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Entrevistas

Programa debate a exclusão de pretos na literatura e a educação baseada no servilismo pátrio

A musicista e escritora Lilian Rocha e o professor de História Joeder Montovani foram os convidados do programa “Um Tom de Resistência” desta semana na TV 247

(Foto: UNICEF/BRZ/João Ripper)
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Por Nêggo Tom - A desconstrução do nosso modelo cívico cultural herdado do período escravocrata é considerado pela musicista e escritora Lilian Rocha e pelo professor de História Joeder Montovani, convidados do programa “Um Tom de Resistência” desta semana na TV 247, de suma importância para uma educação libertadora. A invisibilidade de escritores pretos na literatura brasileira e o sistema educacional baseado no servilismo pátrio foram temas abordados no programa. 

Autora de três livros, o mais recente lançado em 2018, Lilian falou sobre a exclusão das obras de escritores pretos na nossa literatura. “Criamos um sarau chamado ‘Sopapo poético’, onde na roda de leitura se privilegia o protagonismo de escritores pretos. Desde criança nós sempre lemos escritores brancos, porque o mercado editorial é 90% composto por homens brancos” -  disse ela. Lilian ainda falou sobre o papel da escola nesse processo de marginalização da cultura preta no Brasil. “Na escola a gente não tem referências negras. Se nós não procurarmos por elas, não as conheceremos. Há pouco tempo viemos a descobrir que Machado de Assis era preto”, salientou. 

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Ela citou o exemplo das escritoras pretas Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus. Esta última, mesmo tendo os seus livros traduzidos em mais de 13 idiomas, nunca foi considerada uma grande escritora, lembrou. “A Maria Firmina dos Reis foi a primeira a retratar o preto com subjetividade em seus romances. O preto sentia, falava, tinha família, se pronunciava...”, ressaltou. Lilian também lembrou da importância de outros autores pretos para a nossa literatura. Dos mais antigos aos mais recentes. “Temos Conceição Evaristo, Elisa Lucinda, Cristiane Sobral, Oliveira Silveira, Cruz e Souza, Lima Barreto, são referências importantíssimas e que por muito tempo nos foram subtraídas”, pontuou. 

Educador e também músico, o professor Joeder Montovani, que leciona em uma escola pública em São José dos Campos, interior de São Paulo, desenvolve um trabalho que conta a história através da música. O rap e o hip-hop são os gêneros que estruturam as canções que ele compõe junto com os alunos. 

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“A ideia surgiu no mês da consciência negra, onde compomos uma música que contava a história da mulher negra ao longo da história. Desde a rainha de Sabá, passando por Cleópatra, Dandara, Nina Simone, Rosa Parks, Marielle, e fomos trabalhando isso com os alunos. Eles gostaram da ideia e já temos quase dois anos de sequência com esse trabalho”, explicou.

Joeder ponderou sobre os desafios da escola pública na educação. Segundo ele, “criou-se um mito sobre a escola pública, que a coloca como um objeto de transformação da sociedade. Na verdade, ela é uma variável da sociedade. Se a sociedade é conservadora, a escola também será. Se a sociedade foi militarizada, a escola será militarizada. O portão de entrada da escola não leva os alunos para outra dimensão. Todos os problemas que a sociedade tem, como desigualdade, violência, preconceito de todos os tipos, vão junto com os alunos para a escola.” Joeder Montovani também declarou ser contra a criação de escola cívico-militares, um projeto do atual governo federal. 

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“Eu defendo uma educação livre. O aluno não deve ser preparado apenas para o mercado de trabalho e continuar a reproduzir um mundo que não deu certo. Nós precisamos de alunos que pensem o mundo de forma diferente. Um escola cívico-militar nada mais é do que a reprodução de padrões que estabelecem o status quo da nossa sociedade”, definiu.

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