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Brasil de Bolsonaro apoia proposta de fundamentalistas islâmicos de retirar tema da educação sexual da ONU

O Brasil votou a favor de uma proposta do governo do Paquistão e de outros países governados por fundamentalistas islâmicos, sugerindo retirar de uma resolução na ONU o termo "educação sexual" em projetos de combate à violência contra a mulher; o governo brasileiro mudou radicalmente sua postura na ONU, tentando vetar termos que eram consenso internacional por 25 anos

Brasil de Bolsonaro apoia proposta de fundamentalistas islâmicos de retirar tema da educação sexual da ONU (Foto: Reuters)

247 - O Brasil votou a favor de uma proposta do governo do Paquistão e de outros países governados por fundamentalistas islâmicos, sugerindo retirar de uma resolução na ONU o termo "educação sexual" em projetos de combate à violência contra a mulher. A informação é do colunista inernacional Jamil Chade, no portal UOL. 

Nesta quinta-feira, depois de semanas de debates, as resoluções sobre como lidar com abusos foram à votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O jornalista informa que, nas últimas semanas, o governo brasileiro mudou radicalmente sua postura na ONU, tentando vetar termos que eram consenso internacional por 25 anos. Com base em avaliações religiosas, o Brasil passou a rejeitar termos como direitos sexuais, igualdade de gênero e outras palavras que possam contradizer a uma visão religiosa de reprodução, homens e mulheres.

Os pedidos brasileiros foram rejeitados pelos autores das propostas e o Itamaraty desistiu de se opor à resolução.

Ainda assim, a explicação do governo é de que o termo "gênero" não faz parte da Constituição, que apenas usa os termos "igualdade entre homens e mulheres". Quanto aos direitos sexuais, o temor é de que o termo abra brechas para uma avaliação positiva do aborto.

A reportagem ainda informa que um dos textos submetidos se referecia à violência contra a mulher. Ao explicar a resolução, o governo do México indicou que, entre os pontos fundamentais, os governos apontam que a liberdade das mulheres passa necessariamente por sua "liberdade sexual" e que sua proteção passava por garantir a educação sexual nas escolas. Também se estabelece que as mulheres tem o direito de "controlar e escolher sua sexualidade" e que "nenhuma autonomia física deve ser limitada".

O governo brasileiro optou pelo silêncio e não se opôs na hora da aprovação. Mas surpreendeu ao se aliar a alguns dos governos mais conservadores do mundo.