Iberia à beira de um crash

Roberta Namour, da Espanha – Check-in feito. O avião da Ibéria de Santander em direção à Madri decolaria em uma hora. Isso se a tripulação tivesse aparecido. Os vôos de outras companhias saem no horário previsto. Tempos depois, dois homens e uma mulher uniformizados aparecem tranquilos, com sanduíches na mão. "Pedimos desculpas aos passageiros pela excepcional demora", disseram ao finalmente embarcarmos.

Aeroporto de Barajas, em Madri. Na tela de embarque, ao menos cinquenta vôos confirmados e seis anulados ou atrasados. Todos da Ibéria. Depois de uma hora de espera, o portão de embarque finalmente é divulgado, com 12 minutos de caminhada até o local indicado. Mas o avião em direção a Paris não vai sair dali. O portão mudou novamente, instantes antes do horário previsto para a decolagem. Do gate H4 mudou para K86, ou seja, quase a 20 minutos andando.

Enquanto corro pelos corredores do aeroporto me dei conta de que eu não era a única nessa situação. A minha volta, idosos, pais com crianças e mil sacolas, e mais vários outros passageiros corriam por todos os lados. Ao chegar finalmente no K86, um francês de terno, enxugando o suor do rosto, fala ao telefone. "Se eu contasse o que me aconteceu nesses últimos dias, ninguém acreditaria. A Ibéria é a pior companhia do mundo. Se puder evitar, não voe de Ibéria", disse.

Qual o problema desta vez? A coitada da funcionária da empresa teve de ouvir todas as ofensas de clientes exaustos que passaram pela patética situação da corrida maluca pelo gigante aeroporto de Madri. "Pedimos desculpas pelo inconveniente causado, mas estamos com problemas de logística pontuais", tentava se justificar.

Mas a verdade é que atrasados e cancelamentos de vôos da Ibéria tem sido uma constante na Espanha. A companhia aérea está à beira de um crash. A lista de pilotos suplentes, para substituir os titulares cansados, está quase vazia. Sempre negando a existência de uma greve de funcionários, a Ibéria demostra claramente um grave problema de falta de mão-de-obra. E quando a tripulação se apresenta, a imagem impecável dos comissários de borbo é substituída pela aparência abatida e desalinhada. Voar de Ibéria novamente, só quando a crise da Espanha ficar definitivamente para trás.