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Mundo

Angela Merkel se posiciona ao lado da China e rejeita nova guerra fria

Chanceler alemã disse que o mundo não deve se dividir entre um bloco liderado pelos Estados Unidos e outro pela China

(Foto: Damir Sagolj/REUTERS)
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247 – A chanceler alemã Angela Merkel se posicionou ao lado da China, na defesa do multilateralismo, ao participar da cúpula virtual em Davos, na Suíça. "Eu gostaria muito de evitar a construção de blocos. Dizer 'estes são os EUA e ali está a China e estamos nos agrupando em torno de um ou outro'. Não é o meu entendimento de como as coisas devem ser", disse ela. Confira também o discurso de Xi Jinping na cúpula:
Beijing, 25 jan (Xinhua) -- O presidente chinês, Xi Jinping, explicou nesta segunda-feira a posição da China sobre como melhorar o multilateralismo no contexto da pandemia da COVID-19 e da recessão econômica mundial ao participar de sua primeira reunião virtual internacional em 2021.

"Cada escolha e movimento que fazemos hoje moldarão o mundo do futuro", disse Xi em seu discurso especial no Evento Virtual da Agenda de Davos do Fórum Econômico Mundial.

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REJEITANDO O MULTILATERALISMO SELETIVO

Observando que os problemas que o mundo enfrenta são intrincados e complexos, Xi apontou que a saída para eles é "por meio da defesa do multilateralismo e da construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade".

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"Multilateralismo significa ter assuntos internacionais tratados por meio de consultas e o futuro do mundo decidido por todos trabalhando juntos", afirmou Xi.

O presidente chinês pediu que a comunidade internacional diga não às políticas mesquinhas e egoístas de empobrecer o vizinho, e pare a prática unilateral de manter as vantagens de desenvolvimento só para si.

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"O multilateralismo não deve ser usado como pretexto para atos de unilateralismo. Os princípios devem ser preservados e as regras, uma vez criadas, devem ser seguidas por todos", ressaltou Xi.

"A decisão não deve ser tomada simplesmente por meio de exibir músculos fortes ou um punho grande", disse ele, acrescentando que "o multilateralismo seletivo não deve ser nossa opção".

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Cada país é único com sua própria história, cultura e sistema social, e nenhum é superior ao outro, assinalou ele, reiterando que "não há duas folhas no mundo idênticas e nenhuma história, cultura ou sistema social é igual".

"As relações entre estados devem ser coordenadas e reguladas por meio de instituições e regras adequadas. O forte não deve intimidar o fraco", afirmou Xi.

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Além disso, o presidente chinês indicou que os avanços científicos e tecnológicos devem beneficiar toda a humanidade, em vez de serem usados para restringir e refrear o desenvolvimento de outros países.

Xi exortou o abandono de mentalidades de arrogância e isolamento: "nós já vimos repetidamente que empobrecer o vizinho, atuar sozinho e derrapar em isolamento arrogante sempre fracassará".

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OLHANDO PARA O FUTURO PARA DEFENDER O MULTILATERALISMO

Xi notou que as instituições multilaterais fornecem as plataformas para colocar o multilateralismo em ação e são a arquitetura básica que sustenta o multilateralismo, dizendo que a autoridade e a eficácia delas devem ser salvaguardadas.

Ele pediu que a comunidade internacional permaneça comprometida com a abertura e inclusão, com o direito e as regras internacionais, com a consulta e cooperação e com o acompanhamento dos tempos, em vez de rejeitar as mudanças.

"A história e a realidade deixaram claro repetidamente que a abordagem equivocada de antagonismo e confronto, seja na forma de guerra fria, guerra quente, guerra comercial ou guerra tecnológica, no fim prejudicando os interesses de todos os países e minando o bem-estar de todos", apontou ele.

"Para defender o multilateralismo no século 21, devemos promover sua excelente tradição, assumir novas perspectivas e olhar para o futuro. Precisamos defender os valores mais importantes e os princípios básicos do multilateralismo. Também precisamos nos adaptar ao cenário internacional em mudança e responder aos desafios globais à medida que eles surgem. Precisamos reformar e melhorar o sistema de governança global com base em ampla consulta e construção de consenso", analisou o presidente chinês.

Xi apelou para que se dê todo peso ao papel da Organização Mundial da Saúde na construção de uma comunidade global de saúde para todos e pediu a promoção da reforma da Organização Mundial do Comércio e do sistema financeiro e monetário internacional de uma forma que impulsione o crescimento econômico global e proteja direitos, interesses e oportunidades dos países em desenvolvimento.

Adriano Lucatelli, cofundador e diretor administrativo da Descartes Finance, uma empresa suíça líder em gestão de patrimônio digital, disse à Xinhua que espera que a China continue a buscar o multilateralismo para encontrar soluções globais para um mundo pós-pandêmico e deseja que o país tome um papel de liderança na promoção da cooperação global.

