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Mídia

Murdoch encerra seu depoimento: "Humilhante"

Termina audincia no parlamento ingls; Rupert Murdoch e seu filho James negaram ter conhecimento de grampos feitos por jornalistas de sua corporao; magnata foi atingido por uma torta; o dia mais humilhante da minha vida, finalizou ele

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247 _ Na intrincada trama de espionagem que está na raiz do caso das escutas ilegais feitas pela redação do extinto tablóide inglês News of the World entrou, agora, o elemento pastelão. Digno de um James Bond, uma vez que envolve até a morte misteriosa do jornalista que denunciou o escândalo, o enredo assumiu no parlamento inglês, durante depoimento do magnata Rupert Murdoch e seu filho James, um tom mais afeito ao genial Charles Chaplin e seu personagem Carlitos. Também inglês, Chaplin se notabilizou como gênio do cinema e da comédia pastelão, na qual não faltam arremessos de tortas nas cara da vilões – e foi isso, extatamente, o que aconteceu no parlamento. Um agressor identificado como Jonathan May-Bowles, que se apresenta no Facebook como humorista e ativista político, invadiu a sala do comitê parlamentar que ouvia o magnata e arremessou-lhe, de perto, uma torta em direção à sua face. Passou raspando, mas sujou o terno de Murdoch, que teve de continuar a audiência em mangas de camisa.

Abaixo, o noticiário de 247 sobre a audiência, que foi encerrada por volta das 13h40, horário de Brasília:

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247 _ Sob o foco de todos os maiores jornais e emissoras de televisão do mundo, o magnata Rupert Murdoch e alguns dos principais envolvidos no escândalo dos grampos feitos pelo tabloide News of the World fazem hoje depoimentos históricos ao parlamento inglês. Eles respondem a perguntas sobre como começou, se desenvolveu e espraiou por diferentes escalões da Inglaterra a prática de grampear telefones, interceptar mensagens, vasculhar o lixo e toda uma série de crimes contra a privacidade individual. Especialmente, precisam dizer quais papeis desempenharam na trama. Rupert Murdoch, por exemplo, sabia do que se passava na redação do News? Estimulava a prática dos grampos? Teria sido o seu maior incentivador?

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O dono do grupo News Corp, Rupert Murdoch, e seu filho, James Murdoch, respondiam neste momento ao interrogatório no parlamento inglês quando um homem invadiu a sala e jogou uma torta na direção de James e Rupert Murdoch. O ataque levou à suspensão temporária do comitê, que voltou depois de dez minutos.

“Este é o dia mais humilhante da minha vida”, afirmou o magnata australiano. Em seu testemunho, cuja frase que mais se repete é “eu não sei”, Rupert se defendeu: “Eu não sou, no fim das contas, responsável por esse fiasco. As pessoas em quem confiava é que são". O magnata da mídia britânica afirmou que o tabloide que está no centro do escândalo, News of the World, representa cerca de 1% de seus negócios ao redor do mundo. “Eu emprego 53 mil pessoas em todo o mundo que são pessoas orgulhosas, éticas e distintas”, disse o empresário. “Nós fechamos o News of the World porque estávamos envergonhados. Nós quebramos a confiança com nossos leitores”, completou Rupert Murdoch.

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O escândalo dos grampos se tornou conhecido pelo mundo a partir do caso de Milly Dowler, uma garota inglesa de 13 anos que desapareceu em 2002 e teve suas ligações grampeadas pelo News of the World. Depois, Milly foi encontrada morta e o caso das escutas de suas ligações levou à demissão de Rebekah Brooks, que trabalhava como chefe de reportagem do News of the World na época. “Eu fiquei absolutamente chocado, envergonhado quando soube do caso de Milly Dowler há duas semanas", disse Rupert Murdoch sobre o caso. Questionado sobre se o sacrifício do News of the World para salvar Rebekah Brooks trouxe arrependimento ao magnata, Rupert Murdoch negou relação entre os dois acontecimentos: "Os fatos não têm qualquer relação".

