Cúpula histórica do Mercosul
A grande mídia e os setores conservadores do país se negam a ver que, conforme reforçam os debates da cúpula, o Mercosul se expande e caminha para cooperações não só econômicas, mas também sociais e produtivas
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Acontece em Brasília nesta semana uma série de encontros decisivos para o fortalecimento do Mercosul. Além da cúpula dos chefes de Estado, estão sendo realizadas simultaneamente reuniões dos movimentos sociais, de sindicatos e empresários, mobilizando, pela primeira vez, várias lideranças para discutir questões cruciais para o processo de integração e desenvolvimento da região.
Fato de grande relevância, a presença dos presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Rafael Correa, do Equador, sinaliza que estes dois países estão caminhando a passos largos para integrar o Mercosul. Uma vez consolidada, a adesão dará nova dimensão geopolítica ao bloco, articulando as áreas amazônica, andina e caribenha da América do Sul e aumentando os benefícios econômicos gerados pelo bloco.
Também será um passo decisivo para o diálogo com outros vizinhos do continente - Peru, Colômbia e Chile - e, quiçá, para viabilizar o tão necessário Banco do Sul, aumentar o Fundo de Convergência Estrutural e dar impulso aos programas comuns de infraestrutura regional e integração produtiva.
Além da integração de antigos e novos membros, a cúpula se dedica a debater a criação de um programa de intercâmbio acadêmico que estimule a circulação de estudantes entre os países do bloco e alternativas para incentivar os investimentos e o desenvolvimento econômico na região.
Ministros e presidentes dos bancos centrais participaram de reuniões nas quais enfatizaram a importância do comércio intrarregional e do incremento à economia dos países-membros. Entre 2007 e 2011, as exportações na região aumentaram 58,44% e o intercâmbio comercial do bloco com o mundo cresceu 53,82%, resultados importantes, mas que podem ser melhorados.
A realização de eleições diretas para o Parlasul (Parlamento do Mercosul) também está na agenda dos chefes de Estado. Atualmente, apenas os representantes do Paraguai são escolhidos por voto direto. O Brasil, que passará de 37 para 74 vagas em 2014, tem dois projetos em tramitação para regulamentar a eleição dos próximos representantes pela população. Atualmente, os legisladores brasileiros do Parlasul são escolhidos pelo Congresso Nacional.
O Paraguai, suspenso do bloco até abril de 2013, quando deverá realizar eleições presidenciais, não enviou representantes, nem participa das reuniões relativas à cúpula. A suspensão foi decidida em junho, quando os até então quatro líderes do bloco consideraram golpe a deposição do presidente Fernando Lugo.
Enquanto isso, a 14ª Cúpula Social do Mercosul, que iniciou seus trabalhos na última terça-feira, trouxe em sua pauta a proposta de discutir com integrantes dos governos, dos parlamentos e da sociedade civil temas como economia solidária, direitos humanos, a livre circulação de pessoas, o reconhecimento de diplomas universitários, questões de gênero, além do desenvolvimento sustentável e social relativos à integração regional.
Representantes da juventude dos países do bloco e de outros países do continente também se reuniram para tratar de problemas comuns a este segmento da população como o desemprego, a qualidade da educação a da capacitação profissional.
Apesar de a abrangência temática e da ocorrência de todos estes eventos ao mesmo tempo conferirem ao encontro um caráter histórico, grande parte da mídia conservadora o ignora ou o utiliza como pretexto para tecer suas críticas nada construtivas, de teor nitidamente ideológico, desdenhando, por exemplo, da importância de nossas relações com a Argentina e da recente incorporação da Venezuela.
Vale lembrar que, com a entrada da Venezuela, o bloco passou a corresponder a 72% do território da América do Sul – aproximadamente três vezes a área da União Europeia –, a contar com PIB de US$ 3,32 trilhões e uma população de 275 milhões de habitantes.
A grande mídia e os setores conservadores do país se negam a ver que, conforme reforçam os debates da cúpula, o Mercosul se expande e caminha para cooperações não só econômicas, mas também sociais e produtivas, e para assumir um papel relevante em termos de segurança energética e alimentar, consolidando um projeto que seja capaz de dar vez e voz à América do Sul e à América Latina no mundo do século 21.
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