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Iran Barbosa: "há vereadores reacionários, com saudades da ditadura"

O líder da oposição na Câmara de Vereadores de Aracaju, Iran Barbosa (PT), critica, em entrevista exclusiva ao Sergipe 247, os vereadores que querem se colocar contra manifestações populares, como a do movimento Não Pago, contra o reajuste da passagem, e a dos professores, em manifestação ao não-pagamento do piso salarial e por melhores condições de trabalho; ele também critica a ação do prefeito João Alves Filho no parlamento e a derrubada de sugestões da oposição, sem qualquer explicação clara; para Iran, João deve inaugurar uma nova fase na capital; quanto à sucessão eleitoral em 2014, ele não diz amém para a candidatura de Jackson Barreto ao Governo: "tem que ser fruto de um processo interno e democrático de debate e tomada de decisão"

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Valter Lima, do Sergipe 247 - O vereador Iran Barbosa (PT), foi escolhido por consenso, nesta semana, líder da oposição na Câmara Municipal de Aracaju. E isto não ocorreu por acaso. Político experiente, habilidoso, inteligente e extremamente minucioso em seus discursos, apartes e ponderações em plenário, o petista critica em entrevista exclusiva ao Sergipe 247 o rolo compressor do prefeito João Alves Filho (DEM), seu líder no parlamento, o vereador Manuel Marcos (DEM) e a bancada que dá sustentação à administração municipal. 

Segundo Iran, as contribuições da oposição têm sido ignoradas por, simplesmente, serem da oposição. "Temos que lamentar que, muitas vezes, a bancada da situação sufoque, com sua maioria, as contribuições da oposição com vistas a melhorar as iniciativas do Executivo que tramitam naquela casa. Em relação à liderança do governo, acredito que os fundamentos necessários para a sustentação de determinadas posições da situação precisam melhorar. É ruim assistirmos a episódios de retaliação, por parte dele, a iniciativas de parlamentares da oposição apenas pela sua origem", afirma.

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O petista também reage a posições, que ele próprio denomina como "reacionárias", de colegas de parlamento, como do vereador Renilson Félix (DEM), que sugeriu a participação da Secretaria da Segurança Pública no protesto feito contra a Câmara, e do vereador Agamenon Sobral (PRTB), que sugeriu ao prefeito cortar o ponto dos professores que aderissem à paralisação. "São atitudes conservadoras e totalmente fora de sintonia das relações democráticas conquistadas pelo povo brasileiro após os terríveis anos da ditadura em nosso país. São posições reacionárias que poderiam prosperar em tempos de arbítrio, mas que não podem ser consideradas quando estamos sob a égide do Estado Democrático de Direito. Tem muita gente que tem saudade da ditadura. Que eles nunca vejam essa sua saudade satisfeita!", alfinetou.

Nesta entrevista, o líder da oposição analisa os primeiros quatro meses da administração demista ("acho que é necessário o governo municipal inaugurar uma nova fase"); responde à critica do ex-vereador Fábio Mitidieri, de que ele não era o melhor nome para ser o representante da bancada ("dizer que essa decisão está errada é uma manifestação absurda e sem qualquer fundamento. Fábio Mitidieri não se reelegeu e, portanto, não tem voto nesse processo") e ainda fala sobre a sucessão governamental de 2014, no Estado ("a definição de qualquer nome para a disputa eleitoral deve ser fruto de um processo interno e democrático de debate"). Confira a entrevista na íntegra:

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Sergipe 247 – Como se deu a escolha do seu nome para a liderança da oposição na Câmara? Foi consensuado? Quem integra a oposição hoje? Max é considerado da oposição?

Iran Barbosa - A escolha ocorreu por consenso entre os integrantes da bancada. Todos os vereadores de oposição concordaram e assinaram o documento que comunicou a decisão à Mesa Diretora da casa. A bancada de oposição, atualmente, é composta por mim e pelos vereadores Emanuel Nascimento, Emerson Ferreira, Lucas Aribé e Lucimara Passos. Desde a convocação extraordinária, ocorrida no início do ano, que o vereador Max Prejuízo vota com a bancada de apoio ao Executivo. Ele não integra, portanto, a bancada de oposição.

