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A uma semana das presidenciais e caindo nas pesquisas, Macron faz comício defendendo valores europeus

A oito dias do primeiro turno, ele ainda é o favorito, mas com uma vantagem cada vez mais ameaçada pelo crescimento da candidata de extrema direita, Marine Le Pen

O presidente francês e candidato à reeleição Emmanuel Macron em comício em Nanterre, a oeste de Paris, no sábado 2 de abril de 2022 (Foto: REUTERS /Sarah Meyssonnier)
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Maria Paula Carvalho, da RFI - O presidente e candidato à reeleição na França, Emmanuel Macron, realizou, neste sábado (2), o seu primeiro grande comício eleitoral. A oito dias do primeiro turno, ele ainda é o favorito nas intenções de voto, mas com uma vantagem cada vez mais ameaçada pelo crescimento da candidata de extrema direita, Marine Le Pen. Outros candidatos também aproveitam o fim de semana para se aproximar dos eleitores.

Cerca de 30.000 pessoas compareceram à Arena de Nanterre, perto do emblemático Arco de la Défense, a oeste de Paris, onde fica uma das maiores salas de reuniões da Europa, bastante utilizada para concertos e eventos esportivos. Depois de uma primeira parte do evento mais interativa e com a colaboração dos partidários da República em Marcha (LREM), partido de Macron, o presidente foi o único orador a subir ao palco para "um discurso político, social e de unidade", segundo definiu a sua comitiva de campanha.

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Macron defendeu "a força silenciosa da fraternidade" para lutar contra aqueles que propõem "o grande atraso" da França. Ele dedicou boa parte do discurso à sua política europeia, a qual pretende dar continuidade se for reeleito. "Fomos os únicos, em 2017, a agitar a bandeira europeia, fomos criticados quando colocamos a bandeira europeia sob o Arco do Triunfo. Pois bem, assumimos isso", disse Emmanuel Macron.

O centista concentrou seu discurso em duas áreas duramente atingidas pela pandemia de Covid-19: a educação e a saúde. Emmanuel Macron também citou promessas de redução de impostos e o retorno ao pleno emprego. 

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Mais uma vez, ele defendeu o aumento da idade para a aposentadoria aos 65 anos, projeto que sofre críticas. "Não acredite naqueles que dizem que dá para se aposentar aos 60 ou 62, (..) e que tudo vai ficar bem, pois não é verdade", martelou. 

O chefe de Estado, que atrasou a sua entrada na campanha eleitoral devido à guerra na Ucrânia, inicialmente consolidou a sua preferência nas pesquisas, ao lidar com a resposta ocidental à invasão russa. Contudo, Macron tem visto a sua principal rival, Marine Le Pen, recuperar apoio nas últimas semanas.

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A líder do partido Reunião Nacional (RN) concentrou a sua campanha longe das metrópoles, visitando cidades onde os eleitores muitas vezes se sentem negligenciados. A candidata da extrema direita direciona seu discurso para o poder de compra, a principal preocupação dos franceses nestas eleições, questão acentuada pelas consequências econômicas da guerra na Ucrânia.

Na reta final da campanha, Macron ainda enfrenta uma polêmica causada pelo uso maciço por parte do poder público de empresas de consultoria. Ele também tenta se desligar de uma imagem de "presidente dos ricos", familiarizado com o mundo das finanças.

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As pesquisas de intenção de votos para o segundo turno ainda apontam Emmanuel Macron como vencedor contra Le Pen, assim como aconteceu no segundo turno de 2017. Porém, com uma pontuação muito mais estreita.

Os últimos levantamentos confirmam o declínio do candidato centrista na preferência dos eleitores, após um forte crescimento no início da guerra na Ucrânia. Mais do que no primeiro turno, onde ele ainda está na liderança com 27-28% das intenções de voto, o partido de Macron está preocupado com a subida de Marine Le Pen no segundo turno, marcado para 24 de abril.

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De acordo com a última pesquisa Elabe, publicada neste sábado, Emmanuel Macron venceria Marine Le Pen no segundo turno por 53% a 47%. Mas a diferença entre o presidente e a líder do RN vem diminuindo há vários dias e a candidata da extrema direita poderia até mesmo vencer, se a margem de erro for levada em conta.

Marine Le Pen, que buscou atenuar posições mais radicais para agradar ao eleitorado e se reorientou no espectro político após o surgimento de outro candidato de extrema-direita, Eric Zemmour, diz estar “serena” às vésperas do pleito.

