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Cultura

Morre o poeta Thiago de Mello, 95, autor de Canto Geral, Estatutos do Homem e vasta obra

O escritor e biógrafo Fernando Morais lamentou a morte do poeta amazonense Thiago de Mello nas redes sociais

Thiago de Mello (Foto: André Argolo/Divulgação)
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247 - A morte do poeta, tradutor e ensaísta amazonense Thiago de Mello, que faleceu de causas naturais na manhã desta sexta-feira (14), aos 95 anos, foi lamentada em todo o Brasil. Entre os que prestaram homenagem ao autor de poemas como “os Estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)"), escrito logo após o golpe militar de 1964, e de versos como "Faz escuro, mas eu canto, / Porque a manhã vai chegar", está o escritor e biógrafo Fernando Morais. 

“Morreu hoje aos 95 anos o poeta Thiago de Mello, uma das maiores expressões da poesia brasileira. Thiago vivia há décadas em Barreirinhas, no Amazonas, em uma casa-palafita projetada por Lúcio Costa, um dos criadores de Brasília. Publicado em dezenas de idiomas, ficamos amigos há sessenta anos, unidos pelas mãos do poeta cubano Roberto Fernandez Retamar. Além de toda a obra, Thiago se celebrizou internacionalmente por “Faz escuro mas eu canto”, trecho de seu poema “Madrugada camponesa”, transcrito abaixo. Na foto, em um dos prêmios Casa de las Américas, em Cuba, aparecem Thiago, a mediadora do debate, Darcy Ribeiro e eu”, postou Morais.

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Mello, conhecido como o “poeta da floresta” por sua defesa da Amazônia, também foi alvo de diversas ameaças de morte após denunciar as atividades ilegais da madeireira holandesa EcoBrasil Holanda-Andirá na região, em 2017. 

Thiago de Mello também exerceu o cargo de adido cultural no Chile no período que antecedeu o golpe militar de 1964. Ele renunciou ao posto pouco após o golpe ser consumado no Brasil. 

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"Com a morte de Thiago de Mello o Brasil perde mais um de seus grandes artistas. Símbolo extraordinário de intelectual, que com características e estilo próprios, foi único e universal. Perdemos um admirável cronista do Brasil e da Amazônia, que tanto amava", escreveu o ex-presidente José Sarney, maranhense e poeta como Thiago de Mello. Os dois eram amigos e foram contemporâneos.

Confira a postagem de Fernando Morais sobre o assunto. 

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Leia o poema Madrugada Camponesa, de Thiago de Mello.

Madrugada camponesa,

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faz escuro ainda no chão,

mas é preciso plantar.

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A noite já foi mais noite,

a manhã já vai chegar.

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Não vale mais a canção

feita de medo e arremedo

para enganar solidão.

Agora vale a verdade

cantada simples e sempre,

agora vale a alegria

que se constrói dia a dia

feita de canto e de pão.

Breve há de ser (sinto no ar)

tempo de trigo maduro.

Vai ser tempo de ceifar.

Já se levantam prodígios,

chuva azul no milharal,

estala em flor o feijão,

um leite novo minando

no meu longe seringal.

Já é quase tempo de amor.

Colho um sol que arde no chão,

lavro a luz dentro da cana,

minha alma no seu pendão.

Madrugada camponesa.

Faz escuro (já nem tanto),

vale a pena trabalhar.

Faz escuro mas eu canto

porque a manhã vai chegar.

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