ATOS CONCRETOS DA CHINA NA PROMOÇÃO DO MULTILATERALISMO

Mais de 2.000 líderes empresariais, governamentais e da sociedade civil e mais de 20 chefes de Estado ou de governo devem se reunir virtualmente para a Agenda de Davos do Fórum Econômico Mundial com o fim de lidar com as consequências da pandemia da COVID-19 e atender à necessidade urgente de cooperação global.

A Agenda 2021 de Davos está programada para ser realizada de 25 a 29 de janeiro sob o tema "Um ano crucial para reconstruir a confiança".

Em seu discurso, Xi elaborou a promessa da China em cinco aspectos para promover o multilateralismo e a prosperidade comum, incluindo a participação ativa na cooperação internacional na luta contra a COVID-19, implementação de uma estratégia de abertura de benefício mútuo, promoção do desenvolvimento sustentável, avanço em ciência, tecnologia e inovação e promoção de um novo tipo de relações internacionais.

As estatísticas mostraram que o PIB da China ultrapassou o teto de 100 trilhões de yuans (US$ 15,42 trilhões) em 2020 e deve ser a única grande economia a registrar crescimento no ano devastado pela pandemia.

"Uma vez que a China entra em um novo estágio de desenvolvimento, seguiremos uma nova filosofia de crescimento e promoveremos um novo paradigma de expansão, com a circulação interna como pilar e as circulações interna e externa se reforçando entre si", explicou Xi.

"O jogo de soma zero ou o vencedor leva tudo não é a filosofia orientadora do povo chinês. Como seguidora convicta de uma independente política externa de paz, a China está trabalhando duro para buscar relações amigáveis e cooperativas com outros países", ressaltou ele.

Xi disse que a China se envolverá mais ativamente na governança econômica global e buscará uma globalização econômica que seja mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para todos.

Enquanto as pessoas no mundo agora lidam com a crise atual e se esforçam para fazer cada dia melhor para todos, Xi apontou que a comunidade internacional precisa "permanecer unida e trabalhar em conjunto", enfatizando que as pessoas devem "deixar o multilateralismo iluminar nosso caminho em direção a uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade".

A ligação e o discurso foram manchete na Alemanha, com o Süddeutsche Zeitung, por exemplo, sublinhando as diferenças relativas ao gasoduto Nord Stream 2, quase pronto para levar gás russo à União Europeia. Biden é contra.

O governo Trump, no final, com apoio democrata, impôs sanções ao gasoduto. Merkel e a UE não se abalaram e, um dia antes de Biden ligar, as obras foram retomadas, segundo o financeiro Handelsblatt.

VENENO

Primeiro, a americana Pfizer reduziu a entrega de sua vacina à União Europeia, mas não aos EUA. Depois a britânica AstraZeneca avisou que reduziria também, mas não ao Reino Unido. E jornais alemães, como Süddeutsche e Frankfurter Allgemeine Zeitung, manchetaram na terça (26) a "grave suspeita", que "envenena relações", de ser ação do primeiro-ministro Boris Johnson.

O editor-chefe do chinês Global Times/Huanqiu, Hu Xijing, comentou, sobre Pfizer, AstraZeneca e UE, que "vacinas produzidas nos EUA têm que ser distribuídas de acordo com os interesses nacionais dos EUA". E que "o Reino Unido apoia e coordena com os EUA ao fazer isso".

D10 FAZ ÁGUA

O Wall Street Journal cobriu e destacou o discurso de Xi Jinping no Forum Econômico, antes de Merkel. Enfatizou que ele se declarou contra "erguer pequenos círculos" para uma nova Guerra Fria, referência ao esforço de Biden de juntar aliados contra Pequim.

Esforço que foi delegado a Boris Johnson, que tenta tornar a reunião do G7, em junho, um esboço de um D10, juntando dez democracias contra a China. Mas Bloomberg, Handelsblatt e outros vêm noticiando que a maior parte do G7, inclusive Japão e Alemanha, não quer.

Também não ajuda o Reino Unido o fato de ter registrado o pior desempenho econômico do G7, com o brexit somado à pandemia, segundo o WSJ. Ou de ter alcançado "taxa maior de mortalidade por milhão de pessoas do que qualquer outro país", segundo o Times.

NO MAIOR MERCADO DO MUNDO

O WSJ publicou vídeo na home (acima) mostrando como a chinesa "Comac busca rivalizar com Boeing e Airbus no maior mercado do mundo", a China. E o financeiro japonês Nikkei reportou que as três maiores companhias aéreas chinesas suspenderam mais de cem encomendas feitas à Boeing e à Airbus em 2020, mas mantiveram todas aquelas feitas à Comac.

O financeiro chinês Caixin levou à manchete que o aeroporto de Guangzhou, no sul do país, superou Atlanta, nos EUA, como o mais movimentado do mundo.

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