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Economia

A Globalização Brasileira de Oswald de Andrade a Michel Teló

É preciso que nossa população vá além do hit global “Ai se eu te Pego” e também se orgulhe dos recordes de atração de investimentos estrangeiros em meio a um mundo em crise

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A Semana de Arte Moderna de 1922 foi amplamente comemorada pela passagem de seus noventa anos. Nela a expressão singular da cultura brasileira, conhecida como Manifesto Antropofágico, delineou o “jeito de ser” de um Povo amistoso, amável, receptivo e como dizem os norte-americanos, “friendly” (amigável) na relação com outras culturas e valores. Ao invés de qualquer forma de xenofobia ou mesmo de louvor cego aos padrões da arte estrangeira, expoentes de nossa cultura, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti entre outros resolveram mostrar a capacidade do brasileiro em misturar e digerir as influências externas e internas e projetar uma expressão singular na forma de ver o mundo e na própria forma de ser. Desde lá, o mundo voltou a reverenciar nossa cultura em diferentes momentos pela via dos grandes autores, escritores e compositores. Carmem Miranda certamente representou uma de nossas antropofagias musicais. Uma portuguesa convertida ao “carioquismo” em essência que levou nossas batucadas ao estrelato nas telas dos cinemas e aos palcos internacionais, incluindo a Broadway (1940). O estrangeirismo aumentaria com a abertura econômica do país na fase da substituição das importações, especialmente no período do mandato do Presidente Juscelino Kubistcheck (1956 a 1960). Juscelino precisou negociar com diversos países, visitou e recebeu inúmeros Chefes de Estado, buscando os recursos necessários à implementação de seu Plano desenvolvimentista que previa um crescimento de 50 anos em 5. Sua gestão foi marcada pela construção da indústria automotiva, das grandes obras nacionais como: hidroelétricas, rodovias e a construção de Brasília, a nova Capital da República, um verdadeiro museu de arte a céu aberto, hoje tombado como Patrimônio histórico e cultural da humanidade! Nesta fase, a presença de multinacionais no país se multiplicou consideravelmente e o Presidente Boêmio, como era conhecido, teve a felicidade de ver a auto-estima brasileira nas alturas, afinal o mundo parava para nos reverenciar pela primeira vez, com a conquista do campeonato Mundial de Futebol, a Copa de 58, disputada na Suécia, comandada por Pelé-Garrincha-Vavá, ao mesmo tempo em que emplacávamos por toda história o grande produto de nossa exportação, a Bossanova. Cantores como João Gilberto, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Baden Powell e Luiz Bonfá, alegravam o mundo fazendo o imaginário internacional se voltar às calçadas de Ipanema e Copacabana sonhando com nossos encantos naturais, inclusive o mito Frank Sinatra. Anos Dourados àqueles. Na sequência, autores como Jorge Amado, pintores como Cândido Portinari e outros ícones projetaram “este nosso jeito de ser”. Mais recentemente, a produção áudio-visual brasileira, especialmente as telenovelas, trataram de levar nossas histórias, costumes e paisagens tropicais mundo à fora. Inesquecível para qualquer brasileiro, a novela da Rede Globo, Escrava Isaura, foi exibida em mais de 100 países e até hoje a atriz Lucélia Santos é reverenciada na China, como pude constatar pessoalmente. Em ocasiões mais recentes, numa viagem à Moscou, foi estranho assistir os atores brasileiros tão familiares, interpretados em russo ou ficar aguardando o intervalo comercial da novela “A Favorita” para que os garçons do Hotel Nacional em Havana pudessem me atender e ainda protelarem a entrega do meu pedido enquanto não lhes contasse o futuro da Flora e da Donatella (interpretadas respectivamente pelas atrizes Patricia Pilar e Cláudia Raia). Em Paris minha esposa num clima de “Vale à Pena Ver Denovo”, assistiu “Laços de Família“. Em uma longa viagem à Angola, fiquei feliz como bom noveleiro, pois com um “delay”de apenas um dia pude manter-me atualizado dos acontecimentos do Hare Baba, ou melhor, da novela “Caminho das Índias”, adorei!

