Bolsonaro mobiliza apoio militar porque está acuado
Jair Bolsonaro está acuado. Com forte rejeição do seu governo apontada em pesquisas de opinião pública, isolado politicamente e com seus filhos na mira da Justiça, o inquilino do Planalto segue a rota traçada no início da pandemia de provocar o cerco institucional para tentar angariar apoio militar
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247 - "O presidente Jair Bolsonaro segue a rota traçada no início da pandemia de provocar o cerco institucional para tentar angariar apoio junto às Forças Armadas. Com o Congresso recuado, valeu-se do protagonismo do Supremo Tribunal Federal na contestação a atos do Executivo para buscar uma saída que margeie a Constituição. Segue sem sucesso", comenta a jornalista Maria Cristina Fernandes no jornal Valor Econômico.
A jornalista comenta a nota do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, sobre a crise política e institucional.
"Ao abrir pela importância da independência e da harmonia entre os Poderes para a governabilidade, o ministro coloca em foco o desagrado provocado entre militares pela suspensão da expulsão de diplomatas venezuelanos por liminar do ministro Luís Roberto Barroso, do STF".
"O veto do ministro Alexandre de Moraes à posse de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Informações, como diretor-geral da PF também atiçou militares. A liminar consternou até generais não bolsonaristas e gerou indignação, em grupos de WhatsApp, de militares que não haviam se manifestado de maneira semelhante quando o Supremo impediu a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil do governo Dilma Rousseff”.
"A consternação, no entanto, não foi suficiente para o presidente obter o apoio desejado para um conflito com o Supremo insistindo na nomeação de Ramagem".
"Depois do cravo no Supremo, a nota da Defesa vai na ferradura da imprensa. Defende a liberdade de expressão, leia-se a exaltação bolsonarista, mas classifica de 'inaceitável' o ataque a jornalistas".
"A afirmação do presidente, neste domingo, de que Forças Armadas estão 'ao lado do povo' é, por enquanto, mais um movimento defensivo do que de quem tem poder de fogo. O último parágrafo da nota de Fernando Azevedo e Silva, de que as Forças Armadas estarão sempre ao lado 'da lei, da ordem, da democracia e da liberdade' sugere que o movimento do presidente não passou de um 'balão de ensaio' ”.
"Acontece num momento em que o presidente está acuado pela confluência da queda de popularidade e o avanço do Supremo nos inquéritos que investigam as acusações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, o envolvimento de sua família com a rede de divulgação de notícias falsas e grupos de milícia".
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