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Economia

Dólar atinge maior valor em quatro meses com a manobra fiscal de Paulo Guedes

Ministro da Economia decidiu usar recursos dos precatórios (dívidas judiciais) para financiar um programa social – o que é contrário às leis brasileiras. Falta de transparência fiscal fez a moeda americana ir a R$ 5,63

Dólar e o ministro da Economia, Paulo Guedes (Foto: Reuters | Wilson Dias/Agência Brasil)
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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparou nesta segunda-feira, com o mercado reagindo mal à definição pelo governo de que o Renda Cidadã será custeado por recursos que não virão de cortes de gastos, o que abalou a confiança de investidores numa agenda de redução de despesas que poderia conter a deterioração em curso das contas públicas --considerada o mais grave problema macroeconômico do Brasil.

No dia 13 daquele mês, a cotação fechou em 5,9012 reais, máxima histórica nominal para um encerramento de sessão no mercado spot.

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Na mínima deste pregão, a moeda chegou a 5,5145 reais, queda de 0,71%.

Em pronunciamento no intervalo de uma reunião no Palácio da Alvorada comandada pelo presidente Jair Bolsonaro, com a presença de ministros e líderes do Congresso Nacional, o senador Marcio Bittar(MDB-AC) disse que o Renda Cidadã será custeado com recursos para precatórios e com verbas do próprio Bolsa Família, que será extinto, e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

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Ele destacou que houve um “consenso” e que o presidente deu sinal verde para fechar a proposta para o programa, que substituirá o Bolsa Família.

O que mais repercutiu negativamente no mercado foi o uso dos precatórios --dívidas reconhecidas pela União. Na prática, o governo vai retirar uma parcela desses recursos para bancar o novo programa.

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Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), comentou no Twitter que o uso dos precatórios parece “truque para esconder fuga do teto de gastos”. “Reduz a despesa primária de forma artificial, porque a dívida não desaparece, apenas é rolada para o ano seguinte. Em vez de o teto estimular economia de dinheiro, estimulou a criatividade”, completou.

Entre investidores, a percepção é que o governo mostra menos apreço ao controle das contas públicas, num momento de crescente preocupação com o respeito ao teto de gastos em 2021.

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Alfredo Menezes, gestor na Armor Capital, falou em “sinal muito ruim”. “Não sei como pode passar isso na cabeça de alguns (usar os precatórios)”, disse.

A pressão no câmbio, reforçada por saídas de recursos, levou o dólar a 5,6763 reais, alta de 2,21%. O Banco Central interveio com venda de 877 milhões de dólares em leilão de moeda à vista --o primeiro do tipo desde 21 de agosto--, mas o real seguiu como a moeda com segundo pior desempenho no dia, melhor apenas que a combalida lira turca.

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Na renda fixa, o estresse foi ainda mais notável. O DI janeiro 2027 chegou a saltar 75 pontos-base (maior alta desde abril), para quase 8%, quatro vezes a Selic atual (2% ao ano). O DI janeiro 2025 disparou 74 pontos-base na máxima sobre o ajuste anterior.

A sensação de pouco progresso na agenda reformista foi endossada por declarações do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), de que a reforma tributária segue em discussão entre o governo e base aliada, mas só será anunciada quando contar com votos suficientes para ser aprovada. Em entrevista à CNN Brasil, ele não deu prazo para tal.

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O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, afirmou mais cedo nesta segunda-feira que uma nova proposta de renda mínima está sendo discutida e que será anunciada “no tempo devido”.

Segundo fontes de mercado, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, disse que o debate sobre eventual derrubada do teto de gastos públicos deve ser feito só em 2022.

“O real (a moeda) é um mercado que está ‘sem dono’. A agenda está fraca, isso abre espaço para volatilidade mais alta mesmo”, disse um operador.

No exterior, as atenções se voltam para o debate, na terça-feira, entre os candidatos à Presidência dos EUA: o republicano Donald Trump, atual mandatário; e o democrata Joe Biden, que foi vice-presidente no governo de Barack Obama (entre janeiro de 2009 e janeiro de 2017).

O dólar tinha desempenho misto frente a moedas emergentes, em alta de 1,7% frente à lira turca e de 1,3% ante o rublo russo, mas em queda de 0,5% contra o rand sul-africano e o peso chileno e de 0,35% em relação ao peso colombiano.

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