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Cultura

Pedro Cardoso sobre ataque ao Porta dos Fundos: “Palavras podem ofender. Bombas matam”

"Eu não vi o Jesus gay do Porta. Mas não se justifica por razão alguma que a palavra - por mais ofensiva que a se considere - seja rebatida com uma bomba", afirmou o ator Pedro Cardoso sobre o ataque à produtora do canal Porta dos Fundos. O artista também criticou o deputado Marco Feliciano

(Foto: Reprodução)
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247 - O ator Pedro Cardoso repudiou o ataque contra a sede da produtora do canal Porta dos Fundos, que fez um especial de Natal da Netflix com Jesus Cristo retratado como homossexual. 

"Eu não vi o Jesus gay do Porta. Mas não se justifica por razão alguma que a palavra - por mais ofensiva que a se considere - seja rebatida com uma bomba. A civilidade impõe a palavra como a única arma admitida no debate das ideias. Palavras podem magoar, ofender, agredir; mas não tiram a vida. Bombas matam", afirmou o artista no Instagram.

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Na rede social, Cardoso também criticou a entrevista concedida pelo deputado federal Pastor Marco Feliciano (sem partido-SP) à BBC Brasil, na qual ele afirma que "vamos compartilhar essa guerra", em referência à esquerda e aos oposicionistas dela.

"E ainda faz ameaça dissimulada de esperança: 'espero que não vá para vias de fato'. Mas as vias de fato, como o ataque ao Porta, é tudo o que ele espera e para o quê ele convida seus iguais", diz o ator. "E Marco se anuncia uma vítima da história e constrói a narrativa do rancor que autoriza a guerra q lhe dá prazer porque lhe traz vingança; vingança contra as elites que os desprezaram e que eles agora querem ser".

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Leia a íntegra da postagem: 

Bom dia. Sugiro entrevista com Marco Feliciano, empregado nosso do tipo deputado, na BBC News Brasil. Acho que ela ajuda a pensar as possíveis razões de a sede do Porta dos Fundos ter sofrido um ataque terrorista. Marco alega ter sido vítima do que ele chama “esquerdas” e avisa que “vamos compartilhar essa guerra” pelos próximos 20 anos. Marco chama de guerra o que deveria ser a política e usa o verbo compartilhar. Acho revelador os termos que ele emprega. Guerra não se compartilha!; se luta. 

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Compartilhar é dividir, repartir, comungar - uma ideia de união. Ao dizer que “compartilharemos uma guerra”, o nosso empregado expõe sua empatia com a guerra, e não com seus adversários. A guerra, ele a quer dividir, em êxtase de prazer macabro, com os seus afins. Diz que compartilhará conosco mas o que diz por dentro do que disse é que compartilhará com os dele. E ainda faz ameaça dissimulada de esperança: “espero que não vá para vias de fato”. Mas as vias de fato, como o ataque ao Porta, é tudo o que ele espera e para o quê ele convida seus iguais. E Marco se anuncia uma vítima da história e constrói a narrativa do rancor que autoriza a guerra q lhe dá prazer porque lhe traz vingança; vingança contra as elites que os desprezaram e que eles agora querem ser. 

Tudo q o projeto messiânico deseja é guerrear. Eles estão armados, fundando “soldados de cristo” com lógica militar, resgatando ídolos torturadores, elegendo-se deputados anti-democratas. Quem ainda pensa que votando em Messias votou apenas contra o PT dos seus pesadelos, está a se enganar por medo de enfrentar o que fez por força da fobia de pobre da qual sofre.

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Eu não vi o Jesus gay do Porta. Mas não se justifica por razão alguma que a palavra - por mais ofensiva que a se considere - seja rebatida com uma bomba. A civilidade impõe a palavra como a única arma admitida no debate das ideias. Palavras podem magoar, ofender, agredir; mas não tiram a vida. Bombas matam. Quantas ofensas têm sido ditas a nós artistas por messias, felicianos, ventraubes e cia? E nós, o que temos feito em resposta? Piadas, músicas, teatro, coros de carnaval, palavras de ordem, quando muito. Bombas, tiros, socos? Nunca. Só palavras.

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Bom dia. Sugiro entrevista com Marco Feliciano, empregado nosso do tipo deputado, na BBC News Brasil. Acho que ela ajuda a pensar as possíveis razões de a sede do Porta dos Fundos ter sofrido um ataque terrorista. Marco alega ter sido vítima do que ele chama “esquerdas” e avisa que “vamos compartilhar essa guerra” pelos próximos 20 anos. Marco chama de guerra o que deveria ser a política e usa o verbo compartilhar. Acho revelador os termos que ele emprega. Guerra não se compartilha!; se luta. Compartilhar é dividir, repartir, comungar - uma ideia de união. Ao dizer que “compartilharemos uma guerra”, o nosso empregado expõe sua empatia com a guerra, e não com seus adversários. A guerra, ele a quer dividir, em êxtase de prazer macabro, com os seus afins. Diz que compartilhará conosco mas o que diz por dentro do que disse é que compartilhará com os dele. E ainda faz ameaça dissimulada de esperança: “espero que não vá para vias de fato”. Mas as vias de fato, como o ataque ao Porta, é tudo o que ele espera e para o quê ele convida seus iguais. E Marco se anuncia uma vítima da história e constrói a narrativa do rancor que autoriza a guerra q lhe dá prazer porque lhe traz vingança; vingança contra as elites que os desprezaram e que eles agora querem ser. Tudo q o projeto messiânico deseja é guerrear. Eles estão armados, fundando “soldados de cristo” com lógica militar, resgatando ídolos torturadores, elegendo-se deputados anti-democratas. Quem ainda pensa que votando em Messias votou apenas contra o PT dos seus pesadelos, está a se enganar por medo de enfrentar o que fez por força da fobia de pobre da qual sofre. Eu não vi o Jesus gay do Porta. Mas não se justifica por razão alguma que a palavra - por mais ofensiva que a se considere - seja rebatida com uma bomba. A civilidade impõe a palavra como a única arma admitida no debate das ideias. Palavras podem magoar, ofender, agredir; mas não tiram a vida. Bombas matam. Quantas ofensas têm sido ditas a nós artistas por messias, felicianos, ventraubes e cia? E nós, o que temos feito em resposta? Piadas, músicas, teatro, coros de carnaval, palavras de ordem, quando muito. Bombas, tiros, socos? Nunca. Só palavras.

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