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Protagonismo das mulheres na luta contra retirada de direitos

Foram mais de 8 km de caminhada; desde antes da Ponte do Guaíba, às margens da BR-290, até a sede do INSS, no Centro de Porto Alegre; por mais de três horas, milhares de jovens, estudantes, camponesas, professoras, operárias, uniram-se para demonstrar a união de diferentes classes e movimentos sociais na luta contra as reformas da Previdência, em especial, trabalhista e o restante do conjunto de medidas de retirada de direitos dos trabalhadores; "A gente tem a compreensão de que todos os ataques que estão sendo implementados pelos governos Temer, Sartori e Marchezan fazem parte de uma política global de ataques", Luciana Pereira, diretora-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa)

08/03/2017 - PORTO ALEGRE, RS - Marcha do Dia Internacional da Mulher. Foto: Maia Rubim/Sul21 (Foto: Leonardo Lucena)
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Luís Eduardo Gomes, Sul 21 - Foram mais de 8 km de caminhada. Desde antes da Ponte do Guaíba, às margens da BR-290, até a sede do INSS, no Centro de Porto Alegre. Por mais de três horas, milhares de jovens, estudantes, camponesas, professoras, operárias, uniram-se para demonstrar a união de diferentes classes e movimentos sociais na luta contra as reformas da Previdência, em especial, trabalhista e o restante do conjunto de medidas de retirada de direitos dos trabalhadores. Embalada pelo “Fora Temer”, entoado especialmente na chegada, as mulheres, acompanhadas de diversos homens, ainda que flagrante minoria, fizeram na manhã deste 8 de março, o Dia Internacional da Mulher o que talvez seja a maior manifestação do ano na Capital contra a agenda do governo federal.

“A gente tem a compreensão de que todos os ataques que estão sendo implementados pelos governos Temer, Sartori e Marchezan fazem parte de uma política global de ataques. O serviço e as políticas públicas são alvo. Então, não é uma luta específica dos municipários. É uma luta de homens e mulheres, trabalhadores do campo e da cidade. Para que a gente se fortaleça, entendemos que temos que criar frentes amplas de trabalhadores e com todos os democratas combater esse ajuste fiscal e todas as reformas que visam responsabilizar os trabalhadores pela crise”, diz Luciana Pereira, diretora-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), uma das entidades que se uniram à mobilização desde o início da manhã.

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Somaram-se ao ato diversos sindicatos e movimentos sociais, como Cpers, Via Campesina, CUT-RS, CTB-RS, Intersindical, Conlutas, Levante Popular da Juventude, entre outros, que incluíram também a bateria do bloco político/carnavalesco Não Mexe Comigo Que Eu Não Ando Só, composta apenas por integrantes mulheres. Em maior número, porém, estavam as mulheres do MST, denunciando que a reforma da Previdência atingirá em cheio as agricultoras.

“No caso das mulheres rurais, a situação fica mais grave ainda. Essas praticamente vão ser excluídas do direito a aposentadoria, do direito ao auxílio maternidade, do auxílio-doença, da pensão por viuvez, além da desvinculação dos benefícios sociais do salário mínimo. Nós vamos voltar a uma situação de 20 anos atrás, quando, com a aposentadoria, tu comprava dois quilos de arroz, um pacote de farinha. As pessoas, além de trabalharem a vida inteira, tinham que seguir trabalhando mesmo após aposentados”, diz Roberta Coimbra, da coordenação do MST. “As mulheres camponesas são as mais prejudicadas com a reforma da Previdência. Mais do que as da cidade, porque têm uma dupla jornada de trabalho. Além de trabalhar na roça, com a produção familiar, também cuida da família, dos filhos. Além de aumentar 10 anos para você conseguir se aposentar”, complementa Juliana de Vargas, também do movimento.

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Roberta destaca ainda que as mulheres do MST e da Via Campesina todos os anos assumem um papel de protagonistas na luta pelos direitos das camponesas, sempre realizando atos na semana do 8 de março. “O que há de diferente esse ano? Como é uma pauta que vai atingir a todas e todos trabalhadores, unifica o campo e a cidade. Por isso nós, assim como historicamente, puxamos a frente da luta”, diz.

Na mesma linha, Juliana lembra que as mulheres já estiveram na frente da luta pela aposentadoria rural e, a partir disso, salienta a importância de assumirem a defesa dos direitos previdenciários nesse momento. “No momento que você vai para a rua lutar pelos seus diretos, você se sente parte, não deixando que somente os homens sejam protagonistas. Nada mais justo que as mulheres defendam um direito que conquistaram após muita luta e muito tempo”, afirmou.

Coordenadora da CTB-RS, Débora Melecchi também destaca a importância da união entre trabalhadoras do campo e da cidade. “Nós vivemos um cenário político e econômico no País, no Estado e no Município que nos exige muita unidade e amplitude. As mulheres são protagonistas nas lutas e o 8 de março é um grande marco para 2017. Um 8 de março unitário, do campo e da cidade, com agendas comuns contra a reforma da Previdência, mas também com esse ajuste fiscal que vem como um desmonte do SUS, da Educação, e todas as perdas de direitos trabalhistas que homens e mulheres vêm sofrendo. Vale destacar que, com todos esses desmontes, quem mais sofre são as mulheres, que já vem em uma longa luta pela igualdade de salários, por uma sociedade mais justa”, diz.

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Além de ser o foco dos discursos, a pauta da previdência também esteve presente no canto das manifestantes. “A Previdência é nossa, ninguém tira da roça”, dizia um deles. “Se a gente se unir, a reforma vai cair”, outro. “Se essa reforma passar, o Brasil vai parar”, mais um. Mas as bandeiras feministas, obviamente, não estiveram ausentes do ato. “Eu tô na rua, é pra lutar, por um projeto feminista e popular”, “Nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua para lutar”, cantaram as manifestantes em outros momentos.

“Essas manifestações são muito importantes e fundamentais dentro de um contexto mundial de, por um lado, resistência e, por outro, resistência muito forte das mulheres. Nós temos governos inimigos das mulheres, é o caso do Trump nos Estados Unidos, que teve, depois da sua posse, a maior manifestação de mulheres da história dos Estados Unidos. Nós temos movimentos fortes na América Latina, ‘Nenhuma a menos’ na Argentina, e um chamado a uma greve internacional no 8 de março feito por esses grupos e coletivos. É muito importante a gente aderir essa luta nacional e internacional contra o machismo, o patriarcado e em defesa do direito das mulheres”, avalia a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL).

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Ela destaca ainda a importância, neste 8 de março, da união de pautas como a reforma da Previdência, contra a violência de gênero, contra a cultura do estupro e a favor de uma “igualdade substantiva”. “As reformas propostas atingem mais as mulheres, com retiradas de direitos que precarizam ainda mais as condições para as trabalhadoras, que são as que mais sofrem com a informalidade e os baixos salários. A reforma da Previdência é um ataque brutal à classe trabalhadora, que além de instituir a idade mínima de 65 anos e 49 anos de contribuição para poder levar a aposentadoria integral, ainda ataca frontalmente as mulheres ao tirar os cinco anos de diferença em relação aos homens. Não era nenhum presente, mas um reconhecimento histórico de que as mulheres, com a dupla, tripla jornada, trabalham mais. Então, além de ser um ataque brutal aos trabalhadores, é uma reforma profundamente machista”, afirma.

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