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Tijolaço: Venina Velosa é 'pecadora convertida'

Jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço, traça o perfil da gerente Venina Velosa, que se tornou a nova delatora do caso Petrobras. "Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido? E agora, quando a Comissão Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um suposto e-mail dirigido a Graça Foster como álibi?", questiona

Jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço, traça o perfil da gerente Venina Velosa, que se tornou a nova delatora do caso Petrobras. "Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido? E agora, quando a Comissão Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um suposto e-mail dirigido a Graça Foster como álibi?", questiona (Foto: Leonardo Attuch)
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247 - O jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço, traçou o perfil de Venina Velosa, a nova delatora do caso Petrobras. Segundo ele, trata-se de uma 'pecadora convertida'. Leia abaixo:

A incrível fábrica de pecadores convertidos na Petrobras

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Por Fernando Brito

Ontem, ia escrever sobre o suposto aviso de uma gerente  – Venícia Fonseca – de que havia gastos irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento e, depois, na Refinaria Abreu e Lima.

Desisti porque a resposta da Petrobras havia sido pífia, tratando os fatos com uma contenção inadmissível a quem está sendo atacado com acusações desta natureza.

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Como a empresa, depois, deu maiores informações e, agora, já é possível tratar do episódio, com fatos e lógica, sem cometer leviandades ( adoto o termo de Aécio, para que não restem dúvidas).

Aos fatos e às versões, para que os leitores julguem.

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A Folha descreve assim o primeiro caso denunciado pela funcionária:

As primeiras denúncias de Venina Fonseca referiam-se a pagamentos de R$ 58 milhões por serviços que não foram realizados na área de comunicação, em 2008.Segundo a gerente, ela procurou Costa para reclamar dos contratos. Este teria apontado uma foto do presidente Lula e questionado Venina se ela queria “derrubar todo mundo”, relata a reportagem.

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O leitor do jornal, portanto, fica supondo que manteve-se a irregularidade.

O que só se reforça, ao final da matéria, quando a Folha vai ouvir “o outro lado” e limita-se a registrar que a empresa “diz ter instaurado comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar os indícios de irregularidades em contratos e pagamentos da gerência de Comunicação da diretoria de Abastecimento e que o resultado das análises foi “encaminhado às autoridades competentes”.

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Sem que isso implique qualquer desconsideração pelo que teria dito a ex-gerente, era dever da Folha ter registrado que a Petrobras, mesmo numa resposta pífia, que o “ex-gerente da área” (assim, sem o nome, que é Geovane de Moraes) teria sido demitido em abril de 2009, embora tenha conseguido adiar o afastamento com sucessivas licenças médicas. Como, aliás, faz hoje.

E porque não o fez de imediato, quando já sabia que o caso não fora “deixado para lá”, mas tornou-se objeto de apuração na empresa – ao contrário do que diz Venina – e da decisão de demitir o responsável pela “área de comunicação”? Tanto que a própria Folha o publicou em 22 de junho de 2009, inclusive com insinuações nada suaves de que o gerente Geovane de Moraes teria beneficiado interesses petistas.

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Repito, não uso de acusações ou defesas levianas, mas de fatos publicados.

E, aliás, recentemente republicados, pela Época, em setembro, onde se fica sabendo que o cidadão é filiado ao PMDB, não ao PT, foi objeto de investigação por ordem da Presidência da Petrobras e que o assunto foi mandado, como deveria ser, à Polícia, mais especificamente à 10a. Delegacia Policial, onde consta do Procedimento 005.07275 do mesmo ano de 2009.

Se o caso era para “derrubar todo mundo”, inclusive o Presidente Lula – cujo retrato, diz Venícia, Paulo Roberto Costa apontou – parece que não se teve medo de apurar, não é?

Se a demissão de Geovane levou tanto tempo para se consumar, por força de licença psiquiátrica, é o caso de saber-se se havia acordo coletivo impedindo demissões durante licença – sei que há garantindo complementação do INSS até por quatro anos, justo o prazo em que ele voltou e foi mandado embora – ou se seu chefe, Paulo Roberto Costa, passou-lhe a mão na cabeça até sua própria demissão, em 2012.

Esclarecido o caso inicial, que é objetivo, passemos ao perfil da denunciante.

Foi, durante muitos anos, pessoa de confiança de Paulo Roberto Costa, muito antes do governo Lula. Trabalhou com ele, no período FHC e foi ele quem a levou, como pessoa de estrita confiança, para a Diretoria de Abastecimento. Coisa que ela própria descreve, no e-mail mostrado ontem no Jornal Nacional:

“Diz que desde 1999, quando conheceu o então diretor, teve muitas oportunidades de crescimento. Destaca que “tendo a sorte de trabalhar com ele, saí de uma situação de extrema pobreza e dificuldade na infância para o cargo de gerente executiva da Petrobras, atuando na diretoria de abastecimento”.

Lá, dirigiu licitações, foi do conselho da refinaria Abreu e Lima e tudo o que se podia esperar de proximidade com alguém que a tirou ” de uma situação de extrema pobreza e dificuldade na infância”.

Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido ?

E agora, quando a Comissão Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um suposto e-mail dirigido a Graça Foster como álibi?

Porque o e-mail divulgado no JN mostra, sem nenhuma dúvida, que Venina foi cúmplice de Costa: “me deparei com a possibilidade de ter de fazer coisas que supostamente iriam contra as normas e procedimentos da empresa, contra o Código de Ética e contra o modelo de gestão que implantamos não consegui criatividade para isso. Foi a primeira vez que não consegui ser convencida a fazer. Não consegui aceitar a forma. No meio do diálogo caloroso e tenso ouvi palavras como ‘covarde’, ‘pular fora do barco’ e ‘querer me pressionar’. Confesso que eu esperava mais apoio e um pouco mais de diálogo”.

Como assim “diálogo”?

- Ah, querida, é só mais uma roubadinha, vai… Eu sei que você é honesta, que aceita eu roubar só por gratidão, e sabe que eu roubo só porque preciso, porque eu estou enojado, já te contei…

Ainda bem que a imprensa brasileira não é levada a sério. Porque, senão, íamos ter uma inflação de santos, tanta gente safada que se “converte” à moralidade quando sabe que, por razões políticas, vai ganhar perdão por suas “delações premiadas”.

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