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Análise: A orfandade informativa dos leitores de jornais

Pesquisa feita nos Estados Unidos aponta que 31% dos adultos consultados "deixaram de ler jornais por falta de credibilidade no conteúdo publicado", informa o jornalista e professor Carlos Castilho em artigo publicado no site Observatório da Imprensa

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Carlos Castilho, Observatório da Imprensa

Todos nós fomos educados a buscar as informações que necessitamos nos jornais, revistas e programas noticiosos na rádio e TV. Foi assim com nossos pais e avós, mas o mesmo já não acontece mais com os nossos filhos e nem mesmo com boa parte dos que têm hoje 40 anos ou mais.

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Surgiu uma geração de órfãos informativos que não têm mais certeza e segurança de onde vão encontrar o que precisam para tomar decisões pessoais ou coletivas. A edição 2013 do relatório "O Estado da Imprensa" (The State of the News Media 2013) confirma esta tendência nos Estados Unidos, ao apontar que 31% dos adultos consultados numa pesquisa em abril do ano passado deixaram de ler jornais por falta de credibilidade no conteúdo publicado. É quase 5% a mais do que em 2011, o que mostra uma preocupante tendência ascendente.

O mais intrigante desse fenômeno é que um contingente de 81% dos que deixaram de ler jornais no ano passado é formado por indivíduos que admitiram ter conhecimento da crise financeira pela qual passa boa parte da imprensa, nos Estados Unidos e no mundo. Os desiludidos com os jornais norte-americanos são, em sua maioria, ricos, com mais de 50 anos, sexo masculino e politicamente conservadores.

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Se somarmos a esse perfil o fato de que apenas um em cada 12 jovens entre 18 e 30 anos, e um em cada 20 adolescentes têm algum contato com meios jornalísticos impressos (dados de uma pesquisa feita em 2007 na Universidade Harvard), fica ainda mais clara a mudança de comportamentos. O distanciamento em relação aos veículos impressos e até mesmo da televisão configura um vácuo informativo expresso no teor das informações que buscamos e recebemos.

Fomos educados a esperar que a imprensa nos dissesse o que é certo ou errado, verídico ou inverídico, justo ou injusto. Mas o mundo mudou com uma enorme rapidez e a imprensa não soube acompanhar. Resultado: fomos educados a esperar verdades tranquilizadoras, mas a realidade que nos cerca fornece cada vez mais situações relativas, contextos complexos e percepções contraditórias.

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A responsabilidade que cabe às empresasjornalísticas nesse processo é a de terem colocado em primeiro lugar a sobrevivência do seu negócio e só depois procurado ver como a revolução causada pelas novas tecnologias de informação e comunicação afetou os comportamentos do público em matéria de leitura e consumo de notícias.

O State of the News Mediavem mostrando desde que começou a ser produzido, em 2004, a irreversibilidade das mudanças de comportamento do público e a preocupação das empresas em buscar receitas a qualquer custo, mesmo que isso signifique o abandono do leitor como meta prioritária. Além do jejum de notícias por conta dos cortes orçamentários nas redações, os compradores de jornal passaram a receber cada vez mais informações enviesadas – como mostramos no post sobre a comercialização do noticiário.

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Estamos órfãos dos jornais, mas não de informações. Há uma avassaladora fartura delas na internet, só que apresentadas de forma desorganizada, o que nos obriga a pesquisar e refletir muito antes de incorporar informações online ao nosso conhecimento pessoal. Era mais cômodo nos tempos em que as pessoas acreditavam na imprensa, mas os tempos mudaram irreversivelmente. Ficamos órfãos de uma imprensa que leva a sério a sua função de servir ao interesse público.

Agora teremos de nos aventurar quase sozinhos pelo emaranhado da avalancha informativa para descobrir o que é bom ou ruim para nós. Dará mais trabalho e nos obrigará a conviver com a insegurança, a incerteza e com o contraditório, mas pelo menos estaremos mais próximos da realidade.

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