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"Inclusão de trans no mercado de trabalho perpassa vários setores sociais", diz Antônio Ramos, vice-presidente da UNALGBT-BA

Avaliação é de Antônio Ramos, que, juntamente com Danieli Balbi, debateram sobre transsexualIdade e mercado de trabalho em "Um Tom de resistência”. Assista

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Por Ricardo Nêggo Tom, 247 - Segundo estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2021, o Brasil possui 4 milhões de pessoas transgênero e não binárias, o que representa 1,9% da população brasileira considerando os 212, 6 milhões de habitantes estimados pelo Banco Mundial em 2020. 

O ineditismo da pesquisa realizada na América Latina, aponta para uma necessidade urgente de políticas de saúde pública e de inclusão social voltadas para essa população. Homem trans, o estudante de gastronomia e ativista pelos direitos dos transexuais Antônio Ramos, observa que "a inclusão dos transexuais no mercado de trabalho, perpassa vários setores da nossa sociedade. Porque a gente pode racializar, territorializar e generizar esse processo, e, com iss o, criar marcadores que darão menos ou mais capacidade e qualidade de inserção dessa população nesse mercado. Por exemplo, quando pegamos uma população trans que se aproxima da binariedade, ou seja, homens e mulheres transexuais que mais se assemelham aos corpos e a identidade dos cisgêneros, e se essa população for branca, ela vai ter um acesso muito mais facilitado ao mercado de trabalho, do que a população trans negra que está fora daqueles padrões visuais de gênero".

O vice-presidente da UNALGBT entende que “esse processo de inclusão passa pela humanização dos postos de trabalho e das relações dentro desses postos de trabalho. O que é um processo muito difícil. Por muitas vezes, nós vimos pessoas trans ocupando uma vaga ou tendo um espaço dentro do mercado de trabalho, mas aquele ambiente, em boa parte, é hostil. Então, é preciso pensar na inserção da população trans nesse mercado, na estruturação deste ambiente no sentido de combater a transfobia, que é algo estrutural e nos fará mexer com a maneira como a nossa sociedade se organiza e se relaciona com esses corpos, e também precisamos pensar no antes". 

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"Porque a população trans tem uma alta taxa de evasão escolar. E não adianta falar em inclusão no mercado de trabalho, se não falarmos da qualificação dessa população. Ao meu ver, que militei muito tempo no movimento estudantil e tenho essa percepção de que a educação é o principal motor de transformação para tornar a sociedade mais equânime, é preciso pensar desde o processo de qualificação dessa população, que, muitas vezes, se vê expulsa do ambiente de ensino em função do preconceito".

Danieli Balbi, que além de doutora em ciência da literatura, também é pesquisadora de dramaturgia, teatro e cinema, e se identifica como mulher trans, concorda com as colocações de Antônio e apresentou alguns dados sobre o emprego no Brasil, que corroboram com complexidade da inclusão transexual nesse mercado. “No último trimestre o Dieese publicou uma pesquisa sobre o desemprego no Brasil, e mostrou que cerca de 14% da população economicamente ativa no país está desempregada. Isto significa, mais ou menos, 15 milhões de pessoas maiores de 18 anos sem ocupação, e que poderiam estar no mercado de trabalho. Dos que estão ocupados, cerca de 40 milhões de pessoas, 39% da população economicamente ativa empregada em alguma atividade, está na situação de informalidade. Se nós fizermos um cruzamento desses dados, consubstanciar e correlacionar essas informações, vamos chegar a índices que demonstram que pessoas negras estão mais vulneráveis em postos de trabalho de maior informalidade, e dentre a que estão desempregadas, correspondem a maior parcela. Agora, imagina pessoas LGBT em geral, especialmente, transexuais e travestis, que são aquelas sobre as quais nem dados precisos existem".

A ativista também lembrou do grande número de transexuais que acabam sendo “empurrados” para a prostituição, devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho. “Nós contamos com a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e transexuais) e com o Grupo Gay da Bahia, que formulam dados e esses dados seguem indicando que mais da metade da população de transexuais e travestis, cerca de 79%, já flertou com a prostituição em algum momento, e cerca de 90% delas ainda está na prostituição compulsória. Isso se liga, por exemplo, aos dados que o Antônio trouxe sobre a evasão escolar, que é uma realidade presente na maior parte da população transexual e travesti, que são obrigados a saírem da escola, porque ela também é um agente de violência transfóbica. Imagina tudo isso, com o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo religioso, quando nós, pessoas trans e travestis somos aquelas mais vulneráveis e fomos colocadas como bode expiatório desse processo de aumento do fascismo violento e detratório no Brasil, que, infelizmente, elegeu Jair Messias Bolsonaro como presidente da república, sem ter dados oficiais e sem contar no próprio banco de dados do IBGE informações sobre pessoas transexuais e travestis". 

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