embora a batida do samba por vezes se confunda com a rumba cubana.

Apropriadamente, a canção que dá nome ao álbum é uma síntese da mistura entre as flautas cariocas e o trompete de Havana. Se busca explorar o máximo de cada herança cultural – brasileira e cubana – Marina de La Riva acaba ficando próxima à exploração dos clichês que as décadas de tradição construíram. Por ora, entretanto, a cantora consegue fugir deles, e gravar um segundo álbum original e autêntico.