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Economia

'Teto de gastos é aberração', diz Luiz Gonzaga Belluzzo

Economista disseca a lógica do neoliberalismo, defende papel central do Estado na economia e aponta caminhos de desenvolvimento. Assista

Economista Luiz Gonzaga Belluzzo (Foto: Felipe L. Gonçalves / Editora 247)
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Por Camila Alvarenga, no Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (01/11), o jornalista Breno Altman entrevistou Luiz Gonzaga Belluzzo, professor e economista que falou sobre as saídas para a economia brasileira. Segundo ele, os ideais neoliberais são totalmente inadequados para guiar a política econômica brasileira e só estão levando a retrocessos.

“O teto de gastos, por exemplo, é uma aberração. É uma simplificação absurda da importância que teve o gasto público e privado no impulsionamento da economia. E é isso que me deixa um pouco assustado: a visão do establishment brasileiro a respeito da economia é totalmente anacrônica”, argumentou.

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Para combater essa tendência, revertendo todas as medidas neoliberais que foram sendo promovidas desde o governo de Michel Temer e o estado de calamidade social que o país se encontra, o especialista vê como essencial que um novo governo de esquerda presidido por Lula monte uma bancada no Congresso “muito alinhada ou mais alinhada a ele que o permita passar as verdadeiras reformas que são necessárias”.

Nos primeiros 100 dias de governo, Belluzzo listou como prioridade articular o Banco Central e o Tesouro Nacional numa política de crédito e de gasto que tenha como vetores o BNDES, o Banco do Brasil e os demais bancos públicos.

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“O problema é que o Lula vai ter que enfrentar também a questão da construção institucional. O que a gente não percebe é que as reformas neoliberais estão destruindo o nosso arcabouço institucional e vai ser preciso remontá-lo, mais do que repensar as ideias políticas macroeconômicas, para redirecionar o país ao desenvolvimento”, explicou.

Além disso, ele reforçou que Lula teria que adotar uma série de medidas emergenciais, por meio de um programa de gastos potente, para proteger as famílias mais pobres.

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"A dívida pública é uma forma de riqueza privada. Quanto maior ela for, mais rico o Estado nacional. Não existe economia monetária capitalista no mundo que possa prescindir da participação da dívida pública como riqueza privada. Principalmente durante crises, em que o Estado tem a função de estabilizador da economia, de defesa dos portfólios privados para evitar o descontrole de preços. Esse apavoramento com a dívida pública é de uma burrice, me entristece tanto”, discorreu.

O economista ainda defendeu “alguma forma de estatização” das instituições bancárias, pois o atual modelo é “autorreferido, só tem relação com ele mesmo”. Isto é, como os bancos estão vivendo o fenômeno da financeirização de recompra de ações e redistribuição de dinheiro para acionistas, não contribuem ativamente com a sociedade, não geram empregos, não fornecem créditos atraentes para a população. “O dinheiro se torna o objetivo em si mesmo”, reforçou.

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Reindustrialização

Belluzzo também refletiu sobre a reversão do processo de desindustrialização que o Brasil está vivendo. Ele se mostrou otimista sobre essa possibilidade, apesar de admitir que será um caminho “duro”.

Para tanto, ele apontou como essencial “reconstruir corretamente as instituições e mobilizá-las de acordo com um programa econômico bem concebido de gastos públicos articulados com gastos bancários, geração de crédito e investimentos”.

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No entanto, para levar tudo isso a cabo, a disputa começa já no período eleitoral, afirmou, pois será necessário vender esse programa à população, “o que não vai ser fácil porque temos contra nós os propagandistas da ideologia neoliberal, que é o grosso da imprensa”.

“Em vez de a gente se livrar da dependência externa e diminuir o poder do capital financeiro, aumentamos, mas não acho que isso sejam coisas deterministas. Está muito difícil, as condições são muito negativas, mas a gente tem que se mover. Temos que remover parte dessa gente do poder, instaurar um governo capaz de compreender e executar as políticas capazes de tirar o país da situação em que está”, enfatizou.

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Aliança com a burguesia

O economista não vê possibilidades de que a burguesia se alie a um governo do tipo que descreveu, mesmo que em governos anteriores de Lula, como o próprio ex-presidente argumenta, o capital nunca tenha lucrado tanto. 

Ele relembrou que já houve uma elite aliada a uma estratégia de desenvolvimento que “permitia” a implementação de políticas sociais pois elas alimentavam ainda mais o crescimento da indústria, com mais empregos e aumento do consumo.

No entanto, o neoliberalismo "destruiu esse empresariado: agora temos o pessoal do mercado financeiro e do comércio. Além do agronegócio, avançado tecnologicamente, mas que está totalmente voltado para o mercado exterior, tem pouco impacto na geração de empregos, por exemplo".

Nesse contexto, o que move o empresariado, de acordo com Belluzzo, é o poder do dinheiro, não apenas o ato de ganhar dinheiro.

“Com Lula havia o receio de que a força política do dinheiro fosse diminuída por ter um presidente como ele. A burguesia não poderia admitir que um metalúrgico fosse o presidente da República, pois perderia o controle da economia para o Estado. No neoliberalismo, a elite quer que o Estado funcione para ela, mas não pode funcionar para os outros”, destacou.

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