Paixão. Infinita enquanto dura
O Dr. Bernard Geberowicz, psiquiatra e psicoterapeuta, publicou na França “Les 7 Vertus du couple. Une alchimie particulière” (As 7 Virtudes do casal. Uma alquimia especial - Editora Odile Jacob). Para ele, a intensidade passional permanente não é possível. É preciso que sejam alternados, entre os parceiros, os tempos de descanso, até mesmo de retirada, e tempos de intensidade na fusão. A harmonia na vida a dois passa por ritmos diferentes, mas coordenados.
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Entrevista a Pascale Senk – Le Figaro
Le Figaro – Em relação às evoluções sucessivas impostas pela vida a dois, quais são as dificuldades mais frequentes encontradas pelos casais que consultam com o senhor?
Bernard Geberowicz – Me parece que uma das novas preocupações é a incapacidade de alguns para aceitar as mudanças necessariamente impostas pela vida em comum. É verdade que hoje em dia, muitas vezes os parceiros se encontram mais tarde, portanto eles têm mais dificuldades para evoluir. É por exemplo o executivo que trabalha demais; ele não quer mudar seu lazer, enquanto sua companheira deseja passar mais tempo na intimidade com ele. Então, o que fazer, uma escolha impõe necessariamente a renuncia de certas dimensões para ganhar outras. Tenho a impressão que muitos tendem a pensar que o casal vai ser adicionado como um dado a mais em suas vidas, mas sem mudar nada. Outro obstáculo novo: ao passo que há vinte anos, nos enriquecíamos com a diferença do outro, agora, tentamos ver nos perfis dos sites de namoro – alguém semelhante a nós mesmos. Estes itens tendem a «congelar» o casal.
Em quê essa imobilidade é um problema?
Um casal congelado é aquele no qual nenhum dos parceiros evolui. Ninguém traz forças de renovação no relacionamento, portanto, o casal não «funciona» direito. É a fluidez das trocas entre os parceiros que enriquece o presente e, portanto, faz com que você queira avançar em conjunto para projetos comuns, que por sua vez, trarão uma evolução positiva no relacionamento, pois o desejo e a curiosidade que eles implicam estão, portanto estimulados… O problema é que hoje em dia, os parceiros fazem uma separação entre uma crença do tipo «deveria ser sempre tudo igual entre nós » e uma outra, que eles ouvem em toda parte: «o amor e o desejo duram apenas três anos …»
Mas é normal querer prolongar a «lua de mel», não?
De fato, muitos desejam uma espécie de fusão, de emoções eternas com seu parceiro, e que eles pretendem encontrar na sua sexualidade, no seu lazer… No entanto, a intensidade permanente não é possível. É preciso que sejam alternados, entre os parceiros, os tempos de descanso, até mesmo de retirada, e tempos de intensidade na fusão. A harmonia na vida a dois passa por ritmos diferentes, mas coordenados.
Às vezes é um dos dois que «emperra» e não quer mudar …
Não acredito muito na ideia de um parceiro sobre o qual recai toda a responsabilidade dos problemas. Aliás, evito saber, quando um casal vem me consultar, quem «começou»… Na maioria das vezes, um prende o outro, e no processo, o outro começou a emperrar também; quando isso acontece, cada um fica na retaguarda e me apresenta uma lista do tipo «quantificação» - «dou mais do que recebo » ou «fiz isso, mas ele não faz aquilo », etc. Este tipo de aritmética contábil pela qual cada um expressa sua impressão de estar em déficit, eu ouço diariamente.
Como «reanimar» o processo, então?
Parece uma banalidade dizer isso, mas apenas a comunicação, o fato de falar e de ouvir, o diálogo pode desbloquear essa situação. Todo dia, eu vejo principalmente os malefícios, os mal-entendidos que desgastam a relação! Assim, o mal-entendido do tipo «é óbvio que, se ele me ama, deve compreender isso sem eu ter que lhe perguntar!». Ao pensar sobre isso, percebemos que isso pode dar origem a impasses de relacionamento.
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