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Mídia

Imprensa virou moleque de recados de Valério

Tese é da ombudsman da Folha, Suzana Singer, que condena a postura adotada por veículos como Veja, que servem de "alto-falante para os recados de Marcos Valério"

Imprensa virou moleque de recados de Valério (Foto: Edição/247)
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247 - Nem Veja, nem Estado nem qualquer outro veículo entrevistou Marcos Valério. Mas vários tentam, agora, transmitir recados do empresário, sem analisar criticamente quais seriam os interesses de um personagem condenado a 40 anos de prisão. É a tese de Suzana Singer, ombudsman da Folha, em seu artigo deste domingo. Leia:

Ameaças amplificadas

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A imprensa está servindo de alto-falante para os recados de Marcos Valério

A imprensa vem reproduzindo, com pouco cuidado e acriticamente, os recados ameaçadores de Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão.

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Começou em setembro, quando a "Veja" publicou que o empresário mineiro disse a amigos e familiares que o ex-presidente Lula "comandava tudo". E advertiu: "Mas agora vai todo mundo para o ralo". As declarações foram reproduzidas nos jornais, inclusive na Folha, antes mesmo de a direção da revista dizer que estavam gravadas.

Há dez dias, foi a vez de o "Estado de S. Paulo" noticiar que Valério, em depoimento ao Ministério Público Federal, "citou Lula, Palocci e Celso Daniel", prefeito de Santo André assassinado em 2002. Mesmo sem saber bem o que ele disse, o jornal deu o assunto na manchete.

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O depoimento é mantido em sigilo. O "Estado" explicou ter obtido as informações graças a investigadores. Revelou, em seguida, que Valério contou ter dado dinheiro para que o PT calasse pessoas que ameaçavam fazer revelações sobre o caso de Santo André.

No domingo passado, a "Veja", sem citar a fonte, acrescentou que os chantageados eram o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho. Só que na versão da revista, Valério se recusou a ajudar: "Eu falei assim: nisso aí eu não me meto". Ele seria uma testemunha inocente.

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Há quatro dias, um novo recado foi enviado, desta vez para os tucanos. Marcelo Leonardo, advogado de Valério, lembrou que seu cliente também fez revelações importantes sobre o "mensalão mineiro", que não teriam sido devidamente investigadas em 2007.

No contexto do julgamento do mensalão, seria preciso muito sangue-frio para ignorar os petardos do "homem-bomba". Mais ainda para esperar por provas.

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Mas dá para fazer uma cobertura muito mais crítica, explicitando os interesses de Marcos Valério e investigando se as suas denúncias fazem algum sentido.

É fundamental também deixar claro para o leitor que o empresário mineiro não falou com a imprensa -a "Veja" não diz que o entrevistou, o "Estado" não publicou transcrições do depoimento e a Folha reproduziu os concorrentes.

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É muito diferente da entrevista que Roberto Jefferson deu à jornalista Renata Lo Prete, na Folha em 2005, e que deu origem ao escândalo do mensalão. O então deputado federal, mesmo tendo muito a perder, descreveu o esquema de corrupção de parlamentares. Jefferson foi gravado e fotografado.

O que está sendo divulgado agora é o que Marcos Valério teria dito a terceiros. Numa espécie de "telefone sem fio", a imprensa amplifica as ameaças de um homem já condenado a 40 anos de prisão.

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