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247 – Como tem sido a relação da bancada de oposição com a bancada de situação? E como está a relação com o líder do Governo e com o presidente da Casa, Vinicius Porto?
IB - De nossa parte, a relação tem sido respeitosa e republicana, com muito embate, quando as divergências precisam ser explicitadas debatidas e defendidas; mas, com tranquilidade, quando as pautas são de interesse coletivo. A oposição não se omite de explicitar suas posições nas disputas parlamentares, demarcando seu papel e votando de acordo com as necessidades do povo. Temos que lamentar que, muitas vezes, a bancada da situação sufoque, com sua maioria, as contribuições da oposição com vistas a melhorar as iniciativas do Executivo que tramitam naquela casa. Em relação à liderança do governo, quero emitir um juízo pessoal e não da bancada. Acredito que os fundamentos necessários para a sustentação de determinadas posições da situação precisam melhorar. É ruim assistirmos a episódios de retaliação, por parte da liderança do governo, a iniciativas de parlamentares da oposição apenas pela sua origem. Quanto à presidência do Vereador Vinícius Porto, nós, da bancada de oposição, temos procurado contribuir para o seu acerto, advertindo e contestando medidas tomadas ao arrepio da Lei Orgânica e do Regimento Interno, como fizemos, recentemente, por ocasião do grande equívoco que resultou na votação do aumento do preço da passagem dos ônibus. Contudo, devo dizer que, pessoalmente, tenho sido surpreendido positivamente por posições do vereador presidente que vão no caminho acertado de atuar naquele poder, buscando envolver os parlamentares em medidas executivas da Mesa e assegurando a necessária igualdade de tratamento no cotidiano parlamentar.

247 – Passados os quatro primeiros meses da administração João Alves, o que o senhor depreende da relação dele com o parlamento?
IB - O Prefeito João Alves Filho precisa melhorar suas inserções junto ao Legislativo, evitando o encaminhamento de projetos que, pela urgência e volume impostos aos parlamentares, dificultam uma participação qualificada dos representantes do povo na apreciação de matérias submetidas ao seu crivo. Foi assim durante a convocação extraordinária e repetiu-se esse modelo pouco democrático na votação das últimas matérias submetidas à Câmara de Vereadores. Isso não é bom para o Executivo, porque dificulta a correção de erros cometidos ao encaminhar proposituras ao parlamento. Não é bom para a bancada que lhe oferece sustentação, porque vota sem um maior aprofundamento das matérias. É ruim para a nossa bancada de oposição, que precisa correr duas vezes mais para não permitir que absurdos sejam aprovados sem debates e propostas de emendas. E, principalmente, é ruim para o povo, que vê os fundamentos democráticos da autonomia entre os poderes serem fragilizados, pagando pelos erros da falta dos “freios e contrapesos” necessários à relação entre poderes.

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247 – E em relação ao andamento da administração? O que o senhor vê de positivo e de negativo na gestão da prefeitura de Aracaju pelo DEM?
IB - Eu tive oportunidade, por ocasião dos cem dias de governo João Alves à frente da Administração Municipal de Aracaju, de emitir, da tribuna da Câmara, a minha avaliação. Disse lá e repito agora: Acho que é necessário o governo municipal inaugurar uma nova fase. É preciso sair da fase do diagnóstico e ingressar na fase da solução dos problemas. O povo de Aracaju aguarda essa nova fase.

247 – Que temas deverão pautar as discussões da Câmara neste ano? O que a oposição levanta como prioridade?
IB - Este ano é um ano de definição da política orçamentária de médio prazo, com a discussão e aprovação do Plano Plurianual. Nós da oposição temos cobrado do Executivo a realização da Licitação do transporte coletivo para tentarmos corrigir a falta de qualidade na oferta desse serviço à população. Precisamos assegurar a revisão do Plano Diretor de forma democrática e participativa e temos que assegurar uma política permanente de qualificação do serviço público com valorização profissional dos servidores. Essas são algumas das pautas que estamos e continuaremos priorizando para este ano.

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247 – O que o senhor responde ao ex-vereador Fábio Mitidieri que criticou a escolha do senhor para ser líder da oposição? (veja o que ele disse, através do Twitter: "Na CMA a oposição só tem tido uma única voz, @Lucimara_Passos ! Escolher Iran como líder, mesmo inteligente e coerente como é, esta errado! Líder toma a frente nos embates, defende seu agrupamento, protege a bancada e não tem medo de se expor! @Lucimara_Passos é o exemplo na CMA!")
IB - Veja!A decisão em torno do meu nome para liderar a bancada de oposição foi tomada por quem tem legitimidade para fazê-lo: a própria bancada. Portanto, dizer que essa decisão está errada é uma manifestação absurda e sem qualquer fundamento. Se for errado os vereadores de oposição escolherem o seu líder, o que é certo? Deixar que Fábio Mitidieri ou qualquer outra pessoa alheia à bancada faça essa escolha? Fábio Mitidieri não se reelegeu e, portanto, não tem voto nesse processo; tem apenas opinião, o que eu respeito. A vereadora Lucimara tem sido uma brava e combativa vereadora de oposição. Tem utilizado a sua experiência na Administração municipal para debater, discutir, enfrentar e defender posições. E ela sempre defendeu como correta a minha escolha para liderar a bancada. Sugiro ao ex-vereador Fábio Mitidieri que acompanhe melhor a imprensa e os trabalhos na Câmara Municipal, dessa forma ele poderá ver com facilidade que a oposição naquele Poder é pequena, mas não tem apenas uma voz. Dizer isso é negar a realidade cotidiana de embates naquela casa. Ademais, concordo que para liderar é preciso tomar a frente nos embates, defender seu agrupamento e não ter medo de se expor. Eu pergunto ao ex-vereador: Que aspecto da minha história de vida, na política e fora dela, me distancia dessas características? Se ele puder citar algum, faça-o. Caso contrário, talvez tenha que reconhecer que eu me encaixo no perfil que ele mesmo traça para um líder de oposição.

247 – Quais são as demandas mais recorrentes apresentadas pela população aos vereadores?
IB - Eu não posso falar pelos demais colegas, mas, com relação ao mandato que represento, as principais demandas estão focadas na defesa da qualidade do serviço público e na valorização dos seus servidores; na busca da melhoria do espaço urbano da nossa cidade e das políticas públicas municipais; na preocupação com a transparência e com a ética no exercício da política e na defesa dos princípios democráticos. Além disso, sou muito demandado pelas pautas gerais dos trabalhadores, que vislumbram, no nosso mandato, uma caixa de ressonância das suas bandeiras de luta.

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247 – Como o senhor acredita que se encaminhará o debate sobre o transporte público, principalmente, no que diz respeito à licitação e ao aumento da tarifa?
IB - Eu defendo a realização imediata da Licitação, em respeito aos ditames da legislação vigente no Brasil e defendo o controle social sobre o sistema de transporte coletivo, condição indispensável para que o valor da tarifa cobrada à população seja mais justo do que o que é praticado atualmente.

247 – Como o senhor vê posições polêmicas de colegas de parlamento, como querer entregar à SSP gravações dos jovens que protestaram no dia da votação do reajuste da passagem, e defender o corte de ponto de professores que estão em manifestação?
IB - Vejo como uma atitude conservadora e totalmente fora de sintonia das relações democráticas conquistadas pelo povo brasileiro após os terríveis anos da ditadura em nosso país. Não são posições polêmicas. São posições reacionárias que poderiam prosperar em tempos de arbítrio, mas que não podem ser consideradas quando estamos sob a égide do Estado Democrático de Direito que assegura, entre outros avanços que desagradam a esses setores da política, a livre manifestação e a livre organização sindical. Tem muita gente que tem saudade da ditadura. Que eles nunca vejam essa sua saudade satisfeita!

247 – Em 2014, na sua análise, como deverá se comportar o PT? O apoio a Jackson é consenso? O legado de Marcelo Déda é suficiente para garantir – ou pelo menos, auxiliar - a vitória?
IB - Defendo que o PT mantenha sua posição respeitosa de liderança no diálogo com os aliados históricos e de esquerda. Defendo, também, que a definição de qualquer nome para a disputa eleitoral vindoura seja fruto de um processo interno e democrático de debate e tomada de decisão, para que possamos dialogar com os nossos aliados. E, sei que quem vai avaliar o legado do governo liderado pelo companheiro de partido Marcelo Deda é o povo, que decidirá soberanamente nas urnas.

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