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Secretário considera rendimento escolar no RS ‘não satisfatório’

O resultado do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) de 2016 mostra que os estudantes gaúchos apresentam maior dificuldade com Língua Portuguesa e Matemática conforme vão avançando nos anos escolares; a constatação não é novidade e não depende apenas do ambiente escolar; mas é o dado principal que sai da pesquisa retomada pelo governo estadual com a justificativa de que ela pode ser uma “bússola” para orientar as políticas públicas e como resolver um problema que já é histórico; “O resultado não é satisfatório, principalmente à medida que os anos vão avançando”, avalia o atual secretário da Educação, Ronald Krummenauer, que assumiu o cargo no início de maio

O resultado do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) de 2016 mostra que os estudantes gaúchos apresentam maior dificuldade com Língua Portuguesa e Matemática conforme vão avançando nos anos escolares; a constatação não é novidade e não depende apenas do ambiente escolar; mas é o dado principal que sai da pesquisa retomada pelo governo estadual com a justificativa de que ela pode ser uma “bússola” para orientar as políticas públicas e como resolver um problema que já é histórico; “O resultado não é satisfatório, principalmente à medida que os anos vão avançando”, avalia o atual secretário da Educação, Ronald Krummenauer, que assumiu o cargo no início de maio (Foto: Leonardo Lucena)
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Fernanda Canofre, Sul 21 - O resultado do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) de 2016 mostra que os estudantes gaúchos apresentam maior dificuldade com Língua Portuguesa e Matemática conforme vão avançando nos anos escolares. A constatação não é novidade e não depende apenas do ambiente escolar. Mas é o dado principal que sai da pesquisa retomada pelo governo do Estado no ano passado, depois de cinco anos de interrupção, com a justificativa de que ela pode ser uma “bússola” para orientar as políticas públicas e como resolver um problema que já é histórico.

“O resultado não é satisfatório, principalmente à medida que os anos vão avançando”, avalia o atual secretário da Educação, Ronald Krummenauer, que assumiu o cargo no início de maio. Ele é o terceiro secretário da pasta no governo de José Ivo Sartori (PMDB). “Os resultados deixam a desejar, não só no Rio Grande do Sul, como no Brasil, mas também pelo fato de que, à medida que a criança vai se tornando adolescente, outros fatores, principalmente sociais – de envolvimento com drogas, de envolvimento com questões que estão fora da escola, desestruturação familiar – acabam influenciando ainda mais”.

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Os números levantados pelo Saers foram apresentados nesta quarta-feira (21), em uma coletiva de imprensa convocada pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). A prova, criada por decreto em 2007, durante o governo de Yeda Crusius (PSDB), possui questões avaliando apenas desempenho em Matemática e Língua Portuguesa (leitura e escrita) de alunos matriculados em três séries: 2º e 6º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio. Ela parte do princípio que, nestes três estágios, seria possível identificar onde começam certas dificuldades de aprendizagem.

A avaliação funciona com quatro níveis de notas: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. Os resultados de 2016 mostram que, enquanto nos anos iniciais, os alunos têm conseguido manter médias no padrão “adequado”, nos últimos anos do Ensino Fundamental e no início do Ensino Médio, os padrões se mantêm entre “básico” e “abaixo do básico”.

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Comparando as performances em matemática da série mais jovem a entrar na prova com a da última, por exemplo, a inversão do progresso dos alunos fica ainda mais nítida. Enquanto entre alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, 45,5% alcançaram média “adequado” na prova de matemática e 8,4% ficaram como “abaixo do básico”; entre os alunos do 1º ano do Ensino Médio, 45% estão “abaixo do básico” e 7% em “adequado”.

Porém, a própria Seduc salienta que “os dados não falam por si”. Segundo a secretaria, “eles devem ser contextualizados, considerando vários fatores que estão relacionados com os resultados obtidos, sendo um ponto de partida, um convite à análise e ao planejamento para promover a equidade e melhorar a qualidade do ensino ofertado”. Para isso, a partir desta quinta, a Seduc deve chamar professores das 2.561 escolas avaliadas para discutir ações a partir dos dados.

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Os professores também poderão acessar os resultados de cada aluno no sistema, onde é possível diagnosticar a performance através dos chamados “descritores”, em uma tabela que aponta o número de questões de determinado assunto e o número de acertos que o estudante obteve nele. A ideia é que assim os professores consigam trabalhar com as deficiências específicas de cada caso.

“O plano de ação terá que ser ainda mais voltado pela gestão escolar. Nós vamos implementar ainda no segundo semestre de 2017, em plano piloto, entre 10 e 12 mil alunos que vão ser atendidos em tempo real para que isso possa ser corrigido. [Para] que em algum tempo, a gente possa, dentro do próprio ano que o aluno está cursando, corrigir as deficiências em Português, Matemática e nas outras matérias. Mas principalmente em Português e Matemática”, afirma Krummenauer.