Assim como os filmes e músicas fazem parte do chamado “Soft Power” norte-americano, não podemos deixar de considerar que também temos o nosso. Aliás a chamada “Lounge Music” mais tocada nos hotéis do mundo é brasileira. Ocorre que poucas pessoas sabem desta origem. Da mesma forma, os europeus, árabes e norte-americanos não se dão conta de que viajam em aviões Embraer, especialmente em vôos executivos, que tomam o nosso suco de laranja (em que pese as últimas restrições dos EUA), que a proteína animal de suas dietas ou o software de suas automações bancárias são verde-amarelos. Somos referência mundial em Tecnologias de Extração de Petróleo em águas Profundas, Modelo em Governança Eletrônica (ex.Urna Eletrônica, Declaração de Imposto de Renda etc). Nossa Embrapa é reconhecida por sua Biotecnologia e mais de 20% da fabricação de equipamentos neonatais do mundo é de uma multinacional brasileira, a Fanem. Ou seja, embalamos os filhos do mundo! Os setores médico-odontológico, máquinas e equipamentos, cosmético e higiene pessoal, franquia, moveleiro e a moda-praia brasileira ganham cada vez mais mercados internacionais. No campo das artes, nomes como Romero Brito e Vick Muniz, orgulham nosso povo com suas artes – plásticas, os autores Paulo Coelho e Augusto Cury levam seus romances e aconselhamentos de um pólo a outro do planeta, gênios como Washington Olivetto e Nizan Guanaes estão entre os mais premiados nos festivais internacionais de publicidade e os executivos internacionais olham surpresos para um país que acaba de atingir a posição de sexto maior PIB do Mundo! No caminho da transnacionalidade, as empresas brasileiras foram às compras e nos últimos dois anos, se tornaram ainda mais globais, adquirindo cerca de US$60 bilhões em ativos no exterior.

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Sem fazer qualquer juízo de valor, temos a constatação de que líderes religiosos brasileiros estão transmitindo suas crenças globalmente e pelo visto uma das marcas de nosso povo que é a Fé, atravessa oceanos e dá um toque brasileiro na forma de se adaptar às culturas locais imprimindo um estilo de pregação e doutrinação aceito por culturas tão distintas. É o caso, por exemplo, dos Evangélicos da Universal do Reino de Deus presentes em mais de 180 países, lideranças brasileiras coordenam o movimento Messiânico em África, Católico na América Central e da filosofia Seicho-No-Ie de origem japonesa em Portugal, EUA e América do Sul, entre outros.

Nossa vocação cosmopolita ainda tem muito para amadurecer, afinal, participamos apenas de 1,2% do comércio mundial, ainda lutamos por conquistar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU e temos a imensa responsabilidade frente à exposição global de nossos aspectos positivos e de nossas mazelas durante a Copa Mundial de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Podemos e devemos, no entanto, aproveitar estas oportunidades para expansão de nossos negócios, na disseminação de nossa cultura e na melhoria da percepção mundial sobre nosso país. Quiçá o tema da sustentabilidade (maior bioma, maior reserva de água potável, melhor matriz energética limpa, do mundo) seja uma marca de nossa sociedade.

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É preciso que nossa população vá além do hit global do Michel Teló “Ai se eu te Pego” e também se orgulhe dos recordes de atração de investimentos estrangeiros em meio a um mundo em crise (US$66,7 bilhões em 2011), celebre nossas conquistas sociais nos últimos 15 anos, lute por uma efetiva melhora em nossa educação e faça com que o seu voto seja seletivo e limpo, diminuindo o espaço dos fichas sujas em nossa política.

Quanto ao mundo, nosso jovem país tem muito a aprender mas também a contagiar as outras nações com nossa alegria de viver, nossa flexibilidade, nossa tolerância, nossa antropofagia e a força de superação que vem do melhor do Brasil, o brasileiro!

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Gilberto Lima Jr é Consultor em Negócios Internacionais, Presidente da Going Global Consulting e Membro do Conselho do World Trade Center

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