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Tereza Cruvinel sobre PHA: 'Caiu um pilar da resistência'

"Paulo Henrique não sobreviveu fisicamente, mas viverá no exemplo que deixou: como jornalista: não se calou nunca, não se vergou, não se vendeu, não se rendeu, não lambeu botas para preservar posições. Vai, PHA, você fez muito, travou o bom combate e se foi com dignidade", escreveu a jornalista Tereza Cruvinel

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247 - A jornalista Tereza Cruvinel classificou o também jornalista Paulo Henrique Amorim, o PHA, como um pilar da resistência que o Brasil perde com o seu falecimento ocorrido na manhã desta questa-feira (10).

"Caiu um pilar da resistência. Paulo Henrique não sobreviveu fisicamente, mas viverá no exemplo que deixou: como jornalista: não se calou nunca, não se vergou, não se vendeu, não se rendeu, não lambeu botas para preservar posições. Vai, PHA, você fez muito, travou o bom combate e se foi com dignidade", escreveu a jornalista em sua página nas redes sociais.

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Confira a íntegra do texto: 

PHA: cai um pilar da resistência

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"Obrigado, querida, disso entendemos nós dois: sobreviver". Foi o que me disse Paulo Henrique Amorim no dia 24, em resposta à minha mensagem expressando solidariedade. Ele acabava de ser afastado do Domingo Espetacular pela TV Record, por pressão do governo intolerante, autocrático e autoritário de Bolsonaro. Eu havia dito, na mensagem, que ele era um pilar da resistência e vítima do disfarçado e não comentado expurgo de jornalistas que vem acontecendo no país, afastando da mídia os combativos, os que não se vergam. "Eles passarão, nós passarinhos, ainda vamos gorjear", eu disse ainda ele.

Paulo Henrique entendia mesmo de sobreviver. Eu, nem tanto. Combatendo com vigor na escuridão, seu coração não resistiu ao último golpe, o da Record. Não viveu para um dia gorjear, quando a luz finalmente voltar a iluminar o país com justiça, liberdade e democracia de verdade. Falando e escrevendo, no estilo cortante que lhe era próprio e único, combateu o engodo, a mentira, a tempestade do ódio, o obscurantismo e o servilismo que tomou conta de boa parte da imprensa. Escandindo as palavras quando falava, ou construindo frases como quem amola a faca, PHA estava o tempo todo na trincheira.

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Já fui tirada abruptamente por ato de força, quando o governo Temer interveio na EBC, logo depois do golpe do impeachment. Eu já não era presidente mas comentarista política e apresentadora na TV Brasil. O interventor Laerte Rímoli baniu imediatamente da rede pública uma penca de jornalistas. Além de mim, Luiz Nassif, Paulo Moreira Leite, Emir Sader, Sidney Resende e outros mais. Havíamos feito uma cobertura intensa e pluralista da guerra contra Dilma, mostrando as duas faces do processo em curso. De repente, ficamos sem chão e sem voz. Imagine o que foi para PHA o golpe da Record, ele que há 14 anos apresentava o Domingo Espetacular.

Depois da covardia da Record, que cedeu à pressão dos que pediam a cabeça de PHA, ele continuou resistindo e combatendo no site Conversa Afiada e na TV Afiada. Ontem à noite ainda o li seu comentário sobre o áudío divulgado por The Intercept, em que o procurador Dallagnol festeja a liminar do ministro Fux impedindo Lula de dar entrevista antes do segundo turno da eleição. "Hipócrita celebra a decisão de Fux que calou a imprensa ", escreveu ele, chamando agora Dallagnol de Dallainho. Já com data de hoje, outro texto falava da liberação de R$ 2,4 bi em emendas, pelo governo, para juntar votos a favor da reforma da Previdência. Paulo Henrique deve tê-lo escrito de madrugada, antes do infarto. Seu último dardo flamejante.

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Caiu um pilar da resistência. Paulo Henrique não sobreviveu fisicamente, mas viverá no exemplo que deixou: como jornalista: não se calou nunca, não se vergou, não se vendeu, não se rendeu, não lambeu botas para preservar posições. Vai, PHA, você fez muito, travou o bom combate e se foi com dignidade.

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