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Derrota do marechal Haftar coloca em risco unidade territorial da Líbia

A derrota do marechal Khalifa Haftar em Trípoli, após mais de 14 meses de guerra, reorganiza as cartas e obriga o reposicionamento das diferentes forças em conflito na Líbia

Marechal Khalifa Haftar perdeu o poder na Líbia e atualmente se encontra em uma posição difícil (Foto: REUTERS/Esam Omran Al-Fetori/File Photo)
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Houda Ibrahim, da RFI - A derrota do marechal Khalifa Haftar em Trípoli, após mais de 14 meses de guerra, reorganiza as cartas e obriga o reposicionamento das diferentes forças em conflito na Líbia. Essa derrota abre uma nova fase nesta guerra, que pode ser ainda mais complicada.

A derrota do marechal Khalifa Haftar em Trípoli, após mais de 14 meses de guerra, reorganiza as cartas e obriga o reposicionamento das diferentes forças em conflito na Líbia. Essa derrota abre uma nova fase nesta guerra, que pode ser ainda mais complicada.

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Observadores internacionais temem que a unidade territorial do país esteja seriamente ameaçada após a nova divisão de forças na Líbia e na Síria, que será decidida entre Moscou e Ancara.

Ao perder Trípoli, o marechal Haftar perdeu o poder e atualmente se encontra em uma posição difícil. O homem forte do leste da Líbia está enfraquecido. O Governo de Unidade Nacional (GNA), opositor de Haftar, aproveitou a oportunidade para exigir sua expulsão da vida política. Trípoli diz que aceita discutir com outro representante de Benghazi durante as próximas negociações entre os dois campos, mas não mais com Haftar: ele não é confiável.

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Egito e Rússia, antigos aliados de Haftar, preferem agora discutir com o chefe do parlamento, Aguila Saleh, que se afastou de Khalifa Haftar ao lançar uma iniciativa de paz e se recusar a abandonar o acordo político de Skhirat.

"O marechal Haftar está em uma posição muito delicada, está em uma situação enfraquecida diante de seus aliados internacionais e regionais, mas também diante de sua base no leste da Líbia, que é militar, tribal ou notável e que constitui uma importante base social.”, avalia Hasni Abidi, cientista político especializado no país.

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“A derrota militar de Haftar em Trípoli reduziu suas chances de se tornar o homem forte da Líbia. O marechal Haftar cometeu dois erros estratégicos: o primeiro, um ataque a Trípoli sem o aconselhamento de seus parceiros, e o segundo erro é ter evitado duas reuniões importantes, a que ocorreu com o presidente Putin e o acordo que foi assinado e, claro, a conferência de Berlim. Essa gestão solitária da crise na Líbia com o marechal Haftar foi muito onerosa em nível diplomático."

Turquia ganhou espaço sem cessar-fogo

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O Khalifa Haftar também foi diretamente atingido pela grande intervenção militar turca. Centenas de drones, milhares de mercenários sírios e agentes de inteligência turcos foram enviados por Ancara à Líbia para ajudar o GNA a derrotar o Exército Nacional da Líbia (ANL) dirigido por ele. Isso derrubou o equilíbrio de forças em Trípoli. O envolvimento militar turco aumentou na ausência de uma posição forte da Europa.

A Europa não conseguiu impor um cessar-fogo na região nem pressionar para a organização de eleições na Líbia. Os ocidentais permaneceram divididos na ONU (Organização das Nações Unidas) e na OTAN, falhas que permitiram o aumento da Turquia e da Rússia na Líbia. A Rússia certamente apoiou seu aliado Khalifa Haftar, mas sem mostrar o mesmo compromisso que a Turquia. As duas potências apoiam dois campos opostos e buscam estabelecer sua influência neste país rico em matérias-primas e onde gostariam de se estabelecer de maneira estável militar e economicamente.

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Para Jean-Sylvestre de Mongrenier, pesquisador do Instituto Thomas More, a situação na Líbia provavelmente piorará: "A Turquia e a Rússia vieram à tona. Os dois poderes vivem uma cooperação de rivalidade. Certamente eles se opõem, mas sempre saberão como se dar bem para expulsar os ocidentais. E nisso o paralelo com a Síria é essencial, mesmo que haja divergências. No fundo, a repartição [da Síria e da Líbia] é um fato e o futuro não parece ser um conflito estático. As operações continuarão. Então, quais são os objetivos dessas duas potências, Turquia e Rússia? Eles querem ampliar seu poder, sua presença, sua influência no norte da África e na área mediterrânea do Oriente Médio. Em geral, trata-se de adquirir posições, consolidá-las, tirar vantagem, ou seja, elas fazem parte de uma lógica da política de poder”.

Mongrenier destaca a falta de participação da Europa. “O que é surpreendente nesta questão é a ausência dos países europeus, quando tudo isso está acontecendo no ambiente geopolítico imediato"

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A Líbia se tornou uma carta nas mãos da Turquia, que poderia usá-la para pressionar a Europa. Os europeus temem que o presidente Recep Tayyip Erdogan pretenda usar a massa de migrantes para pressionar a União Europeia, como fez em março passado quando abriu sua fronteira com a Grécia e incentivou milhares de migrantes a irem para o velho continente.

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