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Entrevistas

Breno Altman: ameaças golpistas são blefes de Bolsonaro

Fundador de Opera Mundi analisa riscos de ruptura da ordem institucional e mudança de regime político no processo eleitoral

Breno Altman (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (24/05), o jornalista Breno Altman debateu os riscos do presidente Jair Bolsonaro se lançar na aventura do autogolpe, avaliando quais alas estariam dispostas a arcar com os ônus de um golpe de Estado tradicional.

Segundo hipóteses veiculados, o ex-capitão poderia organizar, com o apoio das Forças Armadas, alguma modalidade de autogolpe que impedisse as eleições ou que negasse o resultado de outubro. 

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O próprio Bolsonaro tem insuflado esse medo, com seguidos ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral, além de permanentemente colocar sob suspeita as urnas eletrônicas.

As agressões do mandatário às instituições têm dominado a pauta política, em muitos momentos, alijando o debate sobre a fome, a pandemia, a inflação e o desemprego. “O líder neofascista se posiciona como um 'guerreiro contra o sistema’, como fez em 2018, colocando do outro lado do balcão, do lado daquilo que difusamente se chama de ‘sistema’, todas as demais forças políticas relevantes, incluindo Lula e o PT”, avaliou Altman.

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O jornalista indagou se, para além da retórica de um autogolpe, o bolsonarismo teria condições de realizá-lo, afirmando que, se houver de fato um processo golpista em curso, sua derrota deveria ser a grande bandeira da campanha presidencial, 

No entanto, se o autogolpe não passar de um blefe a serviço da estratégia eleitoral de Bolsonaro, o melhor seria evitar sua armadilha discursiva e centrar a campanha no combate ao modelo econômico.

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Para avaliar as várias probabilidades, o fundador de Opera Mundi iniciou delimitando as diferenças entre golpe híbrido e o tradicional. O primeiro é construído como uma decisão por dentro do sistema, respaldada pelo parlamento e pelo Poder Judiciário, sem uma intervenção aberta das Forças Armadas e sem abalar as estruturas formais do Estado. 

O golpe tradicional, por sua vez, só se torna vitorioso quando todo o poder de Estado se transfere ao Executivo, com a subjugação ou a neutralização dos demais poderes, o que só é possível quando os militares estão dispostos a apoiar a iniciativa, como em 1964.

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“Os militares provavelmente estariam obrigados, para suprir a inexistência de outros apoios, a desatar um padrão inédito de violência, sustentabilidade e eficácia duvidosas, com um isolamento acachapante dentro e fora do país”, afirmou. 

Segundo afirmou, Bolsonaro testou os limites dessa possibilidade em 2020, no início da pandemia, ensaiando passos que lembravam os do peruano Alberto Fujimori, em 1994, quando recorreu ao autogolpe para impor uma ditadura que implantou agressiva agenda neoliberal e massacrou a oposição guerrilheira.

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O bolsonarismo buscou forças para o autogolpe entre abril e junho de 2020, mas seu chefe não tinha suficiente base social, a burguesia evitou dar-lhe procuração, as Forças Armadas não emitiram sinal verde e se aprofundou o isolamento da extrema direita.

A partir de então, segundo Altman, o neofascismo compôs-se com o chamado “centrão”, buscando canais de apaziguamento na Corte Suprema e reconfigurou-se como a fração mais reacionária da democracia liberal, abandonando a pretensão de aparecer como seu inimigo frontal. 

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"Não se pode negligenciar a hipótese de aventuras, à imagem de Donald Trump, com motins e escaramuças, para manter suas próprias bases com os punhos erguidos e moral de combate, particularmente em caso de derrota [...] Muito menos se devem subestimar as possibilidades de o bolsonarismo recorrer à violência antes, durante e após o processo eleitoral. Mas golpe é outra história", disse.

A partir daí, ele avaliou a funcionalidade do blefe do golpe por parte de Bolsonaro para impor o arco narrativo que lhe é supostamente mais favorável, o da contraposição política, jurídica, religiosa e moral contra o “sistema”, impedindo ao máximo que os direitos econômicos e sociais da população ocupem o centro da disputa.

Para Altman, os combates ao neofascismo e ao neoliberalismo devem andar juntos para que um movimento “Lula presidente” possa efetivamente derrotar o golpe de 2016 e retomar o fio da história.

“Claro que o autoritarismo e as ações antidemocráticas do bolsonarismo devem ser denunciadas, mas a agenda que pode comover o povo está na fome, no desemprego, na inflação, na queda dos salários, na esculhambação dos serviços públicos de saúde e educação, no desmonte do Estado, na perda de soberania nacional”, defendeu.

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