Tijolaço: Aécio, o “rapaz ingênuo”, segundo ele próprio
O editor do Tijolaço, Fernando Brito, observa que o artigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) - onde ele diz ter sido ingênuo e reconhecer que errou, embora não tenha cometido "nenhuma ilegalidade", foi publicado "muito provavelmente" na mesma semana em que o "STF decidirá se ele tornará réu por corrupção por conta do dinheiro recebido em malas da JBS; "Como já não há exame jurídico no Brasil, mas julgamentos político-inquisitoriais, que precisam encobrir suas finalidades, mesmo escancaradas, Aécio será lambido pelas chamas das quais foi um dos primeiros atiçadores", destaca
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Por Fernando Brito, no Tijolaço - Esta semana, o Supremo Tribunal Federal, muito provavelmente, decidirá que Aécio Neves se tornará réu numa ação penal por corrupção por conta do dinheiro recebido em malas da JBS.
Imaginar o contrário – embora não seja impossível neste país onde a Justiça se tornou um escancarado instrumento político – seria imaginar que o STF estaria disposto a ir mais fundo no buraco abissal em que já está enfiado.
Mesmo neste caso, é um escândalo que, só um ano depois de reveladas as gravações, em áudio e vídeo, onde o ex-líder tucano, além de pedir e receber dinheiro, faz insinuações até de mandar matar um primo se este abrisse a boca.
Tudo isso se reduz, porém, na defesa que ele apresenta em artigo publicado na Folha, no mesmo espaço em que, durante anos, deitou lições de "ética", diz que tudo é resultado de sua "ingenuidade":
Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio diariamente por eles. Mas não cometi nenhuma ilegalidade.
Por não cometer ilegalidade, o ainda senador por Minas elenca o que diz serem "fatos": a suposta venda do apartamento em que vive a mãe no Rio, não o dele próprio; ter recebido e não gasto o dinheiro , que gentil, dizer que as ameaças de morte eram "vocabulário inadequado" e "brincadeiras injustificáveis e de enorme mau gosto".
Embora favorecido por uma aliança com Michel Temer – com quem teve um encontro há dois domingos e possui, como interesse comum, a desqualificação da marotíssima delação de Joesley Batista – a saída "ingênua" não deve funcionar para o STF.
Mas será interessante ver como se comportarão os ministros na hora de lançarem "um amigo" na fogueira, mesmo os já inservíveis, como palitos de fósforo já usados.
Até porque a estatura moral de alguns deles é comparável a de um Kim Kataguiri.
Como já não há exame jurídico no Brasil, mas julgamentos político-inquisitoriais, que precisam encobrir suas finalidades, mesmo escancaradas, Aécio será lambido pelas chamas das quais foi um dos primeiros atiçadores.
Vai arder, mas como é tucano, será em fogo brando, como quem cozinha um galo.
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