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Outros candidatos também fizeram campanha neste sábado.

Polemista Zemmour insiste em ataques à imigração

Ao visitar um mercado popular em um bairro operário de Marselha, no sul da França, Éric Zemmour disse que o local ilustrava a "grande substituição" da população francesa, um conceito conspiratório defendido por ele e que denuncia uma suposta substituição das populações europeias por imigrantes, particularmente africanos.

"Aqui, importamos o terceiro mundo e temos o terceiro mundo", disse ele, diante de vendedores que arrumavam objetos e quinquilharias pelo chão.

Mélenchon se reúne com restauradores que trabalham na Catedral de Notre-Dame que pegou fogo

O candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, se encontrou com restauradores da catedral de Notre-Dame, a quem disse ser fascinado pela aliança entre a "tradição" e a "modernidade" exigida por esse tipo de profissão. Ele conversou com os restauradores de murais, vitrais, molduras, órgãos e estátuas.

O candidato do partido “A França Insubmissa” aproveitou o encontro aberto ao público, organizado pela instituição responsável pela conservação e restauro da igreja que pegou fogo, em abril de 2019, para convencer eleitores. Mélenchon disse que "chorou" após o incêndio que devastou parte da estrutura da catedral. "Este edifício me comove, fala comigo", disse.

O candidato também elogiou o Papa Francisco por suas posições progressistas em questões sociais. "Para minha família ideológica, ele certamente não é um adversário”, disse. “Sou contra o poder das pessoas na Igreja, mas o distingo com a fé, que é a sua capacidade de entrar em contato com o mundo através de um canal particular”, afirmou Mélenchon.

Fabien Roussel tenta convencer eleitores da esquerda a votar no programa comunista

"Votar de verdade é votar em dias felizes", disse o candidato comunista, Fabien Roussel, ao discursar, neste sábado, em Villeurbanne, na região do Rhône, perto de Lyon. "Iremos às urnas votar orgulhosos, de pé, confiantes e sorridentes", assegurou o postulante ao cargo de presidente, atualmente bem atrás de Jean-Luc Mélenchon (LFI), o mais bem colocado nome da esquerda nas pesquisas de intenções de voto, com cerca de 15%. Roussel oscila entre 2,5% e 5% nas pesquisas.

Por mais de uma hora, o representante comunista se concentrou na luta contra a "evasão fiscal" e a "otimização tributária", de acordo com suas palavras "tão injusta e antipatriótica", conforme disse a cerca de 4.000 pessoas que acompanharam seu discurso.

O ambientalista Yannick Jadot denuncia pressão de lobistas no governo

O candidato ambientalista à presidência, Yannick Jadot, voltou a denunciar, neste sábado, o mandato de cinco anos de Emmanuel Macron como sendo aquele do "lobby da caça". Foi durante uma manifestação em Compiègne, ao norte de Paris, onde ele participou de um evento contra a caça com cães.

"Em três semanas, se os franceses decidirem, vamos proibir a caça com cães", prometeu o candidato, que desfilou ao lado de cerca de 200 pessoas reunidas pela associação Ava de proteção animal.

"Se você quer continuar com a caça com cães e com o sofrimento dos animais, tem que votar Macron. Se você quer acabar com o sofrimento dos animais, das caçadas cruéis e da agricultura industrial, tem que votar Jadot", discursou o ambientalista. “Caçar com cães é totalmente o oposto das forças da vida, é o oposto do deslumbramento, da beleza da natureza”, disse o candidato que tem entre 4,5% e 6% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais.

Yannick Jadot acusou Macron de “sempre ter obedecido ao lobby da caça". "Quando você tem o chefe da federação de caça, Willy Schraen (...), que anuncia o programa do presidente para essa atividade, isso diz muito sobre o quanto esse mandato foi construído com e para os lobistas e, particularmente, o lobby da caça", acrescentou.

"Não seremos a República dos lobbies, mas a República do bem-estar animal, da proteção da natureza e dos seres vivos", insistiu. Entre suas propostas de campanha, o candidato quer “regulamentar a caça” e, em particular, proibir a atividade nos finais de semana e feriados para que “todos possam acessar a natureza”. Jadot também se opõe à criação de espécies para a caça. “A cada ano, 20 milhões de animais são mortos quando saem das jaulas", denunciou.

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