A democracia no Egito
Mohamed foi mal, mas sua saída pode ser bem mais traumática. A tendência é que a violência aumente nos próximos meses, já que militantes pró-Morsi não vão engolir essa "solução"
O artigo do blog sai "quentinho", como as notícias dos jornais de antigamente. Hoje, os simpáticos periódicos nos trazem assuntos que já estamos cansados de ver na internet. Uma pena.
O primeiro presidente eleito democraticamente do Egito, Mohamed Morsi, foi deposto por militares. A situação ainda é nebulosa para se classificar como golpe de Estado. O caso é que milhões estavam insatisfeitos com Morsi, no poder há pouco mais de um ano. Os militares, a princípio, não tinham a intenção de pegar esse abacaxi.
Governo ruim
O representante da Irmandade Muçulmana (grupo político mais forte do país) não conseguiu satisfazer os principais anseios da população: crescimento econômico, menos inflação, combate à violência e respeito às minorias.
Na verdade, Morsi foi um desastre nos quatro itens. Porém, para ser justo, ele recebeu uma "herança maldita" do faraó Mubarak. É impossível um político acabar com as carências de um país como o Egito em apenas um ano. Pode ser até mesmo que nunca sejam resolvidas.
Mohamed foi mal, mas sua saída pode ser bem mais traumática. A tendência é que a violência aumente nos próximos meses, já que militantes pró-Morsi não vão engolir essa "solução".
Futuro
Quem assume, provisoriamente, é o chefe da Suprema Corte. Porém, está "amparado" pelos militares – donos de 40% da economia local. Conhecedores do sistema de poder egípcio disseram que Morsi tombou quando perdeu o apoio das Forças Armadas. Isso aconteceu a partir do momento em que o homem da Irmandade deixou de ser ouvido nas ruas.
Segundo anúncio do general Al-Sisi, a tão contestada Constituição de Morsi (acusada de ser muito pró-Islã) será suspensa e o Parlamento, dissolvido. O poder será devolvido aos civis "em breve", assim que novas eleições sejam organizadas.
Uma petição online para a renúncia de Mohamed Morsi começou a circular em abril. Quase três meses depois, atingiu 22 milhões de assinaturas, mais que o total de votos que o ex-chefe de Estado recebeu há um ano.
Após milênios de faraós e ditaduras, o Egito teve um lampejo de como pode funcionar uma democracia. O caso é saber se eles apreciam esse sabor.
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