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Os mil primeiros dias. Eles determinam a saúde futura da criança

Opinião de especialista - O Prof. Philippe Deruelle (Hospital Universitário de Lille, CNGOF*), explica, por que o período que se inicia na concepção e vai até os dois anos de idade da criança terá um impacto significativo e determinante sobre a saúde do adulto que ele se tornará.

Os mil primeiros dias. Eles determinam a saúde futura da criança
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Por Philippe Deruelle – Le Figaro

 

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A expressão «mil primeiros dias» significa o período que se inicia na concepção até os dois anos de idade da criança. Durante este período, o bebê é particularmente vulnerável, não só por causa de sua fragilidade natural e de sua dependência dos adultos, mas também por que o ambiente que o rodeia, e às vezes o agride, vai influenciar sua futura saúde. Inicialmente, o conceito dos mil primeiros dias foi desenvolvido pela Unicef, com o objetivo de combater a desnutrição nos países em desenvolvimento, mas rapidamente ele foi estendido também aos países desenvolvidos atingidos por doenças não transmissíveis.

 

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As doenças não transmissíveis são doenças crônicas tais como doenças cardiovasculares, a obesidade, o diabetes do tipo 2, o câncer, as doenças degenerativas e mentais e as alergias, principalmente atribuíveis a fatores ambientais. Elas têm uma grande importância em termos de saúde pública nos países desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento e foram identificadas como uma ameaça importante pela Organização Mundial da Saúde. Elas representam as principais causas de morte no mundo, sendo responsáveis por 2/3 de todas as mortes anuais. Além disso, se a tendência atual se mantiver, se prevê que até 2030, as doenças não transmissíveis serão responsáveis por 80 % das doenças. Portanto, a implementação de estratégias de prevenção eficazes é urgente, porque os custos dos diagnósticos e dos tratamentos tornarão-se rapidamente proibitivos. Até agora, os esforços de prevenção têm focado principalmente em quatro fatores de risco, principalmente relacionados  aos adultos: a má alimentação, o sedentarismo, o consumo de tabaco e de álcool.

 

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Estresse, alimentação

No entanto, provas científicas diretas e indiretas mostram que os “mil primeiros dias» de vida estão no centro não apenas da futura saúde da criança, mas também no das gerações futuras. A exposição a condições ambientais desfavoráveis durante o desenvolvimento no útero e durante a primeira infância, desencadeiam adaptações que terão consequências a curto e/ou longo prazo. Por exemplo, a desnutrição na mãe - e, por outro lado, a nutrição excessiva - irão aumentar no seu futuro filho o risco de obesidade, de diabetes e de doenças cardiovasculares na idade adulta. A exposição fetal ou no início da vida, a tóxicos do meio ambiente, variando de metais pesados a produtos químicos que perturbam o sistema endócrino (perturbadores endócrinos), agem sobre o metabolismo dos adultos, as funções do sistema imunológico e do sistema  neurológico e na função reprodutiva. Graças aos avanços das neurociências, também foi possível mostrar as ligações entre o estresse psicológico na primeira infância e o surgimento posterior de doenças.

Fatores epigenéticos

Atualmente, é amplamente aceito que o período perinatal e o da primeira infância representam uma janela crítica de vulnerabilidade ao ambiente, porque se trata do período durante o qual o bebê é construído. Os principais processos biológicos e fisiológicos fundamentais são programados durante este período para toda a vida. Os mecanismos que explicam estas modificações ainda são mal compreendidos e constituem o tema central de vários trabalhos de pesquisa. Eles parecem implicar uma programação antecipada no decorrer destes «mil primeiros dias». Durante este período, a expressão de nosso patrimônio genético é extremamente influenciada pelo ambiente. Estas modificações não afetam diretamente os próprios genes, mas os elementos que controlam sua expressão é a epigenética. Os fatores epigenéticos controlam a expressão do DNA que irá fornecer as proteínas que regulam o funcionamento do corpo humano.

Um número crescente de provas sugere que a exposição no útero a poluentes ambientais, uma má alimentação ou o estresse, podem induzir mudanças epigenéticas que afetam de modo duradouro a expressão dos genes que são essenciais tanto para o desenvolvimento fetal quanto para funções fisiológicas da vida futura. Da mesma forma que os genes nos são transmitidos por nossos pais, estas modificações epigenéticas duradouras podem ser transmitidas em seguida de geração para geração.

Diante da epidemia mundial de doenças não transmissíveis, uma mudança de paradigma é necessária, para reconhecer que a preservação da saúde dos adultos e das gerações futuras deve começar na concepção no útero e continuar durante toda a primeira infância.

* Colégio nacional dos obstetras e ginecologistas da França

 

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