O filho de Rupert Murdoch, James Murdoch, disse que sente muito pelas vítimas das escutas ilegais realizadas pelo tabloide "News of the World". "É motivo de grande arrependimento meu e do meu pai e da News Corporation. Isto não corresponde aos valores de nossa empresa. É nossa convicção investigar a fundo", disse James. Ele negou saber do uso sistemático das escutas pelo jornal. "Foi motivo de profunda frustração para mim e divido a frustração deste Parlamento de que estes fatos não foram conhecidos por mim antes", afirmou. “Nossa prioridade é recuperar a confiança do público”, disse James.

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O ex-chefe da Polícia Metropolitana de Londres, Paul Stephenson, que renunciou no último domingo, foi o primeiro a ser interrogado no Parlamento inglês nesta terça-feira. Com o uniforme da polícia inglesa, Sir Paul, como é chamado pelos ingleses, se usou da atmosfera de mistério para parafrasear Shakespeare: “It were best it were done quickly” (algo como "Foi melhor que se fizesse rápido", em português), em referência a sua renúncia. O número um da Scotland Yard disse, ao iniciar os 90 minutos de testemunho: “A decisão de me demitir foi minha decisão e apenas minha”. As perguntas do comitê direcionadas a Stephenson e a John Yates, seu assistente na polícia, que renunciou ontem, foram voltadas a relação da Scotland Yard com Neil Wallis, ex-editor do News of the World - jornal de Murdoch acusado dos grampos - e contratado para ser conselheiro de relações públicas da organização.

“Quando eu tomei conhecimento de que o Sr. Wallis estava, de alguma forma, relacionado com Champneys, eu pensei que fosse uma história bastante complicada”, disse Stephenson, ao explicar sua renúncia. “Eu pensei: 'Isso será uma história significante, e se eu for um líder e fizer a coisa certa para a minha organização, é melhor que eu faça algo rápido'”, completou, citando um spa onde Wallis trabalhava como relações públicas, localizado no norte de Londres e pelo qual Stephenson obteve livre acesso por cinco semanas para se tratar de um problema na perna.

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Sir Paul disse que o papel de Wallis com a polícia foi “muito pequeno”. Ele não tem razão, afirma, em conectar Wallis com as escutas ilegais. Em relação aos laços íntimos entre a Scotland Yard e o império de Murdoch, o ex-chefe da polícia revela que 10 entre 45 pessoas que trabalham atualmente no departamento de imprensa da Scotland Yard passaram previamente pela News International, braço do grupo do magnata.

Os principais veículos de comunicação do mundo estão cobrindo a sessão do parlamento britânico. Clique aqui para acessar o site do jornal britânico The Guardian, que está fazendo uma cobertura minuto a minuto.

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Abaixo, notícia de 247 a respeito, publicada na segunda-feira 18:

247 _ Autor de mais de 20 romances de espionagem, entre eles os clássicos O Espião Que Veio do Frio e O Jardineiro Fiel, nem mesmo o escritor inglês John Le Carré concebeu uma trama tão intrincada e surpreendente como esta da Inglaterra e seus principais personagens enrolados até o pescoço no escândalo dos grampos realizados pelo jornal News of the World. Uma história real de poder, bisbilhotice e dinheiro na qual acaba de entrar em cena o único elemento que faltava: uma morte em circunstâncias misteriosas.

