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Economia

Fazenda reduz para 6% teto para meta de inflação em 2017

Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação medida pelo IPCA em 4,5 por cento ao ano para 2017, mas reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ante os atuais 2 pontos; para o ministério da Fazenda, de Joaquim Levy, mudança sinaliza o comprometimento com o combate à inflação e restaurar sua credibilidade

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Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação medida pelo IPCA em 4,5 por cento ao ano para 2017, mas reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ante os atuais 2 pontos, afirmou o Ministério da Fazenda nesta quinta-feira.

A meta de inflação segue no patamar de 4,5 por cento desde 2005, quando a banda era de 2,5 pontos percentuais. A tolerância de 2 pontos passou a valer em 2006. Para os anos de 2015 e 2016, o CMN manteve a meta em 4,5 por cento com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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Diante do cenário de fragilidade da economia, inflação elevada e baixa confiança sobre o governo, houve debate dentro do CMN --formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central-- para que a meta de 2017 fosse reduzida.

Dentro do Ministério da Fazenda, a defesa era de mexer no objetivo para 2017 a fim de sinalizar o comprometimento com o combate à inflação e restaurar sua credibilidade. Dentro do BC, por outro lado, havia a defesa de não mudar a meta diante da preocupação com o atual cenário, com fortes ajustes fiscais ocorrendo e inflação nas alturas.

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Por outro lado, reduzir a tolerância para a inflação pode levar o BC a ter de apertar ainda mais a política monetária, que desde outubro já elevou a Selic em 2,75 ponto percentual, para os atuais 13,75 por cento. E como a inflação deste ano deve ficar em torno de 9 por cento --ou seja, fora da meta--, fazer com que ela convergisse para um alvo menor no futuro exigiria ainda maior esforço no presente.

Uma fonte do Ministério da Fazenda, que pediu anonimato, afirmou que a decisão de apenas reduzir a banda da meta para 2017 não deve pesar na política monetária agora, argumentando que as projeções do mercado e de especialistas já apontam para o IPCA em 4,5 por cento em 2017. "Apenas (o governo) tentando recuperar credibilidade sem esforço", resumiu.

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Outra importante fonte da equipe econômica foi na mesma linha, afirmando que a decisão não altera a política monetária "em curso".

O BC endureceu seu discurso e vem reiterando o compromisso em levar o IPCA a 4,5 por cento no final do ano que vem, fazendo o que for necessário e com "determinação e perseverança" para tanto, o que tem levado investidores a apostar que a Selic pode subir até 14,75 por cento ao final do atual ciclo de aperto monetário, que já levou a taxa básica de juros ao maior patamar desde dezembro de 2008.

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RECUPERAR CREDIBILIDADE

Muitos no mercado financeiro defendiam a ideia de reduzir a meta mais à frente. Pesquisa da Reuters divulgada mais cedo mostrou que a maioria dos analistas se mostrou favorável sobre o governo reduzir a meta de inflação para 2017 para buscar recuperar a credibilidade.

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A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Zara, acredita que a decisão de reduzir a banda para 2017 sinaliza o compromisso do governo com a redução da inflação. "É uma medida importante... Reforça o trabalho que o Banco Central vem fazendo de melhora da credibilidade, reconquista da confiança dos agentes", disse.

No entanto, a medida pode levar à necessidade de juros mais elevados, o que pode ser refletido no mercado nas próximas sessões.

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"O efeito prático disso é que a curva de juros tende a subir um pouco mais porque você vai ter que ter uma persistência mais forte da política monetária para chegar ao mesmo resultado. Hoje até já subiu o juro antecipando um pouco isso. É bom que não mudaram o centro da meta", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Apesar do duro aperto monetário conduzido pela autoridade monetária, a inflação segue em níveis persistentemente altos, influenciada principalmente pelo ajuste de preços administrados e pela valorização do dólar.

Em maio, o IPCA subiu 8,47 por cento em 12 meses, acima do esperado pelo mercado e na maior taxa acumulada desde dezembro de 2003. A prévia para o desempenho do índice apontou a continuidade da tendência, com o IPCA-15 registrando alta em 12 meses de 8,80 por cento.

O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff enfrenta uma maré de notícias negativas no front econômico enquanto tenta colocar de pé um ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas e alcançar neste ano superávit primário de 66,3 bilhões de reais, ou 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

(Reportagem adicional de Silvio Cacione, em Brasília, e de Patrícia Duarte, em São Paulo)

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