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Economia

Lula venceu: em evento do BTG, porta-vozes do “mercado financeiro” admitem que meta de inflação vai subir e juros precisam cair

Três dos maiores formadores de opinião de fundos de investimento acatam o direcionamento dado pelo presidente e pelo ministro da Fazenda no embate com o Banco Central

Lula, Rogério Xavier, André Jakuski, Luis Stulhberger e Roberto Campos Neto (Foto: Lula Campos Neto)
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Por Luís Costa Pinto, da Sucursal de Brasília do Brasil 247 – Em um evento organizado pelo banco BTG/Pactual e diante do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, três dos gestores de investimentos escutados com mais atenção por instituições financeiras, executivos do mercado financeiro e fundos de investimento deixaram claro que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu a queda de braço sobre juros e meta de inflação. A disputa foi travada intensamente nos últimos dez dias com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que tem mandato até 2024. Lula alerta para o prejuízo que a taxa de juros Selic a 13,75% traz ao ânimo de investimentos produtivos no País, retardando o regresso da economia aos trilhos do crescimento saudável e a um novo ciclo de geração de empregos. Campos Neto liderou a reunião do Comitê de Política Monetária do BC na primeira semana de fevereiro, que não só manteve essa taxa de juros elevada, sem viés de baixa, como também indicou ser refratário a alterações na meta de inflação.“Agora que a gente passou por todas as situações inflacionárias nos últimos anos, com choques de Covid, guerra, descarbonização, energia limpa, desorganização das cadeias produtivas, o Brasil resolveu fazer 3% de meta de inflação?”, questionou no microfone aberto do evento o economista Rogério Xavier, da SPX Capital. O colunista de O Globo, Álvaro Gribel, registrou o questionamento. E prosseguiu Xavier: “A meta de inflação, só olhando para ela, que foi acertada há três anos, está errada”. Luís Stuhlberger, do Fundo Verde, ainda segundo Gribel, fez um aparte: “Concordo 100% com Rogério. A discussão da meta é cabível e não é o fim do mundo. E não implica em perda de credibilidade. Buscar uma meta irrealista não é uma coisa para o Brasil, no momento em que a gente está, mas precisamos de um arcabouço fiscal crível”. O último dos dealers do mercado a falar, que surpreendeu a plateia do evento do BTG e até mesmo o ministro Haddad, foi André Jakuski, do JGP Capital. “Concordo com Rogério e com o Luís”, disse ele. “A meta está errada. Não dá para perseguir essa meta. Acho simplesmente que os juros reais no Brasil são impressionantemente altos e o País não vai dar certo com esses juros”.

LULA OUVIU HADDAD E ACERTOU PAUTA DO CMN

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Amanhã, 16 de fevereiro, o Conselho Monetário Nacional reúne-se pela primeira vez sob o governo Lula. Integrado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, além do presidente do Banco Central, Campos Neto, o CMN é o órgão que estabelece as metas de inflação que precisam ser cumpridas pelo Banco Central. Há dois anos a instituição monetária brasileira, presidida por Campos Neto, descumpre as metas e é obrigada a escrever cartas explicativas ao Ministério da Fazendo dando suas justificativas.

Campos Neto argumenta que lidera a corrente que se entrincheirou no BC para manter o juros altos – o Brasil detém a mais alta taxa de juro real do mundo, acima de 8% descontada a inflação – porque precisa fazer com que a meta de inflação seja cumprida. A meta de 2023 é 3,25% e se a inflação ficar em até 4,75% este ano, no Brasil, ela terá sido atingida. Porém, os cálculos mais otimistas estimam que a inflação anualizada brasileira será de 5,25% até dezembro, o que obrigaria Campos Neto a ter de escrever a terceira carta de justificativas ao Ministério da Fazenda. Com os juros altos ele imagina “segurar a inflação de demanda” no País (o que não há, o Brasil não tem inflação de demanda) e impor um enquadramento na meta. O Governo Federal, sob a liderança do presidente Lula, quer aumentar a meta de inflação para 3,75% e dar folga ao Copom do Banco Central para que reduza os juros e torne o crédito mais barato e mais acessível para quem deseje tomar empréstimos a fim de investir em novos projetos produtivos que gerem emprego e renda para os brasileiros.

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Criou-se, em Brasília e dentro do Partido dos Trabalhadores, a expectativa de que os ministros Haddad e Tebet usariam a reunião do CMN, amanhã, para enquadrar Campos Neto e aumentar a meta de inflação. Habilmente, o ministro da Fazenda convenceu Lula que seria inútil do ponto de vista prático, e violento, do ponto de vista dos marcos legais, fazer com que o Conselho Monetário Nacional indicasse um aumento na meta de inflação já nesta primeira reunião. Como o rito legal para se mexer nas metas pré-estabelecidas determina que a pauta do CMN tem de ser discutida previamente – e aumento de metas não estava na discussão prévia – e só se mexe nas metas anteriores nas reuniões do Conselho marcadas para os meses de junho de cada ano, Fernando Haddad acatou a orientação presidencial e ajustou o timing para a implementação das determinações de Lula, abrindo possibilidade para a queda da taxa de juros já no próximo Copom, marcado para os dias 21 e 22 de março, sem a necessidade de esbordoar o rito normal da tomada de decisões. Haddad argumentou que agir de acordo com o planejamento dele passaria ao mercado financeiro a seus agentes – como, de fato, ocorreu – um compromisso inarredável com a segurança jurídica e o cumprimento de acordos.

O caminho adotado por Lula e Haddad deu certo – e isso se refletiu na boa vontade e no tom compreensivo dos formadores de opinião do mercado financeiro na manhã desta quarta-feira, 15 de fevereiro. Roberto Campos Neto, presidente do BC, que desde o último fim de semana passou a envergar um personagem de bom-moço e de flexibilidade, vergou-se para encontrar o caminho de saída da rinha em que foi derrotado.

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