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Bolsonaro quer mais EUA e menos China, mas realidade tende a se impor

O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) começa dentro de duas semanas, mas já há uma clara indicação de que o Brasil buscará um maior alinhamento com as políticas e preferências dos Estados Unidos, em detrimento do grande parceiro comercial, a China; mas isso é uma boa?

Bolsonaro quer mais EUA e menos China, mas realidade tende a se impor (Foto: © Foto : Divulgação / Twitter John Bolton)
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Thiago de Araújo (Sputnik Brasil) - O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) começa dentro de duas semanas, mas já há uma clara indicação de que o Brasil buscará um maior alinhamento com as políticas e preferências dos Estados Unidos, em detrimento do grande parceiro comercial, a China. Mas isso é uma boa?

Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político e professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, destacou que há uma disposição nítida de Bolsonaro em estreitar a relação com o presidente dos EUA, Donald Trump.

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Entretanto, a realidade tende a se impor ao governo brasileiro, mais cedo ou mais tarde. De acordo com o especialista, Washington já deu demonstrações de que vê a América Latina de uma forma nada prioritária, e isso influirá diretamente nas relações com Brasília na era Bolsonaro.

"O meu palpite é que esse desejo brasileiro, esse desejo do governo Bolsonaro de estabelecer uma relação preferencial com os Estados Unidos vai esbarrar em um problema do lado do governo Trump, que vai precisar do Brasil para algumas coisas regionais como a Venezuela e não muito mais do que isso", afirmou Santoro.

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O professor da UERJ acrescentou que "Trump não tem demonstrado nenhum interesse em estabelecer grandes alianças, grandes parcerias na América Latina e dificilmente ele vai mudar isso, mesmo com toda a disposição do governo Bolsonaro em levar isso adiante".

Recentemente, o assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton, esteve com Bolsonaro em sua casa, no Rio de Janeiro, no que foi o primeiro contato direto do presidente eleito com uma alta autoridade dos EUA. Embora considerada difícil, a vinda de Trump para a posse do brasileiro, em 1º de janeiro, ainda não foi oficialmente descartada – o que daria prestígio ao início do governo.

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Filho do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) esteve nos EUA e levou uma mensagem de total alinhamento com as políticas de Washington, sem deixar claras quais seriam as contrapartidas em favor do Brasil. Um exemplo foi o anúncio feito pelo parlamentar de que a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém – algo que nem Bolsonaro pai deixou claro, tendo dado posições diversas nos últimos meses.

Tais contradições, de acordo com Santoro, atingem diretamente a China, principal parceiro comercial do Brasil hoje. As mensagens de Bolsonaro e seus aliados foram hostis durante a campanha eleitoral, porém o presidente eleito chegou a receber emissários de Pequim após ter sido eleito. A tendência, na visão do analista – que esteve em solo chinês recentemente, reunido com autoridades e empresários locais –, é que a realidade se imponha.

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"Então tem esses conflitos dentro do próprio governo. Você tem um ala militar que é bastante hostil à China, vê a China sob uma perspectiva muito da época da Guerra Fria, que tem essa própria rejeição ao comunismo do governo chinês, e uma ala liberal que ainda não está claro para mim como vai se posicionar, se levaria a uma liberalização econômica e comercial até o ponto de aceitar investimento chinês no Brasil. E tem divisões dentro dos empresários brasileiros, tem aqueles favoráveis aos investimentos chineses porque acreditam que ele é a melhor maneira do Brasil tem no curto prazo de superar esse gargalo, com baixíssimo investimento em infraestrutura que tem caracterizado o Brasil no século 21", afirmou.

Um exemplo envolve o ambicioso programa de privatizações que será uma das prioridades do ministro da Economia, Paulo Guedes. Santoro comentou que é improvável pensar em um cenário em que a China não tenha participação importante, e que parece claro que tal investimento em estatais brasileiras não virá dos EUA.

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"Se o governo realmente resolver privatizar a Eletrobras, possivelmente a compradora seria uma estatal chinesa. A State Grid, que é, depois da própria Eletrobras, a maior investidora em energia elétrica no Brasil", pontuou o cientista político.

Da sua parte, o governo chinês já fez acenos ao novo presidente brasileiro. Foi desde as declarações de amizade e importância da relação bilateral, com o envio de emissários e até o convite para que parlamentares se reunissem em Pequim com o Partido Comunista chinês – com todas as despesas pagas –, até alertas em editoriais de jornais chineses sobre os malefícios de comprar uma briga com a China.

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"Mesmo no período de maior prosperidade o Brasil investiu pouco em infraestrutura e certamente isso vai continuar assim pelos próximos anos com esse esforço de ajuste fiscal, de austeridade, então se esse investimento não vier da China ele provavelmente não virá de lugar nenhum", concluiu Santoro.

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