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Entrevistas

José Paulo Netto: socialismo precisa de democracia para avançar

Professor e intelectual marxista afirma que está mais preocupado com as eleições para o Congresso do que para a Presidência da República em 2022

José Paulo Netto (Foto: Reprodução)
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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - Entrevistado pelo jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (16/05), o professor, escritor e estudioso do marxismo José Paulo Netto modificou a proposição lançada ao debate, trocando “democracia ou revolução” por “democracia e revolução”. 

Para ele, a luta socialista depende da democracia como o organismo humano depende do oxigênio. 

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“A democracia, para os socialistas revolucionários, é um valor instrumental e estratégico. Não é algo descartável em sua estratégia de avanço para uma sociedade mais justa, sem exploração, opressão e alienação. Não se trata de defender a democracia hoje para abandoná-la amanhã", disse.

Netto declarou que a principal tarefa das forças socialistas brasileiras neste momento é lutar pela preservação da democracia no país, já que, para ele, a "luta pela democracia, especialmente agora, nos concerne a todos aqueles que repudiam os regimes de exceção e de atentados aos direitos fundamentais dos cidadãos. Em suma, a luta socialista depende da democracia assim como nosso organismo depende de oxigênio”, afirmou.

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“Há uma visceral incompatibilidade, no limite eu diria uma contradição antagônica, entre desenvolvimento capitalista e expansão democrática. O capitalismo é visceralmente avesso às instituições democráticas. É só olhar a história da Europa Ocidental, para não ir muito longe, ou a história dos Estados Unidos da América”, provocou o professor. 

No entanto, segundo o estudioso, o caso brasileiro, "na nossa história republicana" tivemos poucas experiências de democracia política. "Nós nunca tivemos no Brasil a experiência de uma democracia operante no plano político, social e econômico", defende.

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A derrota de Jair Bolsonaro como arma à mão para continuar a luta socialista no momento leva-o mais uma vez à defesa dos valores democráticos. "O que está em jogo é a democracia, e estando, em jogo a democracia, isso afeta os projetos socialistas”, disse. Para ele, cada um é oxigênio para o outro: ”não há democracia sem socialismo, assim como não há socialismo sem democracia.”

Eleições de 2022

Quanto às relações do atual presidente brasileiro com a democracia, Paulo Netto foi taxativo: “não é algo aleatório ou casual, nós temos agora um sistema de provocações diárias, cotidianas, contra o que há de democracia política neste país. Principalmente na conjuntura que estamos vivendo, a luta democrática faz parte indescartável dos socialistas de qualquer matiz, revolucionários ou não. Neste momento, nossa questão é derrotar as forças antidemocráticas. Estou convencido de que isso é possível”.

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Atento para o processo eleitoral, ele defende que as eleições para o Congresso Nacional serão as mais importantes em 2022. 

Dizendo-se um homem de partido, o escritor declara voto para presidente no primeiro turno em Sofia Manzano, do PCB. “No segundo turno, voto até no diabo para derrotar a delinquência vigente na Presidência da República. E não terei nenhum problema em votar no Lula. Você acha que eu tenho escolha? Você acha que algum democrata tem escolha? Sei que em três meses vou estar na oposição, mas não é para derrubá-lo, não. É para contribuir para que ele tome posições compatíveis com os compromissos que tem enunciado sempre", disse.

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Provocado sobre se é possível fazer revolução sem armas, Paulo Netto respondeu que sim. "O que não é possível é consolidar uma revolução sem um forte poder de repressão aos contrarrevolucionários. Se os trabalhadores ganharem a hegemonia política, focos de resistência vão existir, mas serão minimizados. Agora, um processo revolucionário que leve ao poder setores de trabalhadores que não têm nenhuma hegemonia política dificilmente se mantém”, afirmou o professor.

Questionado por Altman sobre o tema, o autor de Karl Marx: Uma Biografia (Boitempo, 2020) afirmou que a esquerda deve firmar o compromisso programático de convocar uma nova Assembleia Constituinte, já que seria uma "bandeira ousada, que encontrará imensa resistência das classes dominantes, mas a gente não propõe apenas aquilo que é viável para amanhã”. 

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Dizendo saber que esta é uma opinião impopular neste momento, afirmou que considera inaceitável que o Supremo Tribunal Federal seja vitalício e escolhido pelo presidente da República. 

A baixa resistência popular ao golpe de 2016 foi motivo de debate, e o estudioso lançou hipóteses: "em primeiro lugar, foi a subestimação das forças conservadoras e reacionárias. Em segundo, havia um enorme ilusionismo acerca do poder do PT, que se iludiu consigo mesmo e subestimou a direita. Não subestimemos a direita. Em dezembro de 2015, Paulo Skaf, na presidência da Fiesp, dizia que não tinha impeachment. Em março de 2016, estavam aquele bonecos infláveis contra Dilma, o PT e tudo que havia de decente no país, com a Fiesp a favor”.

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