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Boff condena intolerância e defende respeito à democracia

Ao longo de sua palestra no Salão Nobre da Assembleia de Minas, Leonardo Boff condenou “a onda de pessimismo, desalento, ódio e espírito de vingança” que têm pautado o cenário político nacional, atribuindo-os ao inconformismo de parte da sociedade que não aceita as políticas de inclusão social; Ao final do encontro, ele defendeu as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma, disse que o cenário atual “é de crise, mas não de tragédia” e que a crise “purifica e permite um salto à frente”

Leonardo Boff (te�logo, escritor e professor universit�rio), C�sar Cristiano de Lima (subsecret�rio de gest�o da Estrat�gica Governamental da Secretaria de Estado de Planejamento e Gest�o) (Foto: Luis Mauro Queiroz)
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ALMG - A defesa do Estado Democrático de Direito, da cultura da paz e de valores como convivência fraterna, tolerância e capacidade de diálogo, bem como o respeito à natureza e à mãe terra - “Gaia” - constituíram a tônica do discurso do teólogo e filósofo Leonardo Boff, na tarde desta sexta-feira (7/8/15), no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos. Convocada a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT), líder do Governo na Assembleia, a reunião teve por objetivo debater o tema “Democracia e participação popular e suas implicações para os direitos humanos”.

Ao longo de sua palestra, o principal convidado do encontro condenou “a onda de pessimismo, desalento, ódio e espírito de vingança” que têm pautado o cenário político nacional, atribuindo-os ao inconformismo de parte da sociedade que não aceita as políticas de inclusão social. Ao final do encontro, ele defendeu as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma, disse que o cenário atual “é de crise, mas não de tragédia” e que a crise “purifica e permite um salto à frente”.

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Depois, em entrevista à imprensa, disse que é preciso “sobrepor aos interesses partidários particulares o interesse público e coletivo da nação” e ressaltou que algumas manifestações são “perigosas, excludentes e até fascistas”. Para Boff, são inaceitáveis o desrespeito e as expressões obscenas dirigidas à presidente Dilma Rousseff.

Segundo Boff, “os preconceitos, a intolerância e o ódio” disseminados na sociedade evidenciam “conflitos e tensões de classe”. Logo no início de seu pronunciamento, o teólogo fez menção à recente entrevista do ex-ministro Bresser Pereira, do PSDB, à Folha de S. Paulo, segundo o qual em seus mais de 80 anos de vida nunca tinha visto, no País, tanto ressentimento e tanto ódio de ricos contra pobres. A causa disso, segundo o ex-ministro, seria a ascensão “dos que sempre viveram no andar de baixo” e que passaram “a ocupar espaços antes nunca ocupados”. “Os que eram invisíveis antes se tornaram visíveis diante de fatos novos de amplitude histórica em nosso País”, disse Boff.

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“A história dos direitos humanos é sempre dos fracos contra os fortes; e da defesa da vida, que é um valor supremo, o que implica alimentação, trabalho, saúde”, disse ele, lembrando que tudo isso está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Entretanto, frisou, a entidade não se lembrou de deixar claro quem deverá fazer a vigilância para que esses valores sejam assegurados. Por isso, disse, a democracia é um valor universal, que deve ser construído permanentemente. Um valor que se apoia em dois eixos: igualdade entre todos e respeito incondicional aos direitos humanos. Esses direitos, segundo ele, incluem os pessoais, sociais e dos povos.

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Citando vários trechos da encíclica do Papa Francisco, defendeu o amor à terra, que chama de “Gaia”, criticando a devastação do homem sobre a natureza. “Temos que moderar nossa voracidade, produzir para atender às demandas dos homens, mas não devastando o ecossistema, e sim respeitando os ciclos da natureza. Ao pensar os direitos humanos, devemos pensar os seres humanos dentro dessa realidade”, resumiu, ressaltando que a Terra tem capacidade para alimentar 10 bilhões de pessoas. Contudo, segundo ele, o atual modelo predatório faz com que uma criança norte-americana se alimente com o equivalente ao que é dividido por 33 crianças africanas.

Secretário e deputados defendem direitos constitucionais

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O secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação e Cidadania, Nilmário Miranda, observou que a Constituição da República em vigor, de 1988, possibilitou grandes avanços sociais, como os direitos das mulheres e das crianças e adolescentes, agora ameaçados por grupos que querem “fazer o Brasil regredir ao século XIX”. Ele criticou abertamente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), devido “ao clima de revanchismo” que estaria sendo estimulado pelo parlamentar, que classificou como "perverso". Ele condenou também o sistema “degradado e degradante” do financiamento político-eleitoral no País.

Nilmário Miranda disse ainda que não basta ter uma boa Constituição, pois “as leis têm que sair do papel e se tornar políticas públicas universais”. Mais do que isso, disse, os direitos e conquistas sociais têm que ser reconstruídos cotidianamente para transformar a vida das pessoas.

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O deputado Durval Ângelo afirmou que depois de 21 anos de ditadura militar, em que imperaram a tortura e o desrespeito aos direitos humanos, o País alcançou conquistas sociais importantes. Ele lamentou, porém, a intolerância, o preconceito e a radicalização, com ameaças ao estado democrático de direito.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Cristiano Silveira (PT), que conduziu a reunião, agradeceu a participação do teólogo Leonardo Boff e disse que as reflexões feitas por ele convidam a uma mobilização, de forma que as pessoas se assumam como cidadãs de fato, apropriando-se dos espaços coletivos na perspectiva da consolidação da democracia e dos direitos.

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A deputada Marília Campos e a deputada Geisa Teixeira, ambas do PT, lembraram que nesta mesma data os movimentos sociais comemoram os nove anos da Lei Maria da Penha, que trata dos crimes de violência contra a mulher, segundo elas uma importante conquista social dos últimos anos. Elas também criticaram os que se empenham em reduzir direitos em vez de ampliá-los.

O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que o País tem muito a comemorar do ponto de vista social, durante os governos Lula e Dilma, mas admitiu que também precisa acertar o passo, fazer ajustes e refletir sobre erros e acertos. Contudo, considerou inaceitáveis as alegações da oposição de que estaria tudo errado. Segundo ele, o País está diante de um desafio e cabe aos que o governam reconhecer as tensões, dialogar e buscar soluções.

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