Na manhã desta segunda-feira, o jornalista Sean Hoare, ex-repórter do jornal e primeiro a denunciar o esquema de espionagem, foi encontrado morto em sua casa no distrito de Watford. A polícia diz que a circunstância da morte, por enquanto, “é inexplicável”. Também não há, até o momento, suspeitos. Hoare, no passado, apresentou histórico de ligação com álcool e drogas, mas demonstrava, nos últimos tempos, estar limpo. Em suas denúncias sobre o grampo, o repórter morto sempre batia na tecla das ligações entre seu ex-chefe no News of the World, Andy Coulson, e o atual primeiro-ministro David Cameron. Ex-diretor do News, Coulson deixou o cargo em 2007, aproximou-se de Cameron e foi com ele para o gabinete, como titular da área de imprensa. No começo do ano, abalado pelas primeiras denúncias de que os jornalistas do News conseguiam, mediante propina, obter informações privilegiadas da polícia inglesa, Coulson renunciou ao seu cargo. O líder trabalhista Ed Miliband exigiu do primeiro-ministro Cameron, do partido conservador, um pronunciamento duro, marcando com nitidez seu afastamento de Coulson. Cameron, porém, preferiu um discurso mais brando: “Tomei a decisão consciente de dar uma segunda chance a alguém que tinha cometido um erro", afirmou. "Ele trabalhou para mim, e trabalhou bem. Mas no fim ele decidiu que a segunda chance não adiantaria e pediu demissão por causa de seu primeiro erro."

O certo é que, na semana passada, Coulson foi o primeiro personagem preso em razão das suspeitas de ter ordenado ou sido convivente com os grampos feitos pelo pessoal do News. Pouco depois, a CEO da News Corp. na Inglaterra, Rebekah Brooks, também teve sua prisão decretada pela justiça. Ela precisou pagar fiança para continuar em liberdade. Rebekah costumava fazer cavalgadas com Cameron e conversar com ele com freqüência pouco usual. Ela é acusada de ter grampeado o ex-primeiro ministro trabalhista Gordon Brown, antecessor de Cameron. A oposição já quer saber se o próprio Cameron sabia desses movimentos. Se isso ficar comprovado, a situação dele no cargo ficará insustentável.

A morte do jornalista Hoare acrescenta dramaticidade ao escândalo que vai rompendo todos os limites iniciais. Em viagem à África do Sul, o primeiro-ministro Cameron tem recusado as recomendações para interromper sua missão comercial e voltar a Londres para cuidar do tema doméstico. Agora, diante do fato novo, pode ser forçado a mudar de ideia. Afinal, ele próprio está mais perto do epicentro do escâdalo, em razão da ligação com o Coulson e Rebekah. O caso que parecia circunscrito a violações de direitos individuais está evoluindo para uma grande questão de Estado, abalando as estruturas de poder na Inglaterra. Os números 1 e 2 da Scotland Yard renunciaram a seus cargos entre o final de semana e hoje. A polícia inglesa é acusada de ter fornecido informações sigilosas sobre pessoas escolhidas aos repórteres do News, em troca de propinas. Coulson, em seus tempos de editor, teria operado com esse esquema, assim como Rebekah. Cameron tinha conhecimento disso? Se tinha, por que não o denunciou?

Acima deles, o magnata australiano Rupert Murdoch, de 80 anos, maior acionista da News Corp., já tem seus dias como líder da organização sendo contados por observadores de mercado (leia notícia de 247 a respeito). A empresa vem sangrando nas bolsas de valores, com os papeis sendo desvalorizados em mais de 13% nos últimos dias. Amanhã, terça 19, Murdoch e seu filho James serão sabatinados em pleno parlamento inglês. Eles precisarão ter muitas explicações convincentes para justificar as ações dos jornalistas do News.

Entre os cidadãos espionados, o escândalo que a imprensa inglesa chama de “phone-hacking” também se alastrou de maneira descontrolada. Ninguém menos que Paul McCartney, David Beckhan e Jude Law estão entre as celebridades que foram grampeadas (leia mais)– e eles também prometem entrar com fortes processos contra Murdoch e sua companhia que possui 55 jornais e 40 revistas, além do The Wall Street Journal e da rede de tevê americana Fox. Como se vê, as estruturas do Império Britânico estão sendo sacudidas.

 

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