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Epilepsia. Tão frequente e tão mal conhecida

Ela atinge 2,4 milhões de novos pacientes a cada ano em todo o mundo, mas muitas vezes é difícil de ser diagnosticada, a tal ponto essa doença assume mil e uma faces variadas.

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Por Soline Roy – Le Figaro

 

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Existem cerca de 50 milhões de epilépticos no mundo, meio milhão dos quais apenas na França; a metade deles tem menos de vinte anos. A crise resulta de uma descarga anormal e simultânea de milhares de neurônios por causa de um desequilíbrio entre diferentes neurotransmissores, os compostos químicos encarregados de transmitir informações entre os neurônios. Tomadas entre neurotransmissores excitadores e seus “companheiros” inibidores, as redes neuronais colapsam, de modo localizado ou generalizado a todo o córtex.

 

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Há dezenas de epilepsias

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Sob essa definição se escondem mil causas, mil formas e mil prognósticos. O grande público geralmente conhece apenas a “grande crise convulsiva”: gritos, convulsões, baba e perda de consciência. Conhece também todo o cortejo medos e crendices que acompanham essa moléstia. Mas na verdade “existem dezenas de tipos de epilepsia”, explica a doutora Mihaela Vlaicu, epileptologista e pesquisadora no hospital Pitié-Salpêtrière (Paris).

A causa subjacente pode ser conhecida (uma lesão cerebral, m tumor, etc) ou não, ou então pode ser uma causa simplesmente suspeitada. A genética fez grandes progressos e “novos genes que explicam a epilepsia são regularmente descobertos”, continua a doutora Vlaicu. A mesma modalidade da doença pode ser clemente em um paciente e provocar dezenas de crises todos os dias em um outro. E duas epilepsias com manifestações semelhantes podem se referir a síndromes muito diferentes. Por isso o diagnóstico correto é essencial, pois os medicamentos correntemente utilizados contra certas epilepsias podem ser causa de agravamento em outras. “A epileptologia é uma especialização dentro de uma especialização”, esclarece a doutora Vlaicu.

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Algumas síndromes são raras: a mesma médica evoca as epilepsias induzidas pela simples leitura de um livro, ou ainda a daquele paciente que “tinha uma crise quando ouvia música e não queria consultar um especialista por medo de ser diagnosticado esquizofrênico. Ele tinha na verdade uma pequena lesão cerebral, que pode ser facilmente operada e corrigida”.

 

 

As ausências, sobretudo nos mais jovens

A ausência diz respeito sobretudo às crianças e aos jovens adolescentes. “O paciente fica paralisado durante alguns segundos, o olhar fixo, e pode deixar cair algum objeto que tenha nas mãos”. Essas ausências podem algumas vezes acarretar pesadas consequências, mas com demasiada frequência são atribuídas à preguiça ou distração por um professor ou um meio social não esclarecido. Quanto as mioclonias (contrações involuntárias bruscas e descoordenadas de um músculo ou de grupos musculares), quem as apresenta corre o risco de ser simplesmente classificado como um banal desajeitado.

Presidente da Associação Epilepsia-França, a médica Laila Ahddar recomenda que uma consulta a um epileptologista seja sistematicamente prevista todas as vezes em que há suspeita de uma epilepsia. “É preciso ainda que um médico encaminhe o paciente suspeito a um hospital”, alerta a médica. “Essas síndromes são particularmente problemáticas para as mulheres jovens, sujeitos a muitos diagnósticos diferenciados, como a tetania, ou com os pediatras que muitas vezes querem ‘conservar’ seus pacientes e acreditam saber como medicá-los”. E quando, finalmente, o paciente é encaminhado para um especialista, ele deve se munir de paciência. “Na França. Entre uma passagem pela emergência hospitalar e os primeiros encontros num serviço especializado, podem decorrer entre dois e seis meses, segundo a região do país”, deplora Laila Ahddar.

 

 

Perde-se muito tempo, e a epilepsia é um mal que deve ser considerado e medicado rapidamente, sob o risco de se agravar. “Podemos dizer que a crise provoca a crise, e ocorrem modificações eletrofisiológicas, anatômicas, etc. O paciente não deve esperar muito para ser atendido.

Três gerações de medicamentos

E no entanto, o que não faltam são remédios. “Três gerações de medicamentos já existem e uma quarta está chegando agora. Cada uma delas, ao ser oferecida ao público, acarretou um índice menor de efeitos secundários que a precedente”, informa a doutora Vlaicu.

Às vezes é preciso mixar várias moléculas, mas para 70% dos pacientes, isso já basta. Se, apesar de um diagnóstico corretamente feito, a epilepsia resiste durante mais de um ano a pelo menos dois medicamento prescritos em doses elevadas, ela será chamada de “farmacorresistente”.

 

 

Outros recursos poderão então ser empregados: a cirurgia cerebral, reservada apenas a alguns pacientes, “muito eficaz e bem dominada pelos especialistas”, segundo a doutora Vlaicu. O regime cetônico, que consiste em suprimir da alimentação a maior parte dos glicídios para preservar os lipídios, é eficaz para certas crianças; ela é porém complicada, difícil de ser acompanhada a longo prazo e provavelmente menos eficaz nos adultos, razão pela qual ela quase nunca é preconizada.

A estimulação do nervo vago permite diminuir a frequência das crises. Com 70 mil doentes operados no mundo, dos quais 2600 na França, “estamos muito atrasados, admite a doutora Vlaicu. A técnica é bastante fácil, mas ainda praticada apenas por um n’mero muito restrito de neurocirurgiões. Trata-se de instalar no tórax uma caixinha que envia com regularidade sinais e impulsos ao nervo vago, que passa pelo pescoço e em seguida se religa ao tronco cerebral, através do tálamo, o córtex. “Sejamos claros, sorri a doutora Vlaicu: estamos com a cabeça cheia de ideias, mas não sabemos porque elas dão certo”.

 

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