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Leonardo Boff: 'papa Francisco quer saber como Lula diminuiu desigualdade no Brasil'

Referência teológica para o papa Francisco, o escritor Leonardo Boff afirma que o encontro entre Lula e Francisco será histórico. Ele diz: ""é o encontro de dois grandes carismáticos, líderes reconhecidos mundialmente. Isso será bom para o papa, que colherá a experiência do Lula no processo de diminuição da desigualdade. Para o Lula, será importante encontrar-se com o papa, que tem as mesmas propostas de acusar e rejeitar esse sistema mundial que cria tantos pobres, agride a natureza e é anti-vida"

Leonardo Boff e Papa Francisco (Foto: Reprodução/Lula (site) | Reuters)
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Do Brasil de Fato - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no Vaticano onde se reunirá com o papa Francisco, nesta quinta-feira (13), para abordar temas como fome, desigualdade social e intolerância no Brasil e no mundo. Em viagem ao Vaticano no final de janeiro, o presidente argentino Alberto Fernández anunciou que o papa Francisco receberia o ex-presidente brasileiro. Lula viajou para o Vaticano na terça-feira (11).

Em entrevista ao Brasil de Fato, o teólogo brasileiro Leonardo Boff pontua que um dos grandes temas do encontro será a desigualdade social e afirma que o papa Francisco "quer perguntar a Lula como é que ele conseguiu diminuir a desigualdade no Brasil". 

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"É o encontro de dois grandes carismáticos, líderes reconhecidos mundialmente. Isso será bom para o papa, que colherá a experiência do Lula no processo de diminuição da desigualdade. Para o Lula, será importante encontrar-se com o papa, que tem as mesmas propostas de acusar e rejeitar esse sistema mundial que cria tantos pobres, agride a natureza e é anti-vida. O papa tem acusado essa desigualdade como consequência de uma forma de produzir e de explorar os trabalhadores e a própria natureza", diz o teólogo.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a pobreza no país caiu de um patamar de 42 milhões de pessoas, em 2002, para 14 milhões em 2014, ano em que o Brasil deixou o Mapa da Fome das Nações Unidas. Lula foi presidente de 2003 a 2010. A fome no país teve uma redução de 82% entre 2003 e 2014, momento em que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou que o país tinha menos de 5% da população em condição de insegurança alimentar.

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Em 2014, 4,5% da população vivia abaixo da linha de extrema pobreza, segundo o IBGE. Em 2018, a taxa alcançou 6,5%, no governo de Michel Temer (MDB), chegando a 13,5 milhões de pessoas. Desde 2015, mais de 4,5 milhões de pessoas ingressaram na faixa de extrema pobreza.

Causas fundamentais

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Leonardo Boff destaca que outro ponto fundamental na discussão de Lula com o papa será o resgate da democracia "especialmente no nosso país que é ameaçado pela intolerância e pela brutalidade das relações". O teólogo ressalta que tanto o Lula quanto a papa são líderes carismáticos com capacidade de "mobilizar as pessoas e as consciências para as causas fundamentais", como "a convivência pacífica sem ódios, sem intolerância, entre os povos da humanidade".

"O papa é sensível à democracia em toda a América Latina. E é um tema central da luta do Lula. Creio que o papa entendeu que a prisão dele foi algo político, algo que não devia ser. Não sem razão, o papa escreveu uma carta ao Lula, isso significa que houve um reconhecimento daquilo que significou a prisão", afirma o teólogo.

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Em maio do ano passado, o papa Francisco enviou uma carta em que desejou ânimo ao ex-presidente Lula. No texto, ele afirma que “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”. Na ocasião, o líder religioso disse que acredita, assim como seus antecessores, que “a política pode se tornar uma forma eminente de caridade se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas”.

Amazônia

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O teólogo Leonardo Boff destaca a Amazônia como outro ponto central na conversa entre Lula e o papa. "O papa vai perguntar ao Lula em que medida a Amazônia é fundamental para a humanidade e como ele e os governos tem que proteger esse bioma." 

Nesta quarta-feira (12), o papa Francisco publicou a exortação pós-sinodal sobre a Amazônia. Com o título Querida Amazônia, a publicação é resultado da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica, celebrada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019. 

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“Querida Amazônia”, assinada no último 2 de fevereiro e é resultado da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica, celebrada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019.

“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”, diz o texto publicado pelo papa Francisco.

Em 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, a Amazônia queimou mais que nos sete anos anteriores. Segundo dados do Inpe, foram mais de 90 mil focos de queimadas registrados no ano, uma alta de quase 30% em relação ao ano anterior.

Em uma entrevista exclusiva ao jornal argentino Página 12 no final de janeiro, Lula ressaltou o compromisso do papa com a questão ambiental e lembrou o papel da Igreja Católica na realização do Sínodo da Amazônia. “Eu fico feliz que a gente tenha um bispo latino-americano, argentino, pensando de forma tão progressista como o papa Francisco pensa”, afirmou. 

O ex-presidente também afirmou ter profundo respeito pelo pontífice e ressaltou o compromisso de Francisco na defesa dos direitos humanos.

“Eu acho que ele tem se notabilizado pela coerência. Ele tem se notabilizado na tentativa de fazer com que a Igreja Católica tenha um compromisso maior com o povo pobre. Ele tem um compromisso de defender os direitos humanos muito forte e tem feito sinais pra humanidade muito positivos”, disse Lula.

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