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Igor Fuser: decisão de Cristina Kirchner foi uma audácia política

Professor da UFABC, Igor Fuser, avalia em entrevista à TV 247 as consequências do anúncio de Cristina Kirchner de que se candidatará à vice-presidência da Argentina; "Foi um gesto de audácia política, criatividade e as próximas semanas vão dizer se foi um gesto de sabedoria política", disse; assista

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247 - O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Igor Fuser falou à TV 247 e analisou que a decisão da ex-presidenta argentina Cristina Kirchner de se candidatar à vice-presidência em outubro deste ano foi uma "jogada surpreendente". Segundo ele, Alberto Fernández, que será o cabeça de chapa, é um candidato mais ao centro, que pode promover um governo de conciliação. Fuser também comenta que Bolsonaro é anti cabo eleitoral do atual presidente argentino e provável candidato à reeleição, Mauricio Macri.

Para o professor, a candidatura de Cristina Kirchner à vice-presidência deixa Macri sem saber o que fazer. "É uma jogada política surpreendente da ex-presidenta Cristina Kirchner, se candidata a vice-presidenta e não a presidenta, sendo que ela é a favorita nas eleições. Essa jogada pegou ali desprevenido todo o cenário político argentino, a turma do governo, do Macri, não sabe o que faz para se contrapor a isso e existem vários elementos que indicam que foi um lance bastante inteligente da parte da Cristina Kirchner. Foi um gesto de audácia política, criatividade e as próximas semanas vão dizer se foi um gesto de sabedoria política".

Cristina Kirchner responde a processos na Argentina e isso, para Igor Fuser, poderia levar a campanha eleitoral para o lado das 'picuinhas', descentralizando o debate de questões realmente importantes para o país caso a ex-presidenta assumisse o protagonismo da chapa. "O risco que se corria na Argentina era o seguinte: um país com a inflação descontrolada, miséria crescente, desemprego crescente, recessão, crise econômica em todos os aspectos, em vez de discutir essas questões, que são realmente vitais para o país, o risco era que a campanha eleitoral ficasse em torno das acusações contra a Cristina, dos detalhes, dos testemunhos, das delações premiadas e das fake news. A Cristina ficando em uma posição secundária nas eleições como candidata a vice facilita em que as eleições se concentrem na discussão da situação política, econômica e social do país e não nas picuinhas e nas particularidades das ações contra a Cristina".

Igor Fuser acredita que, pelo fato de Alberto Fernández, que é ex-chefe de gabinete de Cristina e Néstor Kirchner, seu marido falecido em 2010, ter uma posição mais ao centro do espectro político, a aliança pode trazer mais votos para os dois. "Ao tomar essa atitude, ela mostra uma visão muito realista sobre o cenário das eleições argentinas, um cenário que permanece incerto. Esse favoritismo da Cristina nas pesquisas é algo que ainda dependeria, caso ela fosse candidata a presidenta, de uma série de fatores imponderáveis. O próprio campo político do qual ela faz parte, o Peronismo, é um campo profundamente dividido. Ao colocar como candidato a presidente o Alberto Fernández, ela estende pontes, sinaliza a possibilidade de agregar certos setores no centro do cenário político argentino, que dificilmente apoiariam a Cristina. O Peronismo é um campo que tem uma esquerda, um centro e uma direita. Ao colocar o Alberto Fernández como candidato a presidente, setores de centro vão ter mais facilidade de apoiar essa chapa. Alberto Fernández não é um kirchnerista, ele foi chefe de gabinete no governo do Néstor Kirchner e da Cristina, mas é um político de centro, não tem esse perfil de esquerda como tem a Cristina, isso facilita as coisas".

O professor afirmou que o governo de Fernández não seria de esquerda, mas teria atuação significativa de forças progressistas. "A candidatura do Alberto Fernández vem acompanhada de uma proposta de um pacto social, de um acordo com o empresariado argentino para fazer frente a crise em uma nova perspectiva, que não é a perspectiva do neoliberalismo do Macri, é um outro rumo para a Argentina, mas também não é uma Argentina com governo de esquerda, um governo de conciliação, mas com a presença decisiva de forças progressistas". Ele salienta que este governo não seria o ideal para a esquerda, porém, é capaz de salvar o país da lama. "Não seria a alternativa dos sonhos de quem luta pela emancipação social, mas é a alternativa que parece viável para tirar o país do atoleiro em que essa direita neoliberal o colocou".

Para o professor, o apoio dado a Macri pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, apenas prejudica o presidente argentino. Bolsonaro funciona com anti cabo eleitoral do presidente argentino e ainda um "leproso mundial", observou. "O Bolsonaro é um anti cabo eleitoral para o Macri. Quando alguém na Argentina fala que o Macri tem apoio do Bolsonaro, na mesma hora os partidários do Macri dizem: 'não, nada disso, não queremos nada com Bolsonaro, deixa essa palavra longe daqui, nós somos outra coisa'. O Bolsonaro, em relação ao Macri, é o beijo da morte. Cada vez que o Bolsonaro fala que é a favor do Macri ele ajuda o seu aliado a ir mais para o fundo do poço. Bolsonaro é um leproso mundial, ninguém quer ter nada a ver. A extrema-direita da França, Marine Le Pen, já falou que ela não tem nada a ver, que a proposta dela é diferente da do Bolsonaro. Bolsonaro hoje é um vilão internacional, uma figura execrada de "A" a "Z" do espectro político, chegamos a esse ponto".

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