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O objetivo de “corrigir as deficiências no mesmo ano em que o aluno está cursando” foi definido pelo próprio secretário, durante a coletiva, como “sonho de consumo”. Isso porque os resultados do último Saers demoraram seis meses para serem consolidados e só agora devem começar a ser discutidas ações. A prova foi realizada na metade de dezembro do ano passado, quando algumas instituições já haviam iniciado o período de férias, e teve a participação de 151.952 alunos. Segundo o próprio secretário, caso ela tivesse sido realizada dentro do período normal do ano letivo os dados poderiam ser diferentes.

Prova do ano passado custou mais de R$ 5 milhões 

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Krummenauer anunciou ainda que o governo do Estado pretende que a prova se fixe como bienal – realizada a cada dois anos. Segundo ele, a decisão teria como base especialmente os gastos gerados. Desde que iniciou em 2007, o Saers teve um custo de aproximadamente R$ 25 milhões, incluindo o hiato de cinco anos em que não foi realizado. Segundo a Seduc, só no ano passado, foram investidos R$ 5,5 milhões. A verba vem de um empréstimo do Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), do Banco Mundial.

“São gastos elevados. Isso foi investido no ano passado, mas não é só na prova, tem outros sistemas de avaliação, porque o acompanhamento continua. Não é só aplicação da prova”, diz o secretário, que não soube estimar qual o valor apenas do teste. No ano passado, a prova foi produzida pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), que venceu um pregão eletrônico.

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O intervalo de cinco anos em que a prova do Saers não foi realizada foi no governo de Tarso Genro (PT) e no primeiro ano de Sartori, entre 2011 e 2015. Embora o governo atual justifique a decisão da retomada por ver no Sistema uma “bússola”, para José Clóvis de Azevedo, que ocupou durante os quatro anos de governo do PT o cargo de secretário da Educação, ele é apenas “mais do mesmo”.

“É uma coisa desnecessária, como secar gelo. Todos esses dados as escolas já têm, porque avaliam isso todos os anos. A Secretaria de Educação já tem resultado do censo escolar de 2016, que traz o resultado de escola por escola. O Ideb ( Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) também tem esses dados. O que a rede precisa é de respostas e de solução para enfrentar os problemas de aprendizagem e não gastar mais recursos públicos. Isso não traz nenhum fato novo. O tempo gasto com avaliação, deveria ser gasto com políticas”, avalia ele.

Azevedo diz que sua gestão na Seduc decidiu romper com o convênio que realiza a prova do Saers por entender que o “custo era muito alto”. Segundo ele, o governo gastava em torno de R$ 3 milhões por edição da prova. No lugar do Saers, o governo Tarso criou o Sistema Estadual de Avaliação Participativa (Seap), uma auto-avaliação obrigatória para todas as escolas da rede estadual, em que professores, funcionários, pais e alunos tinham que avaliar a performance da escola em seis dimensões distintas. Os resultados eram colocados no sistema da Seduc por uma comissão central, o que permitia que os problemas apontados fossem corrigidos quase imediatamente e acompanhados por uma comissão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O gasto total da avaliação, em todas as escolas do Estado e com todas as séries do Ensino Fundamental e Médio, segundo o ex-secretário, ficou abaixo de R$ 1 milhão. Valor também pago com empréstimo do Bird.

“Historicamente, alunos têm uma queda de rendimento no Ensino Médio. Aqui no Estado os dados de reprovação são mais graves, porque a cultura de reprovar aqui é mais naturalizada do que em outros estados. É um conjunto de fatores, mas o principal é o social. Quem está na escola pública são os setores mais pobres da sociedade. A partir do sexto ano, começam processos de abandono e repetência, trabalham fora desde muito cedo, começam a deixar a escola”, explica Azevedo, que é professor do Estado há mais de 30 anos. “Por outro lado, tem o fator pedagógico, que é predominantemente tecnicista. Exige aprendizado na área de Português e Matemática com pedagogia muito tradicional, onde os conteúdos não têm significado com o cotidiano e não respondem às necessidades”.

Além dos resultados da prova do Saers, a Seduc também apresentou ações que devem ser implantadas a partir do próximo semestre. Entre elas estão, a capacitação de coordenadorias, cursos online para 130 multiplicadores e para 5.568 professores (na média de dois por escola), construção de planos de intervenção juntamente com as escolas que ajudem a melhorar os índices de aprendizagem e encontro com professores para discutir as ações a partir dos resultados da prova.

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