Alckmin e Márcio França esqueceram que energia é um bem público, diz sindicato
Eletricitários resistem à tentativa de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp); segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do estado, Carlos Alberto Alves, o governo paulista esqueceu que "a energia é um bem público, essencial à sociedade, e as usinas fomentam o desenvolvimento nos locais em que estão instaladas"
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247- O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia-Campinas), Carlos Alberto Alves, afirmou que a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que já foi a maior empresa de energia do país quando criada em 1966, vem sendo desmantelada desde 1996 com o Programa Estadual de Desestatização (PDE), sob o comando de Alckmin, que era à época vice-governador de Mário Covas (PSDB). O executivo paulista, sob o comando de Marcio França (PSB) e com apoio do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), prepara a venda das três últimas hidrelétricas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que hoje são responsáveis pelo atendimento de 800 mil consumidores – o equivalente ao número de habitantes das cidades de Santos e Guarujá (SP). A privatização poderá impactar ainda na demissão de cerca de 800 trabalhadoras e trabalhadores.
“O governo de São Paulo trabalha com a máxima de que não é obrigado a fazer a gestão da energia e colocou a Cesp à venda. Eles esquecem de que energia é um bem público, essencial à sociedade, e as usinas fomentam o desenvolvimento nos locais em que estão instaladas”, lembra o dirigente.
A Cesp teve lucro líquido de R$ 341 milhões no segundo trimestre deste ano, montante 410% superior ao lucro obtido no mesmo período do ano passado, de R$ 66,8 milhões. Apesar do saldo positivo, o governo de São Paulo quer entregar aos investidores a sua fatia controladora das hidrelétricas Porto Primavera, Paraibuna e Jaguari, calculada em R$ 4,7 bilhões, no leilão marcado para o dia 2 de outubro.
Para tentar barrar o processo de privatização, o Sinergia prepara uma série de manifestações, em setembro, onde estão localizadas as três hidrelétricas. Além disso, atuam em diversas frentes para barrar a privatização e o prejuízo aos trabalhadores e à população, entre elas:
- a construção de um Acordo Coletivo (assinado na última segunda-feira, 20) que dá proteção contra demissões por três anos e, assim, preserva a mão de obra qualificada e a prestação de serviço eficiente para a população;
- o fortalecimento dos movimentos que lutam contra a privatização em conjunto com a sociedade civil organizada, a população ribeirinha e impactada pelas hidrelétricas, além das prefeituras, com o intuito de alertá-los sobre os impactos que a venda da Cesp poderá causar;
- a atuação na Assembleia Legislativa do Estado junto à Frente Parlamentar contra a privatização;
- inserções na Anael, a Agência Reguladora, demonstrando os prejuízos que a privatização acarretará para a sociedade como um todo;
- e ações jurídicas que apontam erros no processo legal de privatização, como a realização de audiências públicas distantes dos locais de interesse da população atingida.
“Nós questionamos o motivo das audiências sobre a privatização serem todas em São Paulo, tão longe da população atingida pela venda. A hidrelétrica de Porto Primavera, por exemplo, fica na cidade de Rosana, distante cerca de 800 km da capital paulista. Jaguari fica em São José dos Campos (90km) e Paraíbuna (125km). Com essa distância a população interessada não participa do debate”, critica o presidente do Sinergia/Campinas.
Governos Lula e Dilma priorizaram o setor elétrico
Segundo o presidente do Sinergia-Campinas, ao contrário do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), que coloca para a população pagar toda e qualquer variável que aparecer no setor de energia elétrica, o governo do ex-presidente Lula fez grandes investimentos no setor.
“Lula, além de investir pesadamente no setor elétrico, colocou na conta das empresas o ônus das variáveis, e subsidiava o valor da conta para a população”, lembra o dirigente.
Já no governo Dilma Rousseff, a ex-presidenta decidiu que as usinas não poderiam continuar cobrando do consumidor pela amortização dos ativos já pagos.
“Se uma empresa investiu R$ 1bilhão e ao longo do tempo esse valor já foi pago pelos consumidores não tem sentido a sociedade continuar pagando a mais nas contas de luz“, diz Carlos Alberto Alves.
Segundo o dirigente, os empresários e governadores do PSDB criticaram a Medida Provisória 589, de Dilma, que reduziu em até 20% o valor das contas dos consumidores e criou cotas de energia para as empresas.
“Alckmin, Beto Richa, ex-governador do Paraná, e Antonio Anastacia, ex-governador de Minas, foram contra e boicotaram o projeto de Dilma e as usinas não amortizadas foram devolvidas à União. Depois disso, houve o golpe e o resultado final a gente conhece - o impeachment de uma presidenta eleita democraticamente com 54 milhões de votos e as constas de luz aumento muito acima da inflação”, conclui Carlos Alberto.
Ex- presidente responde a processo por desvio de dinheiro
O ex-presidente da Cesp Laurence Casagrande Lourenço foi preso após a deflagração de uma operação da Polícia Federal, no dia 21 de junho deste ano, para prender 15 suspeitos de terem participado de desvio de R$ 600 milhões nos gastos das obras do trecho norte do Rodoanel Mário Covas. Laurence dirigia a Dersa na época do desvio de dinheiro.
Após ser preso, ele renunciou à presidência da Cesp para responder ao processo. No lugar dele assumiu interinamente o diretor financeiro Almir Martins.
*Com informações da CUT
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