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Só reprodução da “bolha da NBA” poderia dar segurança à Copa América no Brasil, diz especialista

É o que diz o epidemiologista e professor Naomar de Almeida Filho. Segundo ele, se a insensatez da realização da Copa América no Brasil fosse inevitável, a única forma de torná-la minimamente segura na pandemia seria a implantação de protocolos semelhantes aos da liga americana de basquete

Naomar de Almeida Filho / NBA (Foto: Reuters | Reprodução/Youtube)
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Por Paulo Henrique Arantes, para o 247 - Se a insensatez da realização da Copa América no Brasil fosse inevitável, a única forma de torná-la minimamente segura contra a propagação do coronavírus seria a implantação de protocolos semelhantes aos da “bolha da NBA” (National Basketball Association), a liga americana de basquete profissional. É o que diz o epidemiologista Naomar de Almeida Filho, professor e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia.

“A pergunta é se a intenção do governo é realmente sincera no sentido de promover segurança”, questiona Naomar. E prossegue: “Ninguém sabe que formato e que soluções pensaram. Primeiro, tomaram a decisão política de acolher a Copa América e depois vão, como sempre fazem, manipular os desejos do povo fã de futebol”.

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De todo modo, não se imaginam os profissionais que assessoram o Governo Federal, tampouco os iluminados da Conmebol e da CBF, desenvolvendo práticas tão rigorosas e detalhistas quanto às que caracterizaram a “bolha da NBA” no ano passado. Nem haveria tempo para tanto.

A NBA colocou todos os jogadores, técnicos, juízes e equipes de apoio – mais de 4 mil pessoas - trancados em complexos hoteleiros por três meses, sendo testados diariamente. Os prestadores de serviço que porventura entravam nos locais eram testados por RT-PCR e ficavam isolados nas dependências por 48 horas. A entrada de familiares foi permitida apenas após a primeira rodada dos playoffs. Para receber convidados, o atleta tinha de arcar com os custos de reserva de um quarto adicional e os visitantes ficavam em isolamento por uma semana, além de serem submetidos a dois testes de Covid-19 em um período de três dias até serem liberados. O esquema movimentou 170 milhões de dólares e, após os 100 dias, havia zero caso de Covid-19 entre os internos.

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Especialista em Direito Sanitário e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Fernando Aith vê a Copa América no Brasil como “mais um disparate promovido pelo Governo Federal sob a batuta do presidente da República”.

“É impossível executar uma competição internacional desse porte, reunindo 10 delegações de 10 países, pelo menos quatro sedes em diferentes estados brasileiros, e não encarar isso como uma ampliação do risco de disseminação do coronavírus”, afirma Aith.

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Trata-se, para o professor, de mais um movimento que corrobora a tese de um estudo por ele coordenado, ao lado das professoras Deisy Ventura e Rossana Reis, no âmbito da USP, mostrando que o Governo Federal tem uma estratégia de disseminação do vírus. “Ele (o governo) não perde uma oportunidade de reforçar sua estratégia e colocá-la em prática. Compete às instituições de controle tentar barrar esse tipo de iniciativa”, salienta.

A CPI da Covid já condenou a iniciativa bolsonarista. Há também uma ação movida pelo PSB no Supremo Tribunal Federal contra a realização da Copa América no Brasil. Aguarda-se posicionamento da corte.

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“Com a Copa América, o Brasil pode virar um laboratório de novas cepas do cornonavírus, como, aliás, já viramos: somos responsáveis por uma das cepas mais letais que já surgiram nesta pandemia. Com isso, a gente tende ainda a aumentar o risco de termos uma nova cepa sendo gerada. Por qualquer ângulo que se lhe, não há justificativa para o Brasil ter aceito sediar a Copa América”, adverte Aith.

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