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Patrus Ananias: ‘PEC 241 fere a Constituição’

Para o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), a PEC 241, que limita para os próximos 20 anos os gastos públicos do governo, "desconstitui a Constituição e, com ela, o estado democrático de direito"; "Ao propor que os investimentos públicos fiquem limitados, durante 20 anos, pelo índice inflacionário do ano anterior, fere de morte os princípios e normas constitucionais que apontam para o desenvolvimento integrado e sustentável na perspectiva da igualdade — direitos e oportunidades iguais para todos — e da justiça social"

A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) realiza audiência pública com o ministro Patrus Ananias, para conhecer as diretrizes e os programas prioritários do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Leonardo Lucena)
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Minas 247 - O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita para os próximos 20 anos os gastos públicos do governo. Segundo o projeto, a despesa de cada ano será equivalente à do ano anterior corrigida pela inflação. 

O parlamentar questionou a quem interessa a proposta. "Ao povo brasileiro? Quanto mais a leio e estudo, mais me convenço de que não. A PEC desconstitui a Constituição e, com ela, o estado democrático de direito. Ao propor que os investimentos públicos fiquem limitados, durante 20 anos, pelo índice inflacionário do ano anterior, fere de morte os princípios e normas constitucionais que apontam para o desenvolvimento integrado e sustentável na perspectiva da igualdade — direitos e oportunidades iguais para todos — e da justiça social", complementou, em artigo publicado no Globo.

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Segundo o congressista, "à luz das limitações estabelecidas pela PEC, não é difícil prever o futuro do Benefício da Prestação Continuada (BPC), do Bolsa Família e de outras políticas públicas de assistência social e de segurança alimentar". "Não restará nada. O desmonte das políticas públicas sociais, especialmente daquelas mais diretamente voltadas para a promoção dos pobres, leva ao desmonte do próprio Estado nacional brasileiro", disse.

"Em síntese, a PEC 241, se aprovada, desmontará a Constituição, as políticas públicas sociais, o Estado nacional brasileiro. Congelará e, assim, fará retroceder o país por 20 anos. O tempo de uma geração! Penso que é hora de debatermos ampla e democraticamente o projeto de país que nós queremos, em vez de regredirmos à condição de colônia a que alguns querem, outra vez, nos submeter", complementou.

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Leia a íntegra do texto: 

A economia, ao contrário do que pretendem alguns, não é um conhecimento dogmático, que só oferece uma única saída. Tampouco é uma ciência dissociada dos valores éticos e democráticos. Os defensores do Estado mínimo e do neoliberalismo, no entanto, querem nos fazer acreditar que seus interesses e argumentos estão fundados em uma verdade inquestionável. A integração de diferentes áreas do saber — História, Filosofia, Economia, Sociologia, Psicologia, Direito — abriu-nos as portas da interpretação.

Interpretamos o objeto do nosso conhecimento e, ao fazê-lo, devemos interpretar a nós mesmos, os nossos sentimentos, as nossas reações. As nossas leituras dos fatos e dos acontecimentos são permeadas pela formação que recebemos, pelos valores que cultivamos, pela nossa visão de mundo, enfim, pelos nossos interesses. Vivemos em sociedades conflitivas, que nos desafiam a explicitar e processar os conflitos pelas vias da democracia e do respeito às diferenças. Mas as classes economicamente mais poderosas sempre procuraram impor os seus interesses econômicos como se fossem um bem para toda a sociedade.

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Como sabemos, nem sempre os bens são bem compartilhados! A Proposta de Emenda Constitucional nº 241/ 2016 se insere nesse contexto. A quem interessa? Ao povo brasileiro? Quanto mais a leio e estudo, mais me convenço de que não. A PEC desconstitui a Constituição e, com ela, o estado democrático de direito. Ao propor que os investimentos públicos fiquem limitados, durante 20 anos, pelo índice inflacionário do ano anterior, fere de morte os princípios e normas constitucionais que apontam para o desenvolvimento integrado e sustentável na perspectiva da igualdade — direitos e oportunidades iguais para todos — e da justiça social.

Congela por duas décadas a situação em que estamos. E parar é sempre retroceder! A proposta começa por afrontar cláusula pétrea da Constituição da República — o artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV. Constitucionalistas notáveis, liderados pelo professor Paulo Bonavides, vinculam os direitos e as garantias individuais aos direitos e garantias fundamentais nos termos do Título II da Carta Magna. Mais grave: a PEC afronta e desmonta toda a Constituição, porque o texto constitucional aponta para realizarmos progressivamente o Estado do bem-estar Social.

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Nessa perspectiva, começa por desconstituir integralmente os artigos 1º e 3º e seus incisos; atropela os artigos 5º e 6º, que se articulam e se complementam na medida em que o exercício dos direitos individuais pressupõe o atendimento das necessidades materiais básicas. Faz tábula rasa do Título VIII — Da Ordem Social — com todos os seus 41 artigos. E o processo de desconstrução das políticas públicas vai muito além das travas que a PEC impõe à expansão e melhoria das políticas públicas de educação e saúde. A Saúde, registre-se com ênfase, integra a seguridade social e compartilha os objetivos da Previdência e da assistência social.

À luz das limitações estabelecidas pela PEC, não é difícil prever o futuro do Benefício da Prestação Continuada (BPC), do Bolsa Família e de outras políticas públicas de assistência social e de segurança alimentar. Não restará nada. O desmonte das políticas públicas sociais, especialmente daquelas mais diretamente voltadas para a promoção dos pobres, leva ao desmonte do próprio Estado nacional brasileiro.

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Em síntese, a PEC 241, se aprovada, desmontará a Constituição, as políticas públicas sociais, o Estado nacional brasileiro. Congelará e, assim, fará retroceder o país por 20 anos. O tempo de uma geração! Penso que é hora de debatermos ampla e democraticamente o projeto de país que nós queremos, em vez de regredirmos à condição de colônia a que alguns querem, outra vez, nos submeter.

Patrus Ananias é deputado federal (PT-MG)

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