CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Cultura

Tela gigante de artista paraibano eterniza o golpe de 2016

Com mais de 50 anos de carreira, o artista plástico paraibano Flávio Tavares pintou um painel em óleo sobre tela, de três metros, contando a tragédia brasileira que culminou no golpe de 2016 e seus desdobramentos; painel tem algumas cenas importantes que se isolam e dialogam entre si como o "Banquete dos Poderosos", com a presença de Temer e várias figuras do judiciário, em especial o juiz Sérgio Moro

Tela gigante de artista paraibano eterniza o golpe de 2016 (Foto: Facebook/Flávio Tavares)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Cida Alves, Brasil de FatoQuantas vezes a realidade é mais pitoresca ou terrificante que os sonhos e a fantasia? À pergunta que atravessa séculos, cabe aos artistas, que catalisam as tragédias humanas e as apresentam pelo seu próprio prisma.

Flávio Tavares, artista plástico paraibano, expôs no Sesc em João Pessoa (dia 27), um painel em óleo sobre tela, de três metros, contando a tragédia brasileira que culminou no Golpe e seus desdobramentos. Segundo o pintor "é uma carnavalização da linguagem gráfica, aonde eu pego todo o momento, o que eu senti pelo assassinato de Marielle, com essa figura bebendo água, greco-romana, no Rio Lete, o Rio do Esquecimento, e que tem o Hades, quer dizer o inferno grego da Divina Comédia, com Caronte no barco, e a luz ainda iluminando essa sessão de tortura da Dilma."

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ele ressalta que a tortura da ex-presidente, na sua juventude, foi esquecida, assim como a morte da vereadora Marielle Franco já está caindo no Rio do Esquecimento. Alguns outros seres que habitam as mitologias, a sereia, o pássaro vermelho sendo ameaçado pelo que parece um Leviatã, tantas vezes evocado por Castro Alves no poema Navio Negreiro, também compõem um relato onírico da obra.

O painel tem algumas cenas importantes que se isolam e dialogam entre si. Em formato piramidal, na sua base temos O Banquete dos Poderosos, com a presença de Temer e várias figuras do judiciário, em especial o juiz Sérgio Moro se banqueteando avidamente, enquanto várias pessoas, miseráveis, esperam migalhas embaixo da mesa. Em pé, uma mulher negra servindo uma senhora fidalga, representando a elite brasileira, branca e impiedosa. Flávio destaca que o tema do painel é a injustiça "e os tantos tropeços que o Brasil tem dado em nome de um processo que eles estão chamando de Democracia, mas a gente vê que há uma transição forte ainda a se vivenciar para a gente ver isso acontecer."

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Vários anos atuando como chargista político delineiam a sua crítica política à atual história brasileira, profundamente marcada pela herança escravocrata, dramática e carnavalesca ao mesmo tempo: "eu procurei fazer uma coisa meio felliniana, meio circense, para não cair numa tragédia, porque realmente o ambiente que eu vivo é onde o humor suplanta o choro."

Acima, ao centro da pirâmide, representando o poder em cima do povo, vemos a ama de leite segurando uma criança loura, e ao lado, a fera que ainda habita o Brasil. "Esse preconceito de raça e classe, esse ódio que se tem do povo, e essa representação aqui, tão bonitinha para quem gosta de Monarquia, mas extremamente perversa no mundo inteiro", reflete o artista.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Logo atrás da ama de leite, nas sombras, como um sopro gelado da história, o pano de fundo da tragédia, vemos os traços de um pelourinho, uma pessoa amarrada a um poste. Flávio denuncia, no entanto, que isso aconteceu no Rio de Janeiro há pouco tempo. Destaque para o guardador de rebanhos ao lado esquerdo, que, serenamente, contempla a pomba da paz. "É a luta que estamos travando junto à ONU para soltar o Lula. Ao lado dele está o povo e os carneiros, é o guardador de rebanhos, O Peregrino."

Um personagem que pode passar desapercebido, mas que, no meio das centenas de referências, do fabulário nordestino aos clássicos ocidentais, bem no meio de todo o delírio dantesco, percebemos a (oni)presença da Casa Grande. Casa colonial, na sobriedade e riqueza do passado dos homens brancos e donos das almas. Um passado tão remanescente, às vezes até mais sofisticado, porém, perpetuando a história das atrocidades.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O pintor Flávio Tavares tem mais de 50 anos de carreira, já expôs em vários estados brasileiros e diversos países pelo mundo. Na ocasião da vernissage do painel sobre o Golpe, houve o lançamento do livro 'A Linha do Sonho', do Sesc Paraíba com várias de suas obras.

Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas no Sesc Cabo Branco, que fica na Avenida Cabo Branco, 2788, Cabo Branco, na capital João Pessoa; ou pelo telefone (83) 3219-3400.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO