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Economia

Economista da FGV contesta fiscalismo de Pastore, colaborador de Moro

O economista da USP Affonso Celso Pastore, que presidiu o Banco Central durante a ditadura civil-militar, no desastroso governo do general Figueiredo, entende que o caminho do progresso é a privatização e a austeridade fiscal acima de tudo

Sergio Moro e Affonso Celso Pastore (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil | Marcos Oliveira/Agência Senado)
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Por Paulo Henrique Arantes, para o 247 - Ao cooptar Affonso Celso Pastore para liderar sua assessoria econômica, o ex-juiz Sérgio Moro confirma sua face neoliberal, alinhada ao desmonte do setor público. O economista da USP que presidiu o Banco Central durante a ditadura civil-militar, no desastroso governo do general Figueiredo, entende que o caminho do progresso é a privatização e a austeridade fiscal acima de tudo, apesar de, contraditoriamente, dizer preferir os modelos econômicos social-democratas.

Assim escreveu Pastore em artigo recente no Estadão: “O caminho para o aumento dos investimentos em infraestrutura são as concessões ao setor privado, com a disciplina fiscal garantindo taxas de juros baixas e financiamento abundante no mercado de capitais”. Nada de investimento público. Para Pastore, o rigor fiscal - velha cantilena do mercado - levará o país ao melhor cenário econômico e social. 

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O economista também tem um entendimento esquisito sobre a indústria nacional. “Por que a indústria brasileira não cresce? Seu desempenho pífio não é consequência da conjuntura desfavorável de 2008/09 e dos meses iniciais da pandemia. Tem origem em uma doença bem mais grave e duradoura, que é o protecionismo”, escreveu em outubro último no mesmo Estadão, ignorando que nenhum país desenvolveu sua indústria sem algum grau de protecionismo.

O economista Nélson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas, argumenta que o problema da indústria nacional decorre, isto sim, de “uma abertura às avessas”, que estimulou importações e desencorajou exportações, junto com “uma série de erros de política econômica”.

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O fato de ser crítico ao governo Bolsonaro e à condução da economia por Paulo Guedes não torna Pastore um progressista. Sua decepção deve-se ao fracasso das iniciativas neoliberais propostas pela dupla, não ao teor delas, como fica claro nesta resposta, em entrevista recente à revista IstoÉ: “O presidente venceu as eleições com uma equipe econômica propondo reformas, mas não fez nenhuma, exceto a da Previdência. Havia todo um programa de privatizações que não aconteceu. Quando fizeram a da Eletrobras, havia tantos defeitos que era melhor que não tivessem feito. A mesma coisa se vê agora: é um governo também sem programa para a retomada econômica”.

Defensor das “reformas” – aquelas de sempre, que visam a escorchar trabalhadores e presentear o grande capital –, Pastore lança novo livro, intitulado “Erros do Passado, Soluções para o Futuro”, em que repete mantras liberais que o mundo vem abandonando desde a crise de 2008. Ao contrário de André Lara Resende, não reviu suas ideias à luz da História recente.

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Em entrevista à Folha de S. Paulo, Pastore exibiu sua maquiagem social-democrata: “Estamos falando de algo que se traduz em políticas econômicas com essa característica do capitalismo social-democrata, no qual o Estado seja um provedor de seguros para a sociedade. Não seguros que deixem todos sem incentivo para aumentar a eficiência, mas que permitam eliminar injustiças”.

O repórter da Folha poderia ter replicado: mas, professor, como o Estado pode prover a sociedade do que quer que seja com um limitador de investimentos previsto para durar 20 anos, como o teto de gastos, que o senhor defende de forma intransigente?

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Para Nélson Marconi, “defender o teto atual significa impossibilitar avanços sociais e econômicos , e portanto não parece compatível com uma suposta plataforma social-democrata”. Segundo o professor da FGV, seria aceitável um controle de gastos a médio prazo que excluísse investimentos e fosse flexível a ações anticíclicas.  

Se Sérgio Moro pretende fazer de Pastore seu Posto Ipiranga, no caso de sua improvável eleição o Brasil terá mais do mesmo na economia. Com a agravante de, em termos de destruição da infraestrutura nacional, o ex-juiz já ter o que mostrar, como a Petrobras exemplifica.

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