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Estados Unidos e China: uma nova Guerra Fria?

A escalada das tensões entre os dois países nos últimos meses leva muitos comentaristas a identificar o atual período como o de início de uma “nova guerra fria”

Donald Trump e Xi Jinping (Foto: Donald Trump e Xi Jinping)
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Leonardo Sobreira, 247 - Segundo diversos analistas das relações internacionais, o mundo está prestes a mergulhar em uma nova guerra fria. A tensão entre Estados Unidos e China, exacerbada pela pandemia, exibe características de um potencial conflito de escala global, que, a não ser que contido através da diplomacia, pode se tornar verdadeiramente devastador para a humanidade. 

Até mesmo antes da pandemia, EUA e China trocavam farpas. A guerra comercial que começou em 2018 entre os dois países os levou a impor fortes tarifas comerciais entre si. A situação em Hong Kong foi condenada pelo governo Trump em diversas ocasiões. Além disso, as tensões no Mar da China Meridional por pouco não levaram os dois países a um conflito aberto. Agora, a pandemia elevou as tensões a níveis jamais vistos, com a China acusando os EUA de espalhar “conspirações e mentiras” sobre a maneira como a crise foi gerenciada. 

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O que está por trás desta piora na relação entre os dois países? 

Segundo Stephen M. Walt, professor de relações internacionais da Universidade de Harvard, existe uma tradição na disciplina de se enxergar tais ocasiões como produto da política interna de cada país. Desde a Primeira Guerra Mundial, até a Segunda, a Guerra Fria e os conflitos mais recentes no Oriente Médio, os EUA, como a principal democracia no mundo, venderam-se como um agente internacional de natureza benigna. De acordo com a teoria, democracias, por serem capazes de restringirem as atitudes de seus líderes, são menos suscetíveis do que ditaduras de iniciarem guerras. Do lado oposto estão os sistemas autoritários, que não estão sujeitos a tal escrutínio popular, e, assim, seus líderes são tidos como capazes de cometer atrocidades no âmbito internacional. 

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No entanto, como apontado por Walt, esta concepção além de perigosa - já que ela sugere um problema “da natureza” de cada país, assim fazendo com que apenas uma mudança profunda nessa natureza seja capaz de trazer a paz - ignora a dinâmica principal do funcionamento das relações internacionais. Esta é o fato de que, inerentemente, “os dois países mais poderosos no cenário internacional são extremamente mais suscetíveis a compor blocos opostos. Por conta do fato de que um constitui a maior ameaça ao outro, e vice-versa, eles inevitavelmente irão suspeitar um do outro e farão de tudo para reduzir a capacidade do outro de ameaçar seus interesses principais.”

Esta maneira estrutural de se enxergar o cenário internacional sugere, principalmente, que o conflito entre os dois países persistirá conforme as estruturas de poder dos dois agentes se mantiver. Além disso, ela também indica que “ambos os lados possuem um interesse genuíno e compartilhado em conter sua rivalidade dentro de um certo limite.”

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De qualquer forma, a rivalidade EUA-China evidencia uma nova dinâmica estrutural no cenário internacional, que leva diversos analistas a categorizá-la como uma “nova guerra fria.”

Segundo o analista Alan Dupont, “existem seis paralelos claros com a Guerra Fria. A rivalidade EUA-China é entre os dois países mais poderosos do mundo, um uma democracia liberal e o outro comunista. Segundo, essa é uma disputa por supremacia sobre o sistema internacional. Terceiro, é também sobre valores e poder. Quarto, será uma batalha por ascensão global que durará décadas. Quinto, uma bifurcação geopolítica do mundo é provável. E sexto, nenhum dos lados quer um conflito militar direto.”

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No entanto, apesar do potencial deste conflito de redefinir a política internacional, a promoção da paz exige mais um paralelo com a guerra fria. Esta é, a prevalência da diplomacia como o principal veículo de moderação das tensões entre os dois países, deve, assim como na Guerra Fria, ser enfatizada. 

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