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Ipea reforça Haddad: carro deve subsidiar ônibus

Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas, da Fundação Getúlio Vargas, aponta aumento de 192%, entre 2000 e 2012, nas tarifas de ônibus; preço dos automóveis, motos, manutenção e multas subiu, em média, 44% no mesmo período, bem abaixo da inflação de 125%; privilégio ao transporte individual sobre o coletivo é gritante; "Enquanto o carro não subsidiar o ônibus sempre haverá distorção nas tarifas", diz o prefeito; ele defende a municipalização da Cide para baratear as passagens; prefeito levou proposta de aplicação local dos recursos do imposto sobre os combustíveis à presidente Dilma Rousseff

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247 – Estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, da FGV, que acaba de ser divulgado confirma a tese do prefeito Fernando Haddad, de São Paulo, de que só o subsídio ao transporte coletivo, a ser promovido com recursos extraídos do transporte individual, pode baratear as tarifas de ônibus e, ao mesmo tempo, dar condições aos municípios para melhorarem seus sistemas urbanos.

De acordo com o Ipea, entre 2000 e 2012 o transporte privado ficou mais barato, em termos de elevação percentual, que o transporte coletivo nos últimos anos, numa diferença gritante. Enquanto o custo de automóveis, motos, manutenção e até multas de trânsito subiu, em média, 44% nesse período, o valor das tarifas de ônibus ficou mais cara nada menos que 192%, ou seja, quase cinco vezes mais. No período, a inflação subiu 125%.

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"Não é a toa que as coisas chegaram a esse ponto de insatisfação popular", comentou o pesquisador Carlos Henrique de Carvalho, responsável pelo levantamento. "A sociedade está cobrando soluções para que a gente tenha transporte mais barato e de mais qualidade. Conseguir isso com o sistema de hoje, todo baseado em tarifa é praticamente impossível".

SUBSÍDIO BARATEIA TARIFA - O levantamento do Ipea dá nova sustentação ao prefeito Haddad sobre a melhor maneira de atacar a alta das tarifas de ônibus. Desde janeiro, ele tem defendido a tese de que o transporte particular deve subsidiar o transporte público.

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"Já sabíamos que o custo da gasolina era estável, enquanto que o custo da passagem de ônibus apontava um crescimento substancial", diz. Para ele, o mecanismo eficiente para promover o subsídio é a municipalização da CIDE, que incide sobre o consumo de gasolina. "Tenho estudos que mostram que um aumento de R$ 0,10 na CIDE pode representar um recuo de R$ 0, 23 na tarifa de ônibus" – diz o prefeito.

Haddad já conversou com o assunto com a presidente Dilma Rousseff, que ficou de estudar a proposta e solicitou ao prefeito um estudo que resguardasse a impressão que a municipalização da CIDE, redistribuída de acordo com o consumo médio de gasolina de cada cidade não tenha impacto inflacionário. O prefeito de São Paulo está convencido disso e mais, acredita com base em estudo da FGV que a medida é deflacionária. O estudo deve ser encaminhado à presidente nos próximos dias.7

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A Cide seria cobrada apenas nas regiões metropolitanas e usada exclusivamente para o sistema local de transporte: os donos de carro de São Paulo, por exemplo, subsidiariam, assim, o transporte público de sua cidade. É o que Haddad chama de "subsídio direto cruzado".

GOVERNO FEDERAL RELUTANTE - A proposta já foi levada a Brasília e apresentada em encontro dos prefeitos de capitais, com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB). O governo federal, no entanto, não admite acolhê-la, por temer a alta da inflação. Haddad argumenta que a redução das tarifas compensaria o impacto do aumento dos combustíveis. 

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O último aumento da passagem em São Paulo foi em janeiro de 2011. Haddad pretendia reajustar o preço no começo deste ano, mas segurou a medida a pedido da presidente Dilma Rousseff para ajudar a conter a inflação.

O modelo de financiamento do transporte público essencialmente pela tarifa cobrada do usuário está esgotado, na avaliação do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada). A pesquisa aponta que no Brasil o financiamento do transporte público urbano é, em geral, 100% financiado pelos usuários por meio da tarifa. No caso de São Paulo, esse índice é de 80%. Na média das cidades europeias, é 50%, mostra a pesquisa.

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O pesquisador Carvalho considera que não é possível melhorar a qualidade do transporte público sem ampliar as fontes de receita do setor. Para ele, a sociedade deve bancar o custo do ônibus, porque todos se beneficiam dele, inclusive as indústrias e o comércio, já que empregados e consumidores usam o meio para se deslocar.

TARIFA AFASTA USUÁRIO DOS ÔNIBUS - Para o pesquisador do Ipea, o barateamento do transporte privado em relação ao público é a principal causa da redução do número de usuários de ônibus no período. Do final dos anos 90 até hoje, o número de pessoas que andam de ônibus caiu de 20% a 25% no Brasil, afirma o pesquisador. Segundo ele, esse é um dos fatores que leva ao aumento das tarifas de ônibus, pois significa que menos gente terá que pagar pelo mesmo serviço.

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Além disso, destaca Carvalho, houve aumento do preços de insumos usados no transporte de ônibus, muitos deles fornecidos por oligopólios. Já o diesel ficou mais caro devido a retirada de subsídios públicos ao combustível após o fim do monopólio estatal sobre o setor de petróleo.

Por outro lado, o transporte privado foi beneficiado por políticas públicas como a redução do IPI sobre veículos, o controle do preço da gasolina, que desde 2000 subiu abaixo da inflação, e o barateamento do crédito. Segundo Carvalho, o aumento da frota de veículos nas ruas encarece o transporte público, ao aumentar o congestionamento, exigindo que as empresas de ônibus tenham mais veículos rodando para cumprir os trajetos e horários estabelecidos. Em São Paulo, estima, os engarrafamentos respondem por 25% do custo do transporte de ônibus.

"É justo, então, que o usuário de automóveis pague parte do custo do ônibus. A melhor forma seria taxar mais o uso do carro", afirma Carvalho, que defende que a produção não tenha elevação de carga